Economia

Mercadinhos apostam em serviços

Nos bairros de Maceió, pequenos negócios fazem entregas em domicílios para atrair e fidelizar clientela oferecendo comodidade

Por Texto: Lucas França com Agência Brasil com Tribuna Independente 27/04/2019 08h00
Mercadinhos apostam em serviços
Reprodução - Foto: Assessoria
Agilidade, praticidade e comodidade são tendências em vários ramos de negócios em todo o mundo. E no Brasil vêm se espalhando por todas as regiões. Um exemplo concreto são os mercadinhos de bairros que oferecem serviços de entrega em domicílio e atraem clientes justamente por oferecer este atrativo. O gerente administrativo de um mercado localizado no bairro do Benedito Bentes, Manuel Ferreira disse que o brasileiro está mudando o hábito de consumo e presam pela comodidade e agilidade e que por isso acabam optando por fazer suas compras em mercadinhos mais próximo de sua residência. “As pessoas acabam tendo essa necessidade de fazer suas feiras em mercadinhos mais próximos de sua residência e que ofereçam o serviço de entrega. É mais cômodo e não precisam se deslocar para tão longe. Por exemplo, aqui fazemos a entrega na região. Isso acaba chamando atenção e atraindo clientes. Porque eles sabem que vão fazer suas compras e receber em casa”, comenta Manuel. Segundo o gerente, para fazer as entregas não existe taxa. “É um programa de serviço oferecido de forma gratuita. As pessoas vêm, faz suas compras e a gente leva em casa. Entregamos em kombis e motos. No caso das entregas em kombis - de feiras maiores, os clientes já vão no próprio veículo junto com suas compras. E nas motos eles deixam seu endereço e nossa equipe deixa a feira na residência”, explica. Ernandes Ferreira, gerente de um mercadinho no Conjunto Cleto marques Luz também colabora do pensamento de Manuel e garante que a comodidade prestada pelos serviços de entrega atrai consumidores para o estabelecimento. “Isso é uma tendência mundial, as pessoas necessitam deste serviço”, avalia. Segundo Ernandes, o mercadinho tem clientes em vários bairros e presta o serviço de entregas. “Na região não há limites de compras. A entrega é feita sob qualquer valor da feira. Mas, em bairros mais distantes como a Jatiúca, a entrega é feita quando a compra ultrapassa R$ 200, no Eustáquio Gomes, acima de R$ 100, por exemplo. O valor varia a depender da localidade do cliente. Mas, ressalto que não se cobra taxa de entrega.” Agilidade e praticidade são tendências que se buscam Em ambos os estabelecimentos ainda não há serviço de telemarketing onde o cliente de casa faça suas compras por telefone e ela seja entregue em sua residência. Ernandes disse que pode vir a ter, ‘mas por enquanto trabalhamos apenas com a entrega a domicílio, para isto, o cliente tem que vir até aqui fazer suas compras, ele mesmo escolhe seus produtos... Alguns mercadinhos colocaram esse sistema por telefone, mas até onde sei não deu muito certo ou não compensou ou avançou”. Para a dona de casa Lúcia dos Santos, comprar em mercadinho de bairro garante comodidade menor tempo em filas de caixas. “Com certeza fazer feira em mercadinhos de bairro é bem melhor de que em grandes supermercados. Gastamos menos tempo, as filas são menores e ainda tem a possibilidade da entrega em casa. Chega tudo certinho”, comenta afirmando que não existe uma diferença exorbitante de preços nos produtos e que ainda consegue comprar alguns itens mais em conta que se fosse a supermercado de rede. Outra que também não deixa de comprar em mercadinhos próximo de casa é a professora Cristina Andrade. “Acredito que não vale muito a pena ir para supermercados gigantes para fazer uma feira de um mês. Iria se fosse comprar em atacado, ai sim poderia compensar. Mas, para uma feira de semana, um mês, o mercadinho mais próximo de casa é a solução mais viável. Compensa, até porque você não irá gastar transportes. E muito destes mercadinhos tem de tudo”, finaliza. ASA Segundo Raimundo Barreto, da Associação dos Supermercados Alagoanos (ASA), esse tipo de comércio já existe em todo o país e até fora dele. E Alagoas adotou essa prática há algum tempo. “Essa prestação de serviço agrega tanto clientes quanto faturamento. Todos os mercadinhos de bairro são conhecidos como mercado de vizinhança, e a gente sabe que pessoas (clientes) de outros bairros não saem para comprar em outra região por conta do tempo. Então, isso que nós fazemos para agregar esse serviço, com bom atendimento, relacionamento. O cliente de mercadinho de bairro sabe quem é o gerente, o dono e sabe a quem se dirigir. E esse programa de entrega no domicílio do cliente chama atenção, existe uma ideia de confiança e amizade entre o cliente e o dono do mercado”, ressalta Barreto. Mercado de vizinhança vem crescendo também em Alagoas Uma pesquisa, divulgada em abril de 2018 na 38ª Convenção Anual do Canal Indireto, da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores, aponta que os mercadinhos de bairros estão crescendo, sobretudo na Região Nordeste. A pesquisa que considera como pequeno varejo, setor conhecido também como mercado de vizinhança, aquele que tem até quatro caixas. FIADO No levantamento, foram ouvidos 400 comerciantes. A GfK faz pesquisa de mercado em mais de 100 países. Outros aspectos da pesquisa aponta que 47% dos pequenos varejistas pratica a venda fiada na loja. Ainda de acordo com o estudo, a modalidade de venda ocorre em todo o país, mas é ainda mais presente na Região Nordeste, onde 70% dos lojistas admitiram que fazem esse tipo de prática. A pesquisa detectou que, pela primeira vez em sete anos, a cesta de produtos do levantamento está mais barata nos mercadinhos que em supermercados e hipermercados. Além do destaque dado ao relacionamento de confiança com os clientes, o setor dos mercadinhos de vizinhança em 2018 foi, segundo o levantamento, com preços mais competitivos em relação aos hipermercados e supermercados. Pela primeira, vez desde 2011, a cesta de produtos pesquisada pela GfK está custando R$ 239,21 nos pequenos varejistas, e R$ 243,12 nos supermercados e hipermercados. A profissionalização dos pequenos varejistas e o forte investimento em novos serviços, como entrega em domicílio, novas tecnologias de scanner no caixa, estacionamento e oferta de eletroeletrônicos, têm feito a competitividade crescer cada vez mais entre o comércio de bairro e os hiper e supermercados”, destaca o diretor da GfK, Marco Aurélio Lima.