Economia

Com aumento discreto de 0,7%, confiança do empresário do comércio pode indicar sinais de melhora da economia

O otimismo é maior nas empresas que possuem mais de 50 empregados, tendo um crescimento de 19,8% na variação mensal

Por Assessoria 08/10/2024 15h28
Com aumento discreto de 0,7%, confiança do empresário do comércio pode indicar sinais de melhora da economia
Os dados são da pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Alagoas (Fecomércio AL), por meio do Instituto Fecomércio AL - Foto: Assessoria

Uma pequena evolução foi observada no Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), em Alagoas. Se em agosto houve recuo de -0,7%, ficando em 106,8 pontos, em setembro ocorreu aumento de 0,7%, marcando 107,5 pontos. Os dados são da pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Alagoas (Fecomércio AL), por meio do Instituto Fecomércio AL, realizada em parceria com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Mesmo na margem, o aumento pode indicar melhoria da percepção do empresário em relação aos negócios, refletindo as mudanças na economia, segundo avalia o assessor econômico do Instituto Fecomércio AL, Francisco Rosário.

O otimismo é maior nas empresas que possuem mais de 50 empregados, tendo um crescimento de 19,8% na variação mensal. “Com base nas pesquisas anteriores, particularmente a de endividamento, em agosto, e a do consumo das famílias, em setembro, o otimismo desse empresário está muito relacionado com a maior disponibilidade de crédito para consumo e no apetite do consumidor de renda mais alta no consumo de bens duráveis, pois, em Alagoas, a empresas maiores estão no segmento de bens duráveis e supermercados”, afirma o economista. Nas empresas com menos de 50 funcionários, a confiança aumentou 0,4%, entre agosto e setembro; percentual bem menor do que os 6,4% da última alta, entre junho e julho.

Insegurança econômica e desconfiança do consumidor


No geral, a confiança do empresário do comércio vem apresentando oscilações nos últimos 13 meses, com instabilidade maior entre empresários de grandes empresas. Para o assessor econômico, dois motivos podem justificar esse comportamento: “a fragilidade estrutural da economia alagoana, que não oferece segurança para o longo prazo, fazendo com que as decisões sejam de curto prazo; e a desconfiança recorrente do consumidor alagoano, conforme visto nas pesquisas de consumo das famílias dos últimos meses”, analisa.

Apesar deste contexto, os indicadores de setembro apontam que o subindicador Condições Atuais do Empresário do Comércio (ICAEC) melhorou 2%. Nele são observados três marcadores: condições da economia (60,1 pontos), condições do setor (75,3 pontos), e condições da empresa (101,8 pontos).

Outros três subindicadores compõem o Icec. O Índice de Expectativa do Empresário do Comércio (IEEC) marcou 143,5 pontos, um crescimento de 3,5% comparado a agosto, e todos os seus indicadores tiveram desempenho positivos, destacando-se a expectativa da economia (5,6%) e a expectativa da empresa (3,7%). Já no Índice de Investimento do Empresário do Comércio (IIEC) registrou queda de -4%, cenário bem diferente de julho, quando ficou em 6,3%, sinalizando bons investimentos na época. O último subindicador é Situação Atual dos Estoques (SAE), que apresentou -5,5%, na variação mensal, e – 16,2%, na anual, indicando que podem estar altos.

Migração de consumo sugere limitação na renda


Quando se observam os segmentos de varejo, que são os bens duráveis, os bens semiduráveis e os bens não duráveis, há redução de -4,4% nas expectativas de negócio de -4,4%, ficando em 116,5 pontos. Como havia tido crescimento nos meses de julho (119,8) e agosto (121,8), reflete os impactos trazidos pelas festas juninas e pelo Dia dos Pais. “Por outro lado, o empresário do setor de supermercados, farmácia e perfumaria, que são bens não-duráveis, apresentou melhoria de 8% em sua percepção, o que é uma recuperação vigorosa diante a relativa estagnação nas expectativas nesse setor desde junho”, avalia Rosário.

Ele explica que este resultado demonstra uma modificação no padrão de consumo das famílias entre junho e setembro, com transferência de vendas entre os segmentos de semiduráveis e não duráveis; fato que sugere limitação de renda por parte dos consumidores. Vale lembrar que os semiduráveis referem-se a vestuário, tecidos e calçados, por exemplo, enquanto duráveis indicam eletroeletrônicos, móveis e decorações, materiais de construção e veículos, dentre outros.

Entre o empresariado de bens duráveis, o crescimento nas expectativas foi de 3,8%, em setembro, após uma rápida queda de -2,9%, em agosto. No geral, é um segmento que apresenta bom desempenho desde maio, sendo, em parte, impulsionado pelo crédito ao consumidor final.

Contratações de final de ano


A pesquisa do Instituto Fecomércio AL também mensura, entre os subindicadores, a intenção de contratação de funcionários. Considerando a proximidade do final de ano, período em que as lojas costumam realizar contratações temporárias para atender a demanda da reta final de ano, as perspectivas, por enquanto, não estão muito positivas. Isto porque, segundo o levantamento, houve queda mensal de -2,3% nas intenções de contratações, sendo o maior recuo no setor de vestuário, tecidos e calçados (-16,8%). “Percebe-se com esse número que as empresas desse segmento já estão com os quadros de pessoal completos para enfrentar as condições de vendas no resto do ano. Porém, os demais segmentos sinalizam contratações”, analisa o economista.

Para os setores de supermercado, farmácia e perfumaria, a variação mensal foi de 7,4% e, nos setores de eletroeletrônicos, móveis e decorações, materiais de construção e veículos, o desempenho foi um pouquinho melhor, com 8,1%.