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June Lockhart, a mãe de 'Perdidos no Espaço', morre aos 100 anos
Ícone da década de 1960, atriz faleceu em sua casa em Santa Monica, Califórnia, na quinta-feira
A atriz June Lockhart, que ficou famosa por seus papéis em séries icônicas como “Lassie” e “Perdidos no Espaço”, morreu na quinta-feira (23/10) aos 100 anos. A notícia foi confirmada pela família, que anunciou que ela faleceu de causas naturais em sua residência em Santa Monica, Califórnia. A matriarca da televisão americana, conhecida por seus papéis de mães fortes, inteligentes e carinhosas, deixa um legado duradouro na indústria do entretenimento.
Filha de artistas que se conheceram por Thomas Edison
June Lockhart nasceu em 25 de junho de 1925, em Nova York, e o mês do nascimento acabou virando seu nome. Ela era filha de atores famosos. Gene Lockhart, conhecido por filmes como “Jejum de Amor” (1940) e “De Ilusão Também se Vive” (1947), foi indicado ao Oscar por “Argélia (1938), e sua mãe Kathleen Lockhart também teve uma carreira consolidada em Hollywood. Os dois se conheceram durante a promoção do fonógrafo, invenção de Thomas Edison, que foi lançado com uma música composta por Gene. A atriz costumava dizer, com bom humor, que se sentia “uma das boas ideias de Edison”.
Seus pais apareceram juntos como marido e mulher no filme “Noite de Natal” (1938), que marcou a estreia de June no cinema, aos 13 anos, como uma de suas filhas.
A partir daí, ela fez vários filmes em papéis de adolescente, incluindo clássicos como “Tudo Isto e o Céu Também” (1940), ao lado de Bette Davis, como a irmã de Gary Cooper em “Sargento York” (1941), a rival de Judy Garland em “Agora Seremos Felizes” (1944) e como uma mulher convencida de que é um monstro no filme de terror da Universal “A Fera de Londres” (1946).
A filha de Gene e Kathellen Lockart também esteve presente em produções no teatro, virando uma das grandes estrelas da Broadway com sua performance em “For Love or Money” (1947), que lhe rendeu um Tony Award. Mas, ironicamente, o que acabou chamando atenção na indústria do entretenimento foi sua participação num papel secundário no drama “O Filho de Lassie” (1945), pelo qual foi lembrada anos depois, em sua transição para a TV.
O impacto de “Lassie”
Ela começou a aparecer na TV nos anos 1950, participando de vários teleteatros e do boom das séries de faroeste da época – chegou a ter um papel recorrente em “Paladino do Oeste”. Quando a franquia “Lassie” foi transformada em série, os produtores a convidaram para o papel de adulto principal da trama, mas ela recusou por querer tentar voltar ao cinema. Entretanto, em 1958, quando Cloris Leachman abandonou a produção, ela aceitou assumir o papel de Ruth Martin, mãe adotiva do pequeno Timmy.
Com isso, a atriz se tornou uma das figuras mais reconhecidas da televisão americana. Em seu papel como uma mulher que luta para manter a fazenda da família e cuidar de seu filho, Lockhart conquistou o carinho do público. A série se tornou um marco na história da TV e a atriz ficou conhecida como a “mãe de Lassie”.
Durante sua participação, ela foi indicada ao Emmy em 1959 e estrelou um filme derivado, “A Grande Aventura de Lassie”, em 1963.
O sucesso foi interrompido quando os produtores resolveram mudar os rumos do programa. O intérprete de Timmy, Jon Provost, já tinha entrado na adolescência e a decisão foi por eliminar a família – que foi morar na Austrália e precisou deixar Lassie para trás. O cachorro passou então a viver aventuras ao lado de um guarda florestal. E June Lockart se viu de volta às participações semanais na TV – em séries como “A Feiticeira” e “O Agente da UNCLE”.
A mãe de “Perdidos no Espaço”
Após aparecer num episódio de “Viagem ao Fundo do Mar”, a atriz foi convidada pelo produtor Irwin Allen a estrelar sua próxima produção sci-fi, no papel da Dra. Maureen Robinson, cientista e mãe de família da famosa série “Perdidos no Espaço”. Lançada em 1965, a série se tornou um clássico televisivo, consolidando ainda mais a imagem de June Lockhart como grande matriarca da TV americana.
No programa, a atriz interpretava a esposa do professor John Robinson (Guy Williams), uma botânica e química renomada, além de mãe de três filhos que eram parte de uma missão pioneira de colonização espacial. A primeira família no espaço acabou se perdendo por conta de um sabotador inesperado a bordo, o infame Dr. Zachary Smith (Jonathan Harris).
Embora tenha durado apenas três temporadas, entre 1965 e 1968, “Perdidos no Espaço” durou muito mais no imaginário popular, graças às reprises que se estenderam por décadas, fortificando seu lugar entre as produções sci-fi mais lembradas da televisão. A atração original inspirou quadrinhos, um filme em 1998 e uma nova série da Netflix em 2018. Lockart participou como convidada da adaptação cinematográfica, no papel da Professora Cartwright, e dublou a voz do Controle Alpha ouvida no lançamento de streaming.
Últimos papéis de destaque
Após o fim de “Perdidos no Espaço”, June teve mais um papel significativo: ela entrou no sitcom “Petticoat Junction” após a morte da protagonista Bea Benaderet, interpretando a médica Dra. Janet Grey, que se torna uma figura maternal para as filhas órfãs que herdam o hotel onde a trama se passava. Sua participação durou duas temporadas, entre 1968 e 1970, quando a atração foi cancelada.
Depois disso, dublou a protagonista da série animada “Vovô Viu a Uva” (1974), da Hanna-Barbera, e teve diversas aparições recorrentes na TV: como a matriarca Maria Ramirez na novela “General Hospital”, a mãe de Ryan Stiles em “The Drew Carey Show”, a professora de jardim de infância das meninas Tanner em “Três É Demais”, a avó de Tori Spelling em “Barrados no Baile” e até uma paciente em “Grey’s Anatomy”.
Da sci-fi para a NASA
Após sua participação em “Perdidos no Espaço”, a atriz desenvolveu uma verdadeira paixão por tudo relacionado ao espaço. O amor foi recíproco, pois a NASA a convidou para participar de vários eventos do programa espacial americano. Em reconhecimento a sua inspiração como primeira mãe da ficção no espaço, ela recebeu da agência em 2013 a Medalha de Realização Pública Excepcional. Além disso, também teve um papel curioso nas missões espaciais, ao lembrar que a canção “The World Is Waiting for the Sunrise”, composta por seu pai, foi a primeira música tocada por um aparelho eletrônico – o fonógrafo de Edison – , o que inspirou a NASA a usá-la como despertador para os astronautas do ônibus espacial Columbia.
Em nota, sua filha Anne Lockhart, também atriz e conhecida por sua atuação em “Battlestar Galactica”, comentou o impacto que sua mãe teve em sua vida. “Mamãe sempre considerou a atuação como sua profissão, mas suas verdadeiras paixões eram o jornalismo, a política, a ciência e a NASA. Ela adorava saber que inspirou futuros astronautas, e isso foi mais importante para ela do que todas as centenas de papéis que fez na TV e no cinema.”
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