Economia

Apenas 5% das empresas em Alagoas têm seguro

Falta de conhecimento e preocupação com o custo são apontadas como causas para deixar a proteção 'em segundo plano'

Por Evellyn Pimentel e Lucas França com Tribuna Independente 22/10/2018 10h12
Apenas 5% das empresas em Alagoas têm seguro
Reprodução - Foto: Assessoria
Sempre que se fala em seguro, a primeira coisa que vem à mente das pessoas é o seguro para carro. Mas existe outro tipo de seguro que tem ajudado e muito os empresários em Alagoas: o seguro empresarial. O que pouca gente sabe é que entre as mais de 190 mil empresas ativas no estado, apenas 5% aderiram ao benefício. Num estado onde mais de 90% das empresas são de pequeno ou médio porte, o seguro acaba ficando para segundo plano e isso quando existe o conhecimento sobre o assunto. E isto, ao que parece, não é uma tendência exclusiva de Alagoas.  De acordo com o Empresômetro, existem mais de nove milhões de empresas ativas no Brasil, isso sem considerar os mais de seis milhões de microempreendedores individuais. Desse total, estima-se que apenas 10% possuem seguro empresarial contratado. Independente do segmento de atuação, proteger o patrimônio é muito importante. Apesar disto, não há uma grande procura por este tipo de seguro. É o que aponta o diretor do Sindicato dos Corretores de Seguros do Estado de Alagoas (Sincor-AL), Djaildo Almeida. A dica, segundo o corretor, é não esperar acontecer o pior para contratar um seguro empresarial, afinal, como diz o ditado popular: “o seguro morreu de velho”. “O seguro empresarial é fundamental para manter os negócios a salvo. Em um mercado tão competitivo como o de hoje, em que as empresas investem alto, não é nada interessante perder parte dos seus ativos em um incêndio ou assalto, por exemplo. Apesar do número [5%], houve um crescimento de 8% na compra do seguro empresarial. O interessante é que 25,8% dessas empresas que têm seguro no estado tiveram vários tipos de sinistros e precisaram acioná-los”, conta Almeida. RISCOS A empresária Elaine Alonso conta que um incêndio em uma loja ao lado da sua motivou a contratação de um seguro, há cerca de dois anos. A preocupação era que, pela quantidade de equipamentos elétricos que sua empresa possui, um acidente como este pudesse ocorrer e pior gerando prejuízos. “A minha maior preocupação sempre foi com a questão de incêndios. Fizemos o seguro, há dois anos, por causa do incêndio que teve numa loja ao lado de uma de nossas empresas. Para mim o seguro foi até barato comparado ao prejuízo que teríamos caso algo assim ocorresse, acabou dando uma considerável segurança”, detalha a empresária. Apesar de fazer parte dos 5% de empresários em Alagoas que têm seguro, Elaine acredita que a perspectiva vem mudando. “Muitos amigos empresários não ficam sem seguro, com certeza dá mais tranquilidade”, defende. Para Aliança Comercial, seguro acaba ficando em segundo plano   [caption id="attachment_252892" align="alignright" width="248"] Para Guido Santos Jr., limitações financeiras impedem empresários de contratar (Foto: Jonathan Canuto)[/caption] O presidente da Aliança Comercial de Maceió Guido Santos Jr. afirma que num cenário de dificuldades financeiras, optar por um seguro acaba ficando em segundo plano. “Em momentos de crise a gente acaba retendo qualquer despesa com excedentes. E como é uma coisa que o valor não é muito simbólico, é um valor representativo, acaba ficando em segundo plano. Muitas das empresas que têm seguro, fazem porque possuem algum tipo de financiamento em que o banco termina agregando. Na maioria dos casos as empresas acabam escolhendo com o que vão gastar e não fazem o seguro. Termina que a maioria não faz essa opção em função de ser um valor que acaba pesando, em função de um valor que ninguém se preocupa”, declara Guido. O lojista reforça que o seguro tende a “não pesar” tanto na decisão dos empresários quando o assunto é a segurança do empreendimento. “Em um ano tivemos três incêndios que repercutiram entre os lojistas, mas se considerar o número de lojas acredito que não seja um número tão alto. Termina que o seguro não pesa tanto na decisão final do empresário”, diz. PROTEÇÃO x INFORMAÇÃO Para o empresário arapiraquense Diego Gentilli, ter seguro deixou de ser opção, é quase que uma obrigação. Segundo ele, o seguro gera tranquilidade para trabalhar. Diego já havia contratado seguro para uma de suas lojas há algum tempo e, recentemente, fez a adesão para outro empreendimento e acredita ter feito uma boa escolha. “Eu já tinha antes em outra empresa. Quando você faz um seguro você se resguarda, é uma segurança para um acidente, roubo, incêndio... A gente fica resguardado. E o valor não é muito fora do normal, é um valor razoável considerando o benefício, não é nada absurdo e você fica com uma tranquilidade maior para trabalhar”, diz Gentilli. Mesmo assim, ele avalia que muitos empresários não se atentam para a necessidade do benefício. O empresário diz que é preciso uma maior conscientização sobre o assunto. “A grande maioria dos