Economia
Reservas de lítio e urânio em Alagoas chamam a atenção da classe política
Minerais são considerados o novo petróleo e podem colocar estado no mapa da transição energética mundial

Em meio às tarifas econômicas impostas ao Brasil pelos Estados Unidos, a produção mineral de elementos terras raras (ETRs) voltou a chamar a atenção da classe política e dos representantes do governos federal e dos estados.
Situada no litoral nordestino, a Bacia Alagoas tem a sua relevância geológica pela possibilidade de conter minerais considerados estratégicos.
Com extensão de 350 km, o território está sendo alvo de atualizações e novas pesquisas. Recentemente, o Serviço Geológico do Brasil (SGB) identificou ocorrências minerais ricas em elementos terras raras (ETRs) e urânio na Bacia de Alagoas e Sergipe.
O relatório aponta significativas reservas de lítio, nióbio, urânio e terras raras no subsolo alagoano.
Esses minerais são fontes para a nova indústria global e despertam o interesse dos Estados Unidos e China, além de outros países da Ásia.
A investigação utilizou técnicas de aerogeofísica, que consistem na coleta de informações do subsolo por meio de sensores instalados em aeronaves — método que dispensa escavações ou perfurações diretas.
Os dados indicam que o litoral dos dois estados pode abrigar um potencial significativo de urânio, que é considerado o mineral estratégico e o “novo petróleo” para a transição energética mundial.
O levantamento conseguiu gerar mapas de anomalias do campo magnético terrestre, além de variações nas concentrações de elementos radioativos naturais, como potássio, urânio e tório, informações muito importantes para o mapeamento geológico e a identificação de estruturas geológicas ocultas, como falhas, dobras e lineamentos, que podem estar associadas à presença de depósitos minerais.
Os resultados do projeto são estratégicos para subsidiar ações de desenvolvimento econômico sustentável, atrair investimentos para o setor mineral e apoiar o planejamento territorial e ambiental dos estados envolvidos.
O mundo está de olho no urânio e outros minerais de terras raras. Com o avanço da energia nuclear na transição energética e o declínio das fontes fósseis, o urânio desponta como uma commodity estratégica para o século 21.
As pesquisas atuais indicam que o Brasil possui a 7ª maior reserva do mundo e tem agora uma chance histórica de transformar sua riqueza mineral em protagonismo energético, tecnológico e diplomático.
A descoberta no subsolo alagoano tem importância em um momento de crescente demanda global por elementos terras raras, fundamentais para a fabricação de tecnologias verdes como turbinas eólicas, baterias, veículos elétricos e equipamentos eletrônicos.
A defesa desses recursos reforça o modelo da economia circular e contribui para a redução da dependência de fontes internacionais.
Fontes econômicas revelam que a produção mundial aumentou 4% entre 2020 e 2022, e o relatório sugere que o aumento provavelmente continuará nos próximos anos.
O estabelecimento de novos centros de produção deve encontrar prazos de entrega significativos devido ao clima de investimento avesso ao risco de hoje e aos processos regulatórios complexos e demorados em muitas jurisdições de mineração de urânio.
Mas desafios geopolíticos e dificuldades técnicas relacionadas ao desenvolvimento de novas minas e instalações de moagem podem gerar muitas dificuldades de prospecção e mineralização para garantir que suprimentos adequados de urânio estejam disponíveis em médio prazo, ou seja, nos próximos cinco ou dez anos.
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