Economia
Endividamento mantém tendência e sobe 2,3% em outubro
Pesquisa do Instituto Fecomércio AL também aponta aumento de 5,6% na inadimplência
O endividamento das famílias de Maceió manteve a tendência de crescimento, iniciada em março, e subiu 2,3%, em outubro, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pelo Instituto Fecomércio AL em parceria com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O levantamento indica, ainda, aumento de 3% no volume das famílias que não têm como pagar as dívidas – as superendividadas, e de 5,6% na inadimplência.
As elevações consecutivas colocam a capital alagoana na contramão do país, que apresentou recuo nos níveis de endividamento e inadimplência. “Esse crescimento pode ser atribuído aos juros altos, à renda corroída pela inflação, que leva as famílias a contraírem dívidas para manter o consumo, e às apostas on-line, que continuam impactando negativamente as famílias de baixa renda”, explica o assessor econômico do Instituto Fecomércio, Francisco Rosário.
Endividamento por renda
O número de famílias sem dívidas teve queda de 6,5%, em outubro, após recuar 7,5%, em setembro; movimento esperando considerando o aumento do endividamento total. Nas famílias consideradas “muito endividadas” e “pouco endividadas” apresentaram redução de 0,6% e 3,2%, respectivamente. Já entre as famílias “mais ou menos endividadas” houve um aumento de 10,4% nas dívidas, demonstrando o peso da condição dessas famílias no endividamento geral.
Quando analisado o comportamento dos últimos meses, desde agosto há redução na taxa de crescimento do endividamento, o que, de acordo com o economista, pode indicar preocupação com o custo do crédito desde então. “Na evolução mês a mês, nota-se o crescente endividamento das famílias de menor renda, o que provavelmente é um possível fruto do uso do crédito como complemento de renda por essas famílias”, avalia Rosário. Para ele, a consequência deste comportamento é a elevação da inadimplência. “O crédito mais caro está levando a um endividamento cada vez maior, impactando também na inadimplência”, reforça.
Neste contexto, se as famílias com faixa de renda menor de 10SM fazem ginástica no orçamento, as de renda acima de 10SM parecem estar administrando melhor a utilização do crédito, já que houve redução do endividamento nesta faixa.
Financiamentos
Na aquisição das dívidas, o cartão de crédito ainda é o meio mais utilizado (96,7%), seguido dos carnês (23,1%), financiamento de casa (4,9%) e de carro (3,6%) e crédito pessoal (2,9%). O cheque aparece quase em desuso com 0,7%, o especial, e 0,4%, o pré-datado.
Em relação aos financiamentos, entre junho e outubro, as compras de automóveis e de residências aumentaram 80% e 57,1%, respectivamente. Entretanto, com o aumento da taxa base da SELIC para 11,25% a.a., em novembro, e a restrição da Caixa Econômica Federal ao financiamento imobiliário, em outubro, a tendência é haver redução no consumo destes bens duráveis. “As altas taxas de juros estão levando as famílias a reduzirem os prazos dos novos financiamentos”, afirma Rosário.
Aumento da inadimplência
Na divisão por renda, a inadimplência teve maior aumento entre as famílias de com renda mais alta, subindo 15,3% em outubro, enquanto nas famílias com renda mais baixa o indicador cresceu 5,6%. De forma geral, percebe-se o aumento de 3% no número de famílias superendividadas, sendo a maior parte delas as de menor renda, pois subiu 2,9% o volume de famílias nesta faixa que afirmaram estar sem condições de quitarem as dívidas.
Estes consumidores comprometem mais da metade de sua renda mensal com dívidas, fator que aumenta a pressão financeira e restringe a capacidade de consumo. “É um cenário preocupante para o comércio que vende a crédito, pois a inadimplência e o superendividamento estão comprometendo a renda atual e futura de muitas famílias, impedindo um maior consumo, particularmente nesse último trimestre do ano, que naturalmente se apresenta como um de maior consumo por conta das festas de fim de ano e início das férias de verão”, observa o economista.
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