Educação
Esforço, dedicação e inspiração de professores marcam trajetória de medalhistas olímpicos
“Eu me esforcei muito para estar aqui. E tê-la, finalmente, em minhas mãos, é uma sensação única”. As palavras da estudante Cláudia Manuelly Soares Santos refletem um ano de foco e abnegação em busca de um sonho: a conquista de uma medalha na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP).
O esforço de Claudia valeu a pena. Ela foi uma dentre os 25 estudantes da rede estadual premiados na cerimônia de entrega de medalhas da competição, realizada nesta quarta-feira (20) no Auditório da Reitoria da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).
Provenientes de todas as regiões de Alagoas, os 25 medalhistas compartilham não só a paixão pelos números, mas o desejo de, a partir deste mundo olímpico, ter acesso a uma série de oportunidades que incluem bolsas de estudo, novos conhecimentos e ingresso em algumas das melhores universidades do país. E, para isso, contam, além do seu talento, com o apoio incondicional de professores, família e escola.
Prata
Cláudia, Mariana Lins e Nicolas Lima são os três alunos da rede estadual que conquistaram medalha de prata. Segundo dados da coordenação estadual da OBMEP, para conseguir esta premiação, cada um deles superou outros nove mil estudantes inscritos na competição em todo o Brasil.
De União dos Palmares, Nicolas já havia sido medalhista de bronze em 2021 e conta que a olimpíada lhe apresentou um mundo novo. “Graças à OBMEP, fiz novos amigos e entrei no Programa de Iniciação Científica, o PIC”, revelou. Seu segredo para conquistar uma medalha: estudo e dedicação. “É difícil, mas, ao mesmo tempo, é simples”, resume Nicolas, aluno da Escola Estadual Dr. Jorge de Lima.
Com uma vasta coleção de medalhas de várias olimpíadas, a arapiraquense Cláudia, do Colégio Tiradentes da Polícia Militar (CPM) – Unidade Agreste e a maceioense Mariana, da Escola Estadual Fernandes Lima, têm algo em comum: a inspiração de seus irmãos Cláudio Matheus e Mayara, que também foram medalhistas da OBMEP.
“Quando vi a Mayara ser medalhista de prata em 2021, eu desejei o mesmo pra mim. E, um ano depois, eu consegui. Sou muito grata à minha irmã e aos meus professores, em especial o professor Geraldo, por sempre me incentivarem”, recorda Mariana.
“O Cláudio é uma referência para mim, nós estudamos juntos e torcemos um pelo outro. O Colégio também foi essencial para que eu me interessasse pelo mundo olímpico. Os professores Messias, Thyerri, toda a equipe escolar nos apresenta conteúdos de forma diferenciada”, observa Cláudia.
Bronze
E falando em família, os irmãos Pedro e Paulo Vasconcelos, da Escola Estadual Ovídio Edgar, de Maceió, compartilham o mesmo amor pela matemática. Medalhistas de bronze, eles buscam “contagiar” seus colegas com a mesma paixão. E conseguiram.
“A OBMEP é uma olimpíada muito acessível e que traz muitas oportunidades. Na nossa escola, tivemos outros colegas que passaram para a segunda fase da olimpíada este ano”, comemora Paulo, aluno do 9º ano. “Este é um projeto incrível, que tem transformado as escolas e abre muitas portas. Recomendo a todos que participem”, complementa Pedro, estudante da 1ª série.
Também de Maceió, os medalhistas de bronze Henrique Braga Mesquita, da Escola Estadual Maria José Loureiro, e Clara Beatriz de Lima, da Escola Estadual Jornalista Raul Lima, falam que a conquista recompensa o esforço dedicado à competição. “Para estar aqui hoje, passei muito tempo estudando, tive perseverança. Pois sei que essa medalha vai agregar muito no meu futuro, ajudando inclusive no acesso à universidade”, vislumbra Clara. “Receber essa medalha é uma sensação muito boa e fico feliz de estar aqui homenageando também a Escola Maria José Loureiro”, fala Henrique.
