O mercado de trabalho possui um bom número de vagas para pessoas que possuem o nível médio, mas por outro lado, a educação básica ainda não possui uma cultura de preparar seus estudantes para assumir essas vagas. O instituto DataFolha publicou recentemente uma pesquisa, encomendada pela ONG Todos pela Educação, que apresenta um cenário no qual 98% dos estudantes da educação básica das escolas públicas concordam que deveria haver opções de formações voltadas a preparar para o mercado de trabalho.

Para Janaina Machado, gerente do Tiradentes Carreiras, núcleo de empregabilidade ligado ao Grupo Tiradentes, a escola prepara o aluno para seguir adiante com seu estudo e não para o mercado de trabalho. “Ele [o ensino médio] não prepara o aluno para começar a trabalhar. É um ensino que prepara a escolha do próximo passo da educação que pode ser um curso técnico, tecnológico ou superior. Isso porque o ensino médio tradicional não tem nenhuma disciplina prática que vai preparar esse aluno para o mercado de trabalho”, afirma.

Competências e habilidades que preparem esses alunos para o mercado de trabalho devem ser inseridas no dia a dia escolar, visto que 92% dos alunos entrevistados concordam que deveriam poder escolher áreas para aprofundar seus estudos. “Essa é uma maneira de fazer com que o aluno se conheça e faça a melhor escolha. Isso porque ele estimula seu autodesenvolvimento através da reflexão sobre suas necessidades. E é claro que o mercado de trabalho está incluso dentro desse projeto de vida porque a carreira profissional dele também vai ser pensada”, destaca.

A questão do trabalho chama atenção pela necessidade de se conseguir a independência financeira, que é o principal motivo para se lançar no mercado de trabalho, como dizem 71% dentre os que já trabalham e 70% entre os que ainda não trabalham. Quanto ao abandono escolar, 48% dos jovens consideraram a possibilidade de largar a escola poder trabalhar

A pesquisa mostra ainda que 65% dos alunos consideram como próximo passo em sua educação ir para o ensino superior, enquanto 22% consideram fazer uma formação técnica ou profissional. Esses dados se contrapõem aos apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no qual apenas 24% dos jovens com idades entre 18 e 24 anos têm acesso ao Ensino Superior.

Janaina Machado explica que a decisão de entrar no mercado de trabalho ou seguir para o próximo degrau da sua formação escolar, normalmente, é uma decisão vinculada à questão financeira. “Se a pessoa tem mais recursos, ela pode adiar essa entrada no mercado de trabalho. Porém, tem alguns alunos que preferem fazer o técnico primeiro e só depois fazer um curso superior, afirma.

Ao todo, foram entrevistados 7.798 estudantes do ensino médio da rede pública dos 26 estados brasileiros e do Distrito Federal. A publicação tem o objetivo de compreender como os jovens percebem sua escola e a educação por meio de um processo de escuta ativa e pesquisa de opinião. Os resultados possuem uma margem de erro de 2 pontos percentuais.