Um projeto alagoano de criação de camarões em cativeiro (carcinicultura), referência no processo sustentável de produção, deve aumentar sua produtividade anual em cerca de 70%, com apoio do Banco do Nordeste. Inspirado em modelos internacionais, Maurício Acioli, proprietário da fazendo Boca do Rio, em Maragogi (AL), contratou o crédito para investimento em inovação tecnológica e manejo sustentável dos crustáceos, garantindo ganhos na saúde animal e reduzindo a utilização de água e energia.

A partir do financiamento, com recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), linha Aquipesca, é esperado que o produtor aumente sua produtividade anual de 96 mil kg/ano para 160 mil kg/ano. “O suporte do banco é fundamental para o desenvolvimento do setor”, ressalta Maurício.

O produtor conta que o crédito está sendo direcionado à construção de oito novos viveiros para a criação dos camarões, o que elevará em mais de 60% a capacidade de armazenamento dos crustáceos na propriedade. “Além disso, serão instaladas geomembranas como revestimento de todos os tanques, garantindo melhores condições de cultivo, reduzindo significativamente a mortalidade da espécie e promovendo o desenvolvimento sustentável da atividade”, afirma. As geomembranas criam uma barreira impermeável e evitam a contaminação do solo e lenções freáticos.

Qualidade

Para o gerente de relacionamento da agência do Banco do Nordeste em Maragogi, Rodolfo Ramyres Damasceno, o projeto impacta positivamente tanto na qualidade do produto, quanto na demanda por mão de obra especializada e produtiva na região.

“O produtor abastece um mercado consumidor exigente, prezando pela qualidade e segurança alimentar, o que será impulsionado pelos novos investimentos. Além disso, podemos observar um impacto positivo na geração de empregos na região, principalmente em relação à construção dos viveiros, estudos com agrônomos, produção geral dentro da fazenda e na logística com as entregas”, declara o gerente.

Inovação

O carcinicultor Maurício Acioli atua há mais de 20 anos na produção dos crustáceos, sendo reconhecido como exemplo de organização e excelência na atividade pela Associação Brasileira dos Criadores de Camarão (ABCC). Em 2009, a revista da associação elegeu a fazenda como a propriedade com maior capacidade produtiva por hectare do Brasil.

Em busca de excelência na atividade, o produtor realiza visitas técnicas periódicas a diversos países tidos como referência no cultivo sustentável de camarão, a exemplo de Tailândia, Filipinas, México e Equador. E, com o apoio do Banco do Nordeste, visa implementar os conhecimentos adquiridos nessas viagens em sua própria produção local.

Dentre os artifícios utilizados pelo modelo produtivo asiático, Maurício destaca o uso de probióticos em todo cultivo, a troca mínima e recirculação de água dos tanques, a instalação de bacias de decantação e o revestimento dos viveiros com geomembranas.

“O sistema é utilizado nas propriedades mais modernas, além de ser altamente sustentável, pois evita desperdícios e gastos excessivos com água e energia, bem como contribui para o crescimento saudável dos crustáceos”, ressalta o produtor.