Educação
Pesquisa da Faculdade de Nutrição investiga saúde indígena em Alagoas
Equipe de pesquisadores vai visitar 18 comunidades, contemplando todas as 11 etnias existentes no estado
Pesquisadores da Faculdade de Nutrição (Fanut) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) estão visitando diversos municípios alagoanos para realizar o estudo Nutrição, Saúde e Segurança Alimentar de Indígenas de Alagoas (Enssaia). O trabalho tem por objetivo investigar as condições de nutrição, saúde e segurança alimentar dos povos indígenas e identificar fatores associados, possibilitando a avaliação e planejamento de ações para promoção da saúde articuladas com as reais necessidades desses povos.
O trabalho é coordenado pelos professores Haroldo Ferreira (Fanut/Ufal) e Marly Cardoso (FSP/USP), sendo realizado por meio de visitas domiciliares a 18 comunidades sorteadas, as quais contemplam todas as 11 etnias existentes em Alagoas (Aconã, Karapotó, Tingui-Botó, Kalankó, Koiunpanká, Geripankó, Karuazu, Katokinn, Kariri-Xokó, Xucuru-Kariri e Wassú).
A parte de campo da pesquisa foi iniciada em agosto de 2022. No momento, o trabalho foi concluído na comunidade Wassú-Cocal, localizada no município de Joaquim Gomes, e encontra-se em andamento na Katokinn, na cidade de Pariconha. A previsão é que em agosto de 2023 todas as 18 comunidades sorteadas tenham sido investigadas. Todos os indígenas residentes nos domicílios são elegíveis para o estudo.
Durante as visitas domiciliares, são realizadas medidas antropométricas, aferida a pressão arterial, coletas de sangue para dosagens bioquímicas e aplicados formulários específicos. Com essas informações, é possível aos pesquisadores caracterizar as famílias segundo as condições ambientais, demográficas, socioeconômicas e de acesso a programas sociais e de saúde e infraestrutura de serviços públicos. Também é descrito o estado nutricional dos indivíduos, práticas e ambientes alimentares.
De acordo com a coordenação do estudo, busca-se, ainda, estimar a prevalência e os fatores associados à insegurança alimentar e nutricional das famílias; conhecer as práticas de aleitamento materno e alimentação complementar das crianças menores de dois anos de idade; descrever a ocorrência do uso de tabaco, álcool e outras substâncias psicoativas; além de estimar, na população adulta, a prevalência e os fatores associados a transtornos mentais comuns (TMC) e doenças crônicas não transmissíveis (dislipidemias, diabetes mellitus, hipertensão arterial e síndrome metabólica).
Ferreira explica que, apesar de não ter iniciado a tabulação e análise dos dados já coletados, a alta frequência de mulheres com problemas de saúde mental, inclusive com ideação suicida, tem chamado a atenção dos pesquisadores.
“A expectativa é de que as informações produzidas no âmbito deste projeto fomentem uma maior mobilização e discussão sobre os problemas de nutrição, saúde e de insegurança alimentar dos povos originários, possibilitando maior articulação com o poder público em busca da garantia do direito humano à saúde e à alimentação adequada”, destaca o professor Haroldo Ferreira.
Seleção para ampliar a equipe de trabalho
A equipe de campo da pesquisa é composta por cinco alunos do doutorado do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS/ICBS/Ufal) e igual número de alunos do mestrado em Nutrição (Fanut).
“Esperamos ampliar essa equipe com novos alunos que estão em processo de seleção no PPGCS. Adicionalmente, estão sendo oferecidas quatro vagas no Mestrado em Nutrição por meio do edital que se encontra aberto com inscrições no período de 6 a 26 de fevereiro”, destaca o professor Haroldo.
Para mais detalhes sobre o processo seletivo, acesse https://fanut.ufal.br/pt-br/pos-graduacao/mestrado-em-nutricao/selecoes/mestrado/2023-vagas-remanescentes/edital-de-selecao-ppgnut-2023_remanescentes.pdf/view
O coordenador ressalta que a realização da pesquisa resultará na qualificação de diversos profissionais em nível de graduação (iniciação científica), mestrado e doutorado, além da publicação de, pelo menos, dez artigos científicos. “Todos esses aspectos, seguramente, darão maior visibilidade à problemática relacionada às iniquidades vivenciadas pelos povos indígenas. A expectativa geral é que a repercussão desse processo resulte em redução das vulnerabilidades existentes e incremento da qualidade de vida dos indígenas brasileiros e, em particular, dos alagoanos”, comenta.
O projeto Nutrição, Saúde e Segurança Alimentar de Indígenas de Alagoas (Enssaia) é financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Conta também com o apoio da Ufal por meio do transporte da equipe, dos órgãos de representação indígena (Conselho Distrital de Saúde Indígena - Condisi e Distrito Sanitário Especial Indígena - DSEI), dos agentes de saúde e coordenadoras das Unidades Básicas de Saúde dos Distritos Indígenas, dos respectivos caciques e pajés e, eventualmente, de algumas prefeituras municipais.
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