Economia
Governo anuncia liberação de R$ 12,8 bilhões em gastos no orçamento
Apesar disso, cerca de R$ 32 bilhões em despesas continuam bloqueados
O Ministério do Planejamento anunciou nesta sexta-feira (22), por meio do relatório de receitas e despesas do orçamento de 2017 relativo ao quarto bimestre, a liberação de R$ 12,8 bilhões para gastos dos ministérios e órgãos públicos.
A liberação é possível porque o governo conseguiu a autorização do Congresso para mudar a meta fiscal de 2017. Antes, a meta era de déficit (resultado negativo) de R$ 139 bilhões e, agora, é de déficit de R$ 159 bilhões.
Com a mudança da meta, o teto para o rombo das contas públicas ficou maior e o governo pode, então, gastar mais.
Ao longo deste ano, o governo havia feito bloqueios de cerca de R$ 45 bilhões em gastos para tentar cumprir a antiga meta fiscal, mais apertada. Portanto, mesmo com a liberação de mais R$ 12,8 bilhões em gastos, cerca de R$ 32,2 bilhões em despesas permanecerão contingenciados.
Além de conter gastos, o governo elevou tributos, entre eles o que incide sobre os combustíveis, na tentativa de cumprir a meta fiscal. As medidas foram necessárias porque o reaquecimento da é mais lento que o previsto e, consequentemente, a arrecadação do governo também está abaixo da esperada.
Outra dificuldade enfrentada pelo governo é o fato de quase 90% das despesas serem obrigatórias.
Órgãos passam por dificuldadesA liberação de recursos acontece em um momento de dificuldades de vários órgãos da administração pública. No mês passado, o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, afirmou que "vários órgãos" do governo operam "no limite financeiro".
Recentemente, por falta de verbas, a Polícia Federal suspendeu a emissão de passaportes, já retomada, e a Polícia Rodoviária Federal reduziu o policiamento nas estradas.
Além disso, as universidades federais têm demitido terceirizados, reduzido consumo, cortado bolsas e paralisado obras. Os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) também foram afetados.
Receitas e despesasNo relatório divulgado nesta sexta-feira (22), o governo prevê que a receitas líquidas serão R$ 4,9 bilhões menores que as estimadas no relatório anterior, do terceiro bimestre. Os principais fatores que influenciam nesta queda são:
Revisão para baixo da receita por conta do comportamento da inflação e do PIB nominal: - R$ 3,04 bilhões; Arrecadação menor que a prevista com o programa de repatriação de recursos: - R$ 1,28 bilhão; Corte na previsão de arrecadação com o Novo Refis, de R$ 13 bilhões para R$ 8,84 bilhões; Revisão nas projeções de precatórios e do Refis das autarquias: - R$ 2,78 bilhõesNo documento, o governo também prevê que suas despesas neste ano serão R$ 2,26 bilhões maiores. Os principais itens que levaram a essa revisão são:
Controle de fluxo: + R$ 2,01 bilhões Seguro desemprego: + R$ 1,34 bilhão Abono salarial: - R$ 154 milhões Sentenções judiciais: - R$ 480 milhões Subsídios, subvenções e Proagro: - R$ 226 milhões No limite da metaCom a liberação de R$ 12,8 bilhões em novos gastos, o governo passou a projetar um resultado negativo no limite da