Entretenimento
Cineasta iraniano diz que vai boicotar Oscar em protesto contra Trump
Indicado à estatueta de melhor filme estrangeiro por "O apartamento", Asghar Farhadi criticou restrição a estrangeiros nos EUA
O cineasta iraniano Asghar Farhadi, indicado ao Oscar de melhor filme em língua estrangeira por "O apartamento", anunciou neste domingo (29) que não vai comparecer ao Oscar 2017, em protesto contra as restrições de entrada aos Estados Unidos impostas pelo presidente Donald Trump.
De acordo com um comunicado divulgado por agências de notícias iranianas, Farhadi esperava comparecer à cerimônia, marcada para 26 de fevereiro. Mas os planos mudaram em razão dos decretos adotados na sexta-feira (28) pelo governo Trump para barrar o ingresso em território americano de cidadãos de Irã, Síria, Iêmen, Líbia, Iraque, Somália e Sudão.
"Minha intenção não era não assistir à cerimônia ou boicotá-la para mostrar minhas objeções [à política de Trump], pois sei que muita gente da indústria americana do cinema e da Academia de Artes e Ciências do Cinema se opõem ao fanatismo e ao extremismo que reinam mais do que nunca hoje em dia", explicou o cineasta.
E acrescentou: "Mas agora parece que inclusive a possibilidade da minha presença ali dependeria de 'sins ' de 'poréns', algo que não considero aceitável, embora quisessem fazer uma exceção com a minha viagem".
Em 2012, de Asghar Farhadi ganhou o Oscar de melhor filme em língua estrangeira por "A separação".
Farhadi, cujos filmes são considerados uma ponte entre o Irã e os Estados Unidos, lamentou que os defensores de uma linha dura nos dois países ajam com a mesma mentalidade.
"Durante anos, dos dois lados do oceano, grupos de gente, adeptos de uma linha dura, têm tentado apresentar ao seu povo imagens pouco realistas de gente de outras culturas para que as diferenças se transformem em desavenças; as desavenças, em inimizades; e as inimizades, em medos", lamentou.
"Insuflar o medo no outro é um dos meios preferidos para justificar comportamentos extremistas e fanáticos por gente fechada.".
O presidente americano, Donald Trump, justificou o decreto em questão, afirmando que os países afetados pela medida, de maioria muçulmana, são viveiros de "terroristas radicais".
A atriz principal de "O apartamento", a iraniana Taraneh Alidoosti, já tinha anunciado por que boicotará a cerimônia em Hollywood para protestar contra as medidas "racistas" do presidente americano.
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