Esportes

Justiça determina aos quatro grandes clubes do RJ jogos com torcida única

Pedido de liminar havia sido feito pelo Ministério Público, diante dos inúmeros casos de violência no futebol

Por Agência Brasil 18/02/2017 15h46
Justiça determina aos quatro grandes clubes do RJ jogos com torcida única
Reprodução - Foto: Assessoria

A morte do torcedor botafoguense Diego Silva dos Santos, no último dia 12, antes da partida entre Botafogo e Flamengo, foi a gota d´água para a Justiça proibir a presença de torcida adversária nos jogos estaduais do Rio. A determinação foi divulgada nesta sexta-feira (17), em caráter liminar, pelo juiz Guilherme Schilling Polo Duarte, do Juizado Especial do Torcedor e dos Grandes Eventos.

Caso os clubes e a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) descumpram a determinação, deverão pagar multa de R$ 30 mil diários.

O pedido de liminar havia sido feito pelo Ministério Público, diante dos inúmeros casos de violência no futebol. A ação tem como réus Flamengo, Vasco, Botafogo, Fluminense e Ferj. “Defiro a liminar... sendo autorizada a comercialização de ingressos apenas para a torcida do time mandante do jogo”, escreveu o magistrado em sua decisão.

O juiz utilizou dados de pesquisas – inclusive uma da Universidade de São Paulo - que mostram a crescente violência entre torcedores, com mais de 100 mortes em duas décadas. “O quadro de crescente violência nos estádios e suas cercanias é alarmante e de conhecimento público... Os resultados mostram que durante 20 anos ocorreram 133 mortes de torcedores brasileiros, vítimas de enfrentamentos entre torcidas e acidentes em estádios,” justificou o magistrado.

Ainda de acordo com o juiz, apenas de 2007 a 2011 foram registrados 73 óbitos, cerca de 54% do total. Para ele, a morte de Diego, no clássico realizado no Engenhão, foi um exemplo de barbárie, incentivada pela facilitação às torcidas organizadas. “O homicídio de Diego foi o de número 177 envolvendo brigas de torcidas nos últimos 17 anos, tal como ressaltado pelo Ministério Público em sua inicial,” argumentou o magistrado Guilherme Duarte na sua decisão.

Ferj responde

A Ferj respondeu em nota e disse quer irá cumprir a determinação judicial, enquanto esta estiver valendo. "Vamos cumprir enquanto a decisão estiver prevalecendo. Entretanto, continuamos com a opinião de que não é isso efetivamente que vai influir na violência nos estádios. No interior, a prevalência e a incidência de atos violentos são insignificantes estatisticamente. O grande problema está fora dos estádios, às vezes até a quilômetros de distância, onde acontecem atos de vandalismo."

"A solução efetiva e eficiente deve sair de um entendimento com os envolvidos. Não só o Judiciário. Mas Polícia Militar, Polícia Civil, Guarda Municipal, clubes, com todas as pessoas envolvidas no planejamento para ver se conseguimos reduzir o risco. Há muitos anos a Ferj luta pela paz no futebol. Já fizemos inúmeras reuniões sobre o assunto, debatemos inclusive no Tribunal de Justiça, que tem uma comissão constituída para o assunto. Mas de qualquer forma é uma decisão judicial e vamos cumprir incontestavelmente no momento."