Economia

Poupar moedas ajuda no orçamento

Economista diz que quem guarda consegue ter mais tempo para planejar gastos; para comerciantes, falta de troco é tormento

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 25/07/2018 08h03
Poupar moedas ajuda no orçamento
Reprodução - Foto: Assessoria
Poupar moedas pode caracterizar um comportamento mais consciente na hora de planejar as compras. Em tempos de crise, a opção se torna ainda mais vantajosa. No entanto, para comerciantes a falta de troco acaba virando um tormento. Segundo o economista Emanuel Lucas de Barros, quem consegue guardar as moedas desenvolve práticas mais conscientes. “Quem consegue poupar dinheiro tem mais tempo para planejar como irá gastá-lo, o que pode ser entendido como uma boa educação financeira. A dificuldade está em como manter a despesa menor que a receita, quando parte significativa da população sobrevive com renda menor que um salário mínimo”, pontua o economista. Apesar de dificultar o troco, manter o dinheiro “preso” nos cofrinhos não é visto como um prejuízo à economia, destaca Barros. “A moeda tem três funções básicas: meio de troca, unidade de conta e reserva de valor. Quando uma pessoa entesoura moeda ela deixa de consumir no presente para consumir mais no futuro. Porém, quando se guarda moeda em casa, há a possibilidade da perca do poder de compra no futuro, pois em casa ela não rende juros como na poupança, por exemplo. Enquanto que os bens podem ter seus valores aumentados ou diminuídos (inflação ou deflação). Então, o hábito de guardar moedas em casa não prejudica a economia, no máximo ela dificulta o ato de ‘passar troco’”, explica. Com o senhor Paulo Luna, de 62 anos guardar moedas virou uma tradição familiar. Após a esposa dele iniciar o “projeto”, ele começou a utilizar cofrinhos para reter as moedas em casa. Mas poupar não é apenas hábito, as moedas já tem destino certo, como por exemplo, os impostos do veículo da família. “Na verdade foi a partir de um cofre da minha esposa. Depois que ela encheu de moedas, eu reutilizei esse cofre, e daí criei o hábito de juntar. Como ficou muito velhinho de tanto abrir e reutilizar nas idas ao mercado, fui vendo modelos de gesso e fui comprando”, conta. De tanto guardar nos cofrinhos, ele teve a ideia de juntar também para os netos de 16 e 8 anos. Cada um tem seu cofre e o valor recolhido durante um ano é entregue no dia do aniversário. “Após veio a ideia de juntar para os meus netos e abrir no aniversário deles. O presente é o valor arrecadado, que é de no máximo R$ 300, com moedas de R$ 1. Para eles é só sorrisos, maior empolgação, já ficam imaginando o que vão fazer com a grana. A neta de 16 anos gasta no shopping. Já o menor, de 8 anos, vai com os pais e amigos lanchar no shopping e brincar naqueles  brinquedos”, detalha. Como trabalha com vendas, Paulo diz que as moedas são facilmente trocadas por dinheiro “de papel”. “Troco com os próprios clientes e eles agradecem bastante pela dificuldade que já têm de passar troco”, diz. SUFOCO A comerciante Selma Maria vende frutas e verduras no bairro da Serraria, em Maceió. Ela conta que diariamente lida com a falta de moedas, problema este que acaba dificultando o relacionamento com os clientes. “A gente vai dando um jeito, vai oferecendo um docinho, um confeito, muitos não querem, não aceitam e a gente tem que se virar. Né? Tem que dar um jeito de arrumar o troco, mas é muito difícil. As moedas estão sumindo” Selma diz que além de oferecer produtos como troco, apela para vendedores ambulantes para conseguir recolher moedas e facilitar a rotina. “Tenho um pessoal que me ajuda. Eles trazem as moedinhas e a gente vai agradando. Tem que dar um jeito. As pessoas acabam guardando mais, não sei o que acontece, aí fica difícil para mim. Olha só a gaveta, são pouquíssimas moedas”, afirma. A empresária Júlia Albuquerque é outra que também reclama da falta de troco. “É a maior dificuldade encontrar moedas e quem lida com clientes sofre com a falta de troco. Eu acho que muita gente guarda em cofrinhos. Inclusive eu, acabo ficando com muitas moedas em casa e na loja preciso tanto”, diz.