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'Capitão América: Admirável Mundo Novo' volta às raízes, para o bem e para o mal
Filme reafirma posição de Sam Wilson como novo protetor dos EUA — e do mundo

Depois dos últimos cinco anos de MCU, é natural que as novas apostas do estúdio sejam recebidas com uma dose saudável de desconfiança. Na infame Fase 4, a Marvel dissolveu sua fórmula indo do sitcom ao épico bíblico, slashers no meio. Quase nenhuma dessas empreitadas funcionou como desejado, forçando a empresa a recalcular sua rota e, inevitavelmente, retornar às origens. Assim nasceu Capitão América: Admirável Mundo Novo, quarto filme do herói e primeiro com Sam Wilson (Anthony Mackie) no posto.
Como visto na série Falcão e Soldado Invernal, Wilson assumiu o manto de novo Capitão do MCU após superar muitos obstáculos e rejeição por parte da população. Agora, encontramos o herói já estabelecido em sua posição. Ao lado de seu novo braço direito, e sucessor como Falcão, Danny Ramirez, ele enfrenta a misteriosa organização por trás do roubo de um carregamento de Adamantium refinado — a ponta do iceberg da verdadeira trama.
Durante a operação, encontramos com a genial atuação de Giancarlo Esposito, que interpreta o Coral, líder da Serpente, uma coligação criminosa bem articulada e capaz de executar crimes de impacto mundial. Experiente como vilão na TV americana, Esposito dá um tom só seu para o novo filme, elevando os momentos de tensão de tal forma que mal notamos sua lente de contato azul extremamente questionável.
Os mesmos elogios podem ser dados a Harrison Ford. Um dos maiores nomes da cultura pop mundial, o veterano chega ao MCU como o novo rosto do general Thaddeus “Thunderbolt” Ross, originalmente interpretado pelo saudoso William Hurt. Sem o tradicional bigode do personagem, Ford molda sua própria versão do papel — entregando muita verdade em seus textos e conferindo um ar mais imponente ao personagem, agora na presidência dos Estados Unidos.
Resta para Anthony Mackie o trabalho de restabelecer a imagem do Capitão América e mostrar-se capaz de liderar as próximas gerações da Marvel. Sem poderes, mutações ou soros de supersoldado, Sam Wilson é um homem comum (com um traje especial e asas de vibranium). Apesar da experiência militar e dos vários estilos de luta que domina, ele não possui um corpo capaz de encarar um inimigo como o Hulk Vermelho — e para crédito do filme, isso é refletido pelo próprio protagonista.
Não possuir poderes se torna a maior qualidade de seu personagem. Sam Wilson não é uma cópia de Steve Rogers. Dessa vez, o Capitão é mais humano do que nunca, com sentimentos universais em suas falas e ações. Além disso, o personagem ganha com uma nova missão além das telas; ser o símbolo da representatividade no primeiro escalão de heróis do estúdio após a perda de Chadwick Boseman, o Pantera Negra dos cinemas.
Apesar de tantos novos elementos na mesa, Admirável Mundo Novo é mais raiz do que nunca, lembrando os áureos tempos do primeiro Homem de Ferro e, claro, O Incrível Hulk. A produção foca no thriller político internacional enquanto o protagonista tenta solucionar um mistério aparentemente impossível.
Entre uma descoberta e outra, o novo Capitão América entrega excelentes cenas de luta. Sem magia ou festival de lasers, os combates focam na coreografia e entregam o que a Marvel sabe fazer de melhor: ação. Os momentos em que o protagonista parte para salvar o dia são o ponto alto da produção, quando vemos os melhores jogos de câmera e coreografias do diretor e co-roteirista Julius Onah.
Já os efeitos, por outro lado, não estão entre os melhores do estúdio, mas ainda seguem o padrão de qualidade dos longas isolados — que não encerram as grandes sagas. O Hulk Vermelho se beneficia da vasta experiência com o modelo 3D da versão esmeralda de Bruce Benner, mas as grandes explosões e até mesmo as maquiagens não são lá tão impressionantes.
Tudo isso é envolvido num roteiro pouco impactante, cheio de jargões e frases feitas — como um filme de quadrinho deve ser — e não vemos nenhuma reviravolta ou grande desafio que exija muito dos atores. Mas considerando que esse filme foi reescrito tantas vezes, talvez seja melhor assim. Claro, voltar às origens do estúdio também significa uma fórmula repetida, sem grandes saltos ou riscos. E talvez seja isso que o fã deseje.
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