Economia

Alagoas é o penúltimo Estado no ranking de emprego formal

Dados do Caged apontam quase 7 mil colocações a menos em março

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 01/05/2018 09h23
Alagoas é o penúltimo Estado no ranking de emprego formal
Reprodução - Foto: Assessoria
Números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) colocam Alagoas na penúltima colocação no ranking do saldo de empregos no país. São 6.999 mil empregos a menos: foram 7.100 contratações contra 14.099 demissões no mês de março deste ano. A indústria de transformação é o setor que mais desempregou. Foram 7.912 desligamentos contra 550 admissões. Outro ponto que chama a atenção é que no Nordeste as vagas criadas se concentram em oportunidades de até um salário mínimo. Com tantos números negativos, há pouco o que comemorar no Dia do Trabalhador. É neste cenário que a presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) em Alagoas, Rilda Alves afirma que as reivindicações são o foco este ano. “No Dia do Trabalhador há mais o que reivindicar do que comemorar. A taxa de desemprego tem aumentado cada dia mais. A situação do trabalhador é realmente preocupante. Em segundo lugar, os contratos de trabalho sem carteira assinada aumentando cada vez mais, o chamado bico. Isso deixa o trabalhador em condição muito vulnerável, sem direito a previdência, sem direito a atenção especial, sem direito a nada. A gente tem visto muito os postos de trabalho fechando e o trabalhador não mais recebendo um salário, mas trabalhando para ganhar metade de um salário, até uma diária. Como a pessoa vai ter segurança assim? Neste 1º de maio vamos expor nossas dificuldades, denunciar”, diz Alves. [caption id="attachment_96210" align="alignleft" width="562"] Para presidente da CUT, Rilda Alves, cenário atual é preocupante (Foto: Adailson Calheiros)[/caption] Em todo o país, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a taxa de desocupação ficou em 13,1%. Houve queda na quantidade de trabalhadores com carteira assinada, foram 408 mil pessoas a menos. De acordo com Rilda Alves, o cenário atual é preocupante, mas há um receio também com a conjuntura nos próximos meses. “Nossa preocupação é o que está por vir. Porque se agora está desta forma, daqui para frente como a gente vai ser? Uma coisa que nos preocupa é que a proposta da reforma trabalhista era de aumentar empregos, melhorar a vida do trabalhador, ajuda no crescimento da economia e o que a gente viu foi o contrário”, pontua. Estado apresenta desempenhos negativos desde 2015, diz economista A economista Luciana Caetano explica que o emprego formal no estado tem apresentando desempenhos negativos desde 2015, período no qual a economia nacional retraiu. “A partir de 2015 a gente tem tido uma queda no emprego formal no estado de Alagoas. Tanto no setor de indústria como o setor Administração Pública, o que é incomum. O estado de Alagoas nos últimos anos teve fechamento de unidades de produção do setor sucroalcooleiro que representa quase 90% da indústria de transformação no estado. Isso de certo modo acaba tendo impacto muito grande porque a economia alagoana, ao contrário da economia de São Paulo, não tem uma estrutura produtiva diversificada e sofisticada. Ela tem uma indústria de transformação com apenas dois setores, que é o químico e o sucroalcooleiro. Quando se tem um recuo muito grande de algum deles, é claro que se tem um recuo geral na carteira assinada”, destaca. Luciana explica que o cenário é observado em todos os estados do país, que têm sofrido com as pioras nos índices econômicos. “Na verdade você tem um retrocesso na economia nacional como um todo desde 2015. Em 2015 a economia foi negativa, em 2016 não cresce, 2017 ficou próximo de zero e de um certo modo vai tendo impacto no país inteiro. O desaquecimento da economia brasileira é sentido em todos os estados, mas naqueles mais pobres e que tiveram um desligamento acentuado dos programas sociais isso se agrava. Se pegar por exemplo o programa Bolsa Família, em 2014 nós tínhamos mais 429 mil famílias cadastradas, em 2016 isso já havia caído para 390, quer dizer uma queda acima de 10%. E de certo modo os programas sociais contribuíam com a demanda, com o consumo. A partir do momento que você tem um comprometimento, uma redução e volume da renda nas camadas de baixa renda isso é um efeito em cadeia. Sem falar que a gente não tem uma compensação”. Neste sentido, o estado acaba concentrando índices negativos em diversos aspectos do emprego, como por exemplo os salários e os postos de trabalho. “Como essa economia é pouco diversificada, você acaba tendo uma limitação muito grande no enfrentamento da crise mesmo no mercado de trabalho informal. E se a gente pegar qualquer série história e fizer a comparação de Alagoas com qualquer outro estado a gente vai perceber que normalmente Alagoas, Maranhão e Piauí lideram o nível de remuneração mais baixa do país. É uma concentração de ocupações com baixas remunerações atrelada a um setor produtivo reduzido”.