A Busca Ativa tem se consolidado como uma importante ferramenta de combate à evasão escolar na rede pública municipal de ensino da capital alagoana. O trabalho é desenvolvido com a identificação de crianças e adolescentes que, por diversos motivos, deixam de frequentar a sala de aula.

Para monitorar a frequência dos alunos, a plataforma Busca Ativa Escolar permite às escolas municipais acompanhar a frequência dos alunos e identificar as possíveis causas de ausência. Um dos principais objetivos é garantir a permanência e o desenvolvimento dos estudantes em sala de aula.

A ação é executada pela Secretaria de Educação de Maceió (Semed), em conjunto com as secretarias municipais de Saúde e Desenvolvimento Social, fruto da parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Associação de Defesa da Educação, Saúde e Assistência Social.

O trabalho reúne uma equipe multidisciplinar articulada por meio de um Comitê Interinstitucional, envolvendo profissionais das áreas de educação, saúde e assistência social. A subsecretária de Gestão Pedagógica da Semed, Juliana Cahet, explica que quando um aluno deixa de comparecer às aulas, o sistema identifica como risco de evasão.

Ainda de acordo com Juliana, a metodologia tem demonstrado resultados positivos e vai além do simples retorno escolar. “Buscar o estudante é muito mais do que trazê-lo de volta à escola. É resgatar uma vida”, afirma.

Atualmente, equipes especializadas atuam em oito regionais do município de Maceió, priorizando áreas com maior vulnerabilidade social e índices altos de evasão escolar. O trabalho conta com visitas às famílias, contato com os conselhos tutelares e articulações com outros órgãos para investigar os motivos da ausência e encontrar soluções que permitam o retorno do aluno à sala de aula.

A meta da Semed é instalar a plataforma Busca Ativa em todas as 157 unidades escolares da rede pública municipal de ensino até dezembro de 2025. A subsecretária também destaca que com a ampliação da cobertura da plataforma, o fortalecimento das ações intersetoriais, e construção de políticas públicas eficazes, a Prefeitura de Maceió tem combatido a evasão escolar garantindo a permanência dos estudantes nas salas de aula.

Escuta ativa

A Escola Municipal Jaime Amorim Miranda conta com uma equipe multidisciplinar formada por direção, psicóloga, coordenação pedagógica, assistente social e membros da comunidade escolar, que atuam de forma direta com a plataforma Busca Ativa Escolar.

A diretora escolar destaca a importância da escuta ativa no processo. Segundo ela, ouvir os professores sobre a ausência dos alunos e conversar com os próprios estudantes sobre a falta de colegas facilita e complementa o trabalho desenvolvido. “Quando identificamos uma ausência, entramos em contato com a secretaria da escola e com a equipe multidisciplinar, que começa a traçar estratégias para ir em busca dessa criança, seja visitando sua residência ou dialogando com a família”, relata Laudicéa Vianei.

A diretora ainda revela a importância da iniciativa que conquistou a credibilidade dos profissionais e comunidade escolar. “O projeto tem uma grande relevância, principalmente porque nossa escola está localizada em uma área periférica e lidamos com diversos fatores. Por exemplo, muitas vezes temos faltas injustificadas por questões médicas, carência da própria família, necessidade dos pais de trabalharem e, por isso, não conseguem acompanhar se o aluno está frequentando ou não a escola, entre outras situações”, ressalta.

Com um total de 800 alunos matriculados do 6º ao 9º anos do Ensino Fundamental, a escola registra uma média de 30 a 50 casos de ausências relevantes por mês. “Nosso dever, nosso compromisso é buscar esses estudantes, e isso está, de fato, acontecendo aqui na escola, graças a Deus”, enfatiza Laudicéa.

Redução da evasão escolar

A assistente social da Escola Municipal Jaime Amorim Miranda, Taciana Martins, diz que a plataforma da Busca Ativa Escolar permite mensurar todo o trabalho desenvolvido em prol da permanência do aluno na sala de aula, além de identificar, por exemplo, os casos de falta de comparecimento escolar, abandono e desistência.

“Quando insiro na plataforma todos os casos de infrequência, ela me possibilita perceber se o problema está relacionado à política de educação ou se será necessário articular com as políticas de assistência social ou de saúde”, pontua Taciana.

Para ela, o principal objetivo da Busca Ativa vai além da sala de aula. “Não se trata apenas de educação, mas de promover crescimento social, emocional, cultural, político e econômico, além de incentivar o prazer de estar na escola”, frisa a assistente social.

“Estar na escola e assistir às aulas é muito importante. Digo isso porque a infrequência não é uma causa, é uma consequência. É algo mais complexo. A plataforma me proporciona essa visualização”, complementa Taciana.

Taciana explica que, ao mapear os dados com a ajuda da plataforma e com o trabalho multidisciplinar, é possível perceber uma redução na evasão escolar. “É perceptível a diminuição das ausências, porque os gráficos permitem identificar dados que se comunicam. A partir do feedback dos professores, também conseguimos ter essa percepção”, conta.

A assistente social cita um caso prático como a ausência de um aluno motivada pelo falecimento do pai. Segundo Taciana, o estudante, que era assíduo e tranquilo, deixou de frequentar a escola, o que causou estranhamento por parte dos professores. A partir da notificação da ausência, foi possível compreender a situação e encaminhar o jovem para acompanhamento psicoterapêutico.

“A causa da infrequência está muitas vezes no contexto social, cultural e familiar. A plataforma da Busca Ativa permite essa compreensão da realidade e das situações pelas quais os estudantes estão passando”, conclui.