empresários não contrata seguro. Mas eu acredito que é mais por falta de um trabalho direcionado. Primeiro porque as pessoas têm uma visão do seguro de carro, acham caro e pensam que o de empresas é também. Não sabem que há um benefício muito grande por trás do valor. As pessoas precisam ficar mais conscientes. Uma loja vizinha à minha não tinha seguro, foi assaltada e perdeu R$ 150 mil. Poderia ter pago cerca de R$ 1.500 no ano em um seguro e evitar o prejuízo”, pontua. “Não é custo, é investimento”   [caption id="attachment_252893" align="alignleft" width="300"] Para o corretor e diretor do Sincor, Djaildo Almeida, seguro empresarial deveria ser prioridade nos negócios (Foto: Sandro Lima)[/caption] Para Djaildo Almeida, diretor do Sincor-AL, o seguro empresarial não é gasto, mas um investimento em tranquilidade. “O próprio seguro restabelece o equilíbrio econômico perturbado. Então, em qualquer situação que a empresa venha ter com sinistro, por exemplo, um incêndio, danos elétricos ou até mesmo uma responsabilidade civil de algum cliente ou funcionário que venha a cair ou se machucar no estabelecimento, é essencial o empresário ter esse tipo de seguro. A importância é manter a proteção patrimonial da empresa, garantir tranquilidade em qualquer ocasião de sinistro. O empresário não pode ter suas atividades paralisadas correndo risco de perder o faturamento da empresa e logicamente o fechamento do empreendimento se for um período longo de paralisação das atividades empresarias”, ressalta Djaildo. O corretor explica que o seguro empresarial é muito amplo, e que existe desde a cobertura básica que vai de incêndio a explosão, a cobertura predial e de todos os equipamentos do estabelecimento. “É o que chamamos de cobertura predial ou interna de conteúdo da empresa como os equipamentos eletrônicos. Além disso, o seguro multirrisco empresarial tem outras coberturas dentro de um produto só. E esse é o diferencial. Tenho cobertura de vidro, cobertura de responsabilidade civil, consertos básicos e etc... É um seguro completo que depende da necessidade do cliente, junto com o corretor eles irão identificar e vão analisar as principais coberturas que ele deverá ter”, pontua o diretor do Sincor em Alagoas. Numa única contratação o empresário pode proteger o patrimônio de diversos riscos, o que envolve geralmente os móveis, equipamentos, utensílios, máquinas, veículos e etc. Sejam eles de uma empresa comercial, prestadora de serviços ou industrial. O que pode variar é o porte da empresa, mas mesmo assim ela pode ser atendida pelo seguro empresarial. Segundo as corretoras, o dono da empresa pode escolher vários tipos de seguro e montar uma apólice personalizada, que atenda às suas necessidades e proteja sua empresa de riscos imprevisíveis. Assim, o empresário fica tranquilo para pensar estratégias de negócio. “O seguro pode ser parcial ou completo, o importante frisar é que muitas vezes o empresário deixa de destacar os principais riscos de sua empresa. Muitas vezes acreditam que com cobertura básica de incêndio e explosão, ele está tranquilo, quando ele não está. Eu vou citar um exemplo aqui do meu escritório: tenho várias coberturas. Tem uma que acho muito prática, a de responsabilidade civil. Toda loja deveria ter. Como tem sempre pessoas limpando o escritório, pode escorregar e querer me processar no futuro. Isso acontece muito em lojas, shoppings e supermercados. Outra é a cobertura de danos elétricos - então se acontecer um dano elétrico eu tenho essa cobertura. O empresário tanto pode fazer o seguro simples como o completo. O importante é que os empresários procurem um corretor, analisem os riscos e não fiquem descobertos se algum venha a ocorrer”, aconselha Almeida. Várias questões são analisadas pelas operadoras   De acordo com o diretor do Sincor, são analisadas pelas operadoras de seguro características relacionadas à questão predial, como o valor da reconstrução do imóvel para que o empresário volte a ter suas atividades normalmente para trabalhar. Também é analisado o que tem internamente, além dos pré-requisitos de combate a incêndio, principalmente em empresas de grande porte que devem ter ar-condicionado, extintores e brigada de incêndio.  Já em empresas pequenas verificam-se os extintores. Também é analisada a parte elétrica e a estrutura. Isso tudo dependendo do valor da cobertura. Djaildo Almeida ressalta que em um seguro de até 400 mil reais, as vistorias são isentas. “Algumas vezes as seguradoras fazem, mas geralmente as vistorias são feitas a partir de 450 mil reais a depender da atividade da empresa. Em relação ao valor, eu propriamente como corretor e como segurado, não acho caro. Vou dar um exemplo particular - meu seguro tem 300 mil reais de cobertura principal e outras agregadas, como o seguro de danos elétricos, e eu pago R$ 500 por ano. Ou seja, é muito pouco para você ter uma tranquilidade para trabalhar e saber, se caso acontecer um sinistro, que vai ter tudo de volta. Seguro não é custo, é investimento, e investimento em tranquilidade”.