Educação

Escolas da rede estadual de Alagoas desenvolvem projetos de incentivo à leitura

Geladeira e carrinho de laboratório são utilizados para armazenar livros

Por Assessoria 22/04/2019 19h33
Escolas da rede estadual de Alagoas desenvolvem projetos de incentivo à leitura
Reprodução - Foto: Assessoria
Às vésperas do Dia Mundial do Livro, comemorado em 23 de abril, os projetos de incentivo à leitura se fortalecem na rede estadual de ensino. Em Maceió, duas unidades apostam em ideias para aguçar o interesse pela leitura e reciclar objetos. Trata-se das Escolas Estaduais Cincinato Pinto, no Bom Parto e Maria Rita Lyra de Almeida, no Trapiche, que, respectivamente, transformaram um antigo carrinho de laboratório e uma geladeira fora de uso para guardar parte de seu acervo literário, bibliográfico e como ferramenta para fomentar o gosto pelos livros entre alunos do 1o ao 5o ano do ensino fundamental. Há muitos anos, uma geladeira industrial quebrada ficava encostada em uma das paredes da Escola Maria Rita Lyra. Por ser muito pesada, a retirada do eletrodoméstico requeria transporte especial. Após assistir uma reportagem sobre “geladeiras literárias”, Chiara Campos, diretora da unidade, decorou o refrigerador para guardar livros duplicados e algumas doações que recebem. A Geladeira Literária foi implantada há três meses e atende aos 235 alunos da unidade, a comunidade do entorno e estudantes da Escola Estadual Tarcísio de Jesus, que fica em frente à instituição. “A ideia foi bem recebida, tanto pelos funcionários, quanto pelos pais – eles pegam emprestados, devolvem, trazem livros que têm em casa, mas que não estão sendo utilizados. Antes de colocarmos os livros na Geladeira, fazemos uma análise sobre os temas abordados e qual a faixa etária”, comentou a diretora. Chiara disse ainda que os próprios funcionários da escola também emprestam os livros da Geladeira Literária e ajudam com doações. A pequena Isabelly Eloise da Silva, aluna do 4º ano, já leu oito livros desde que a Geladeira Literária foi implantada. Surpreendida com a ideia, a estudante disse ter achado engraçado usarem uma geladeira para guardar livros. “Gosto de ler gibis, histórias em quadrinhos, contos de fada. Às vezes, leio na minha casa, levo os livros dali [da geladeira] para casa, ou então leio aqui na escola mesmo”, contou Isabelly. Um beija flor retorna às origens Em 2008, a então professora da Escola Estadual Cincinato Pinto, Ivanete Marques, criou com Mércia Sarmento o “Projeto Beija Flor”. Dez anos depois, com o apoio e parceria de sua filha, Anissa Marques, retorna à escola, agora aposentada, para implementar o projeto que tanto sonhou. Carinhosamente apelidadas de “amigas da escola”, as duas planejaram e montaram um ambiente de leitura encantador e acolhedor. “Quando imaginei, junto com a Mércia, o projeto ainda era professora do 5º ano e ficava incomodada com a questão da repetência e da dificuldade de leitura que os alunos enfrentavam. Nessa época, li um livro que me marcou porque falava sobre solidariedade e foi o que nos impulsionou para elaborar o projeto. O objetivo principal é despertar o interesse dos alunos para a leitura. A decoração que fizemos foi realizada com materiais reciclados, que antes iriam para o lixo. O projeto já existe há bastante tempo e o que fazemos hoje é um resgate dele”, declarou Ivanete. O carrinho, por outro lado, só surgiu esse ano. A ideia de transformá-lo em “Carrinho da Leitura”, afirmou Ivanete, foi de sua filha Anissa. “Ela pintou, confeccionou a placa e todo dia passamos com ele durante o intervalo. Tem professoras que o levam para a sala de aula”, completou a voluntária. A coordenadora da escola, Débora Luna, comemora a presença de Ivanete e Anissa no ambiente escolar. Ela diz que os resultados obtidos até o momento são satisfatórios, pois o projeto cumpre a função de despertar o interesse dos alunos para o conhecimento e a descoberta. Ela chama atenção para o aumento da concentração e calmaria nos corredores da escola. “Ficamos muito contentes em saber que elas estão aqui para realizar esse trabalho que está dando tão certo. O próximo passo é reimplantar a parada da leitura, momento no qual é tocado um som diferente do que eles estão acostumados para sinalizar o início ou término das aulas e, no momento, em que toca esse novo som, toda a escola vai parar o que está fazendo – alunos, professoras, direção, merendeiras – para ler algum livro”, revelou Débora Luna. Campanha Buscando incentivar a leitura e compartilhar conhecimentos, a Secretaria de Estado da Educação (Seduc) lançou a campanha “Doe livros”, uma oportunidade para quem tem um livro parado na estante de compartilhar com alunos das redes de ensino básico em Alagoas. Os interessados devem procurar, em qualquer época do ano, a escola pública mais próxima de sua residência para realizar a doação. O único requisito estabelecido pela Seduc é de que os livros estejam em boas condições de uso. Podem ser doadas obras literárias infantil, juvenil e adulto, bibliografias, histórias em quadrinhos, periódicos, literatura de cordel e dicionários das línguas portuguesa, inglesa e espanhola. São alvos da “Doe livros”, escolas da rede estadual e das redes municipais. A iniciativa abrange todo o território alagoano.