Economia

Uma em cada quatro empresas encerram atividades no primeiro ano por falta de gestão financeira

Dados mostram que situação pode se agravar antes dos negócios completarem cinco anos

Por Assessoria 20/10/2025 15h30
Uma em cada quatro empresas encerram atividades no primeiro ano por falta de gestão financeira
Lucas Sorgato - economista e consultor financeiro - Foto: Assessoria

O brasileiro já nasce com o sonho de empreender, porém o que muitos não sabem é que um negócio demanda planejamentos estratégicos para não fecharem as portas precocemente. É o que diz o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que trouxe dados de que uma em cada quatro empresas brasileiras não consegue ultrapassar o primeiro ano de funcionamento. O cenário se agrava ainda mais quando o prazo se estende, revelando que 60% dos negócios encerram as atividades antes de completarem cinco anos de existência.

A principal causa para essa situação está relacionada à deficiência no controle financeiro. É estimado que 48% das micro e pequenas empresas fecham as portas por problemas vinculados à falta de planejamento financeiro e descontrole de caixa. A questão se torna ainda mais crítica nos primeiros meses de operação.

Segundo o economista e consultor financeiro, Lucas Sorgato, os números altos envolvendo a gestão financeira ocorrem muito por falta de instrução ou de conhecimento por parte dos empresários sobre a necessidade de recursos para os primeiros anos de operação.

“É feito um investimento ao abrir o negócio, com equipamento e insumos. E aí vem um item que o empresário esquece de elencar dentro do seu custo de investimento inicial, que é o capital de giro. A partir do momento que ele não tem recurso para pagar os boletos iniciais, porque as vendas demoram, e até se ter uma fidelidade do cliente, é preciso ter caixa para pagar as contas”, salienta.

Estabelecer práticas sólidas de gestão desde o início representa a diferença entre a sobrevivência e o fracasso empresarial. Antes mesmo de iniciar as operações, os empresários precisam constituir uma reserva equivalente ao capital de giro. Essa poupança deve cobrir entre 6 a 12 meses de custos fixos.

Esse é um detalhe que deve ser implantado por alguns meses no início do negócio, especialmente para saber utilizar essa ferramenta no período de baixa, onde o faturamento pode cair até 60%, sendo necessário uma reserva para se manter funcionando.

Saber quanto vai receber e quanto vai pagar é fundamental para a sobrevivência da empresa. Registros diários em planilhas ou softwares específicos podem ajudar nesse controle. “A primeira coisa que o empresário precisa entender é que os números não são inimigos. Não pode ser complicado para o negócio, precisa ser aliado. Então o primeiro passo é o planejamento financeiro e ter uma estrutura de custos e precificação minimamente adequada ao negócio, não seguindo apenas ao mercado”, ressalta o economista.

Outro aspecto importante envolve a separação entre finanças pessoais e empresariais, algo bastante negligenciado pelos gestores. A mistura de despesas compromete a análise da real situação financeira do negócio.

Além disso, é preciso ter uma rede de apoio que possa ajudar e orientar um caminho mais adequado, considerando diferenciais para não correr riscos e quebrar. “Essa situação de começar apenas com o sonho gera muitos problemas. É preciso saber ser empreendedor. Hoje há vários profissionais que conseguem ajudar a montar um negócio, não é preciso mais que o empresário dê conta de tudo sozinho. O acompanhamento no início pode facilitar e ser um divisor de águas entre o sucesso do negócio e um possível fechamento”, finaliza Lucas Sorgato.