Economia

85 mil empregos estão em risco em 54 cidades de AL

Sindaçúcar alertou ao governo estadual e aos municípios que sobretaxa anunciada pelos EUA impacta negativamente na economia

Por Emanuelle Vanderlei - colaboradora / Tribuna Independente com Agência Brasil 06/08/2025 08h04 - Atualizado em 06/08/2025 12h02
85 mil empregos estão em risco em 54  cidades de AL
Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool em Alagoas destaca que o setor é peça-chave no desenvolvimento sustentável e econômico - Foto: Edilson Omena

Em estado de alerta com os prejuízos que podem ser causados pelas novas tarifas às exportações para os Estados Unidos, os produtores do setor sucroenergético de Alagoas estão buscando soluções junto ao Governo de Alagoas para que faça intermediação junto ao Governo Federal e que intensifique os programas estaduais de incentivo fiscal. Outra preocupação do setor é com o impacto negativo que pode gerar perda de postos de trabalho nos municípios alagoanos.

Pelos cálculos do Sindaçúcar, o risco é de colapso no setor.

“Esse chamado ‘tarifaço’, anunciado de forma unilateral, ameaça não apenas a sustentabilidade das usinas e dos produtores rurais, mas também impacta negativamente comunidades inteiras que dependem da cadeia sucroalcooleira para sua subsistência As consequências dessa tarifa repercutirão de forma avassaladora na renda setorial com reflexos imediatos na contratação de postos de trabalho, que no nosso setor subtrairá um volume expressivo dos 85 mil postos diretos de trabalho, na circulação da renda nos 54 municípios onde se observa a agricultura canavieira e no fechamento de várias pequenas empresas que compõem a longa cadeia produtiva desse setor nos vários municípios onde atua”, aponta a nota do Sindaçúcar em Alagoas.

A reportagem da Tribuna Independente quis saber da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), uma avaliação acerca dos riscos para perda nos postos de trabalho nas cidades, como mostrou o alerta do Sindicato da Indústria do Açúcar e Álcool no Estado de Alagoas (Sindaçúcar/AL), mas até o fechamento desta edição não houve resposta.

Em ofício enviado ao governador Paulo Dantas (MDB) na noite da última segunda-feira (4), o presidente do Sindaçúcar/AL, Pedro Robério de Melo Nogueira, alega que o setor é peça-chave no desenvolvimento sustentável de Alagoas. Em números, ele aponta que os Estados Unidos representam 15% do volume exportado pelo Estado, mas que financeiramente representa ainda mais.

“Este volume corresponde a cerca de 150 a 180 mil toneladas por ano-safra, dos quais o Estado de Alagoas por ser o maior produtor da região dispõe de um volume anual na ordem de 75 a 80 mil toneladas, que corresponde a cerca de 15% do volume total exportado pelo Estado ao mundo e, em face do maior preço do açúcar dessa cota preferencial, representa 20% das exportações do setor sucroenergético alagoano, significando uma cifra de U$ 56 milhões”, explica Pedro Robério. Segundo ele, essas transações acontecem regularmente até o mês de outubro de cada ano e estão em fase de contratação para outubro e novembro próximos.

Empresas visualizam compensações em caso de perdas por sobretaxas (Foto: Divulgação)

Setor solicitou aporte financeiro dos governos

No ofício endereçado ao governador Paulo Dantas (MDB), o Sindaçúcar/AL defende que governo alagoano dialogue com o presidente Lula (PT), e tente reverter o quadro que trata sobre as sobretaxas nos produtos brasileiros.

“Interceda junto ao Governo Federal para que sejam adotadas medidas diplomáticas urgentes, visando negociar a reversão das tarifas impostas ao açúcar brasileiro posto que estamos na fase de contratação dessas exportações para suas entregas em outubro e novembro próximos”, destaca um trecho do ofício.
Mas, caso não seja possível reverter o tarifaço anunciado pelos Estados Unidos, o setor espera que o poder público amenize o prejuízo.

“Considere a implementação de políticas federais provisórias de apoio às indústrias e produtores, tais como linhas de crédito emergenciais, incentivos fiscais e programas de estímulo à diversificação de mercados e a inibição de demissões de colaboradores a fim de mitigar os efeitos imediatos do tarifaço”.

Não apenas o Governo Federal, o setor também pede aporte financeiro do Estado de Alagoas, além do que já é dado.

“No âmbito estadual, considerando o expressivo apoio estadual no regime de ICMS [Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços] concedido às empresas do setor, pedimos avaliar a possibilidade de expansão dos mesmos de forma a propiciar compensações pelas perdas de receita que serão suportadas pelo setor”.

Com a ida do governador Paulo Dantas à Inglaterra para acompanhar o programa de intercâmbio da rede pública estadual, a missão em Brasília será assumida pelo vice-governador, Ronaldo Lessa (PDT). A assessoria confirmou que ele foi à capital federal discutir o assunto.

CONSÓRCIO NORDESTE

Os governadores do Consórcio Nordeste se reunirão com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Brasília para discutir o tarifaço sobre as exportações brasileiras anunciado pelos EUA. Segundo o consórcio, diante do anúncio, foi dado início a uma articulação “emergencial” com a APEXBrasil e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), com o objetivo de proteger os setores produtivos da região e evitar prejuízos à economia e ao emprego nos estados nordestinos.

Os encontros estavam previstos para ontem (5), bem como para esta quarta-feira (6).

Segundo a articulação dos governadores nordestinos, as tarifas norte-americanas atingem diretamente cadeias produtivas estratégicas da região, como fruticultura, apicultura, setor têxtil, calçadista, metalmecânico e indústria automotiva.