Gerente de Desenvolvimento e Acompanhamento Pedagógico da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), Emanuele Kamila Souza representou a Secretaria de Estado da Educação na cerimônia de premiação. Ela lembrou sua trajetória pessoal como aluna do Instituto de Matemática da Ufal e disse aos estudantes medalhistas que o estudo deve ser sempre o seu foco.
“Fico particularmente emocionada de estar aqui, pois sou professora de matemática e fruto da Ufal. Aos medalhistas, peço que foquem sempre nos estudos para que, futuramente, voltem aqui como estudantes universitários.”
Professores
Orgulhosos pela conquista de seus estudantes, os professores Geraldo Ferreira, da Escola Estadual Fernandes Lima e Messias Antônio, do CPM Agreste, apontam os benefícios da olimpíada e a evolução apresentada pelas suas escolas nestes 18 anos de competição.
“Participamos desde a primeira edição, em 2006, e, de 2012 para cá, não houve um ano em que ficamos sem sermos premiados. Em 2022, tivemos nosso maior número de medalhistas, 3 ao total, com os bronzes de Nathaly e Alisson e com a Mariana trazendo nossa segunda prata, sendo a primeira a da sua irmã Mayara, em 2021. Também fomos, pela segunda vez, premiados como escola. Isso mostra que todo o trabalho, dedicação e engajamento valeram a pena”, afirma Geraldo.
Messias, por sua vez, conta que o resultado alcançado pelo Tiradentes Agreste é consequência de um trabalho de cinco anos e que envolve todos os professores. “Buscamos inserir em nossas aulas problemas das olimpíadas que são diferentes do conteúdo geralmente encontrado nos livros didáticos e que despertam o interesse do aluno. É uma matemática diferenciada que atrai o estudante, é como um bom livro que prende a sua atenção e que você não quer mais parar de ler”, pontua Messias.
Representando os diretores de escola presentes, o tenente-coronel Sidney Cunha, diretor do Tiradentes, exaltou a conquista dos medalhistas. “Estudei Engenharia na Ufal, fui professor de matemática e sei que a matemática não é fácil para muitas pessoas. Por isso, os medalhistas estão de parabéns”, elogiou.
Números
Dados repassados pela coordenação estadual da OBMEP mostram que, em 2022, a olimpíada teve 350 mil alunos de 859 escolas inscritas na olimpíada. Destes, 639 foram premiados, sendo 545 com Menções Honrosas e 94 com medalhas (2 ouros, 18 pratas e 74 bronzes). Pela rede estadual, foram 25 medalhas, sendo três de prata e 22 de bronze, além de oito escolas e dois professores.
De acordo com o coordenador estadual da OBMEP, Professor Adelailson Peixoto, do Instituto de Matemática da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), a olimpíada é mais do que uma competição, mas “um estender de mãos ao Sistema Educacional brasileiro”, com oportunidades tanto para estudantes como professores.
“Nossos 94 medalhistas recebem bolsas de R$ 300 mensais e participam do PIC, um programa de iniciação científica. Quando chegam ao ensino superior, podem concorrer ao Programa de Iniciação e Mestrado, o PICME. Já para os professores temos o programa de formação OBMEP na Escola”, informa.
Ele também destacou a melhora no desempenho de Alagoas na Olimpíada. “Para se ter ideia, em 2006, na primeira edição da OBMEP, tivemos 30 medalhistas e, em 2022, foram 94, com 70% dos municípios alagoanos tendo algum estudante premiado. E conquistar uma medalha ou Menção Honrosa não é fácil, pois, na segunda fase, estudantes de todo o Brasil competem entre si. E o que percebemos é que Alagoas é um dos estados que evoluiu, enquanto a maioria dos estados se manteve estável. Isso se deve às formações realizadas nos últimos anos e, neste sentido, agradeço o apoio das 13 Gerências Especiais de Educação que são grandes parceiras da OBMEP”, conclui Adelailson.
Próxima fase
Após a premiação dos medalhistas de 2022, o foco da OBMEP será a realização das provas da segunda fase da edição 2023, agendadas para o dia 7 de outubro. Além disso, escolas dos anos iniciais do ensino fundamental aplicarão as provas da OBMEP Mirim na próxima segunda-feira (28).
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