Em um mundo cada vez mais digital e acelerado, a infância muitas vezes se vê aprisionada entre telas e brinquedos industrializados. Pensando em resgatar a simplicidade e o valor do brincar, surgiu o guia de brincadeiras sustentáveis “Vem Brincar com a Gente”, idealizado por Ana Paula Santos, técnica pedagógica da Secretaria Municipal de Educação de Maceió(Semed).

Com lançamento marcado para a Bienal Internacional do Livro, na manhã do dia 6 de novembro, o material reúne 50 brincadeiras sustentáveis voltadas para crianças de 1 a 3 anos. As atividades estimulam a imaginação, desenvolvem a coordenação motora e a percepção sensorial, e contribuem para a formação de vínculos seguros.

Além disso, valorizam o reaproveitamento de materiais como papelão, tampinhas, potes e tecidos, estimulando a imaginação e o cuidado com o meio ambiente. Um dos jogos propostos, por exemplo, envolve uma caixa de ovos e tampinhas de garrafa: as tampinhas são distribuídas na bandeja da caixa, e o desafio é criar padrões de cores e enfileirá-las, desenvolvendo coordenação, percepção e criatividade.

A técnica pedagógica explica que o guia nasceu da observação de algo muito simples, mas essencial: “As crianças precisam brincar, e os adultos muitas vezes não sabem por onde começar. Eu quis transformar minha experiência com a Educação Infantil e a maternidade em um guia prático e afetivo, que despertasse o olhar do adulto para o valor do brincar como parte da vida, não como um intervalo dela”.

Ela também destaca a importância de estimular um brincar consciente: “Olhar nos olhos, rir juntos, sujar as mãos e descobrir o mundo com curiosidade. O guia busca incentivar atividades que aproximam, que despertam a imaginação e substituem o tempo passivo das telas por experiências reais. Cada proposta foi pensada para favorecer o tempo de qualidade e o vínculo afetivo entre adultos e crianças, algo que, sinceramente, não tem preço”.

Inspiração

Ana Paula revela que foram os desafios da maternidade que serviram de maior inspiração para o livro, desenvolvido entre os anos de 2021 e 2022 enquanto acompanhava o crescimento das próprias filhas.

“Comecei a imaginar o quanto outras mulheres poderiam estar enfrentando os mesmos ou desafios piores que os meus. O fato de estar na educação e de estudar sobre o desenvolvimento humano, sobretudo o desenvolvimento infantil, era como se tivesse uma vantagem. Diante disso, me senti na responsabilidade de orientar outras mães e todas as pessoas que convivem com crianças pequenas”, explicou.

Ela também revela planos para expandir o projeto: “Já estou trabalhando em novas propostas que ampliam o olhar sobre o brincar, incluindo a afetividade e a importância do desenvolvimento integral das crianças. Iniciei a elaboração do volume dois, que trará experiências com crianças de quatro a seis anos e também com bebês. Desejo levar o projeto para formações com professoras e famílias, incentivando uma cultura do brincar que una aprendizado, sustentabilidade e afetividade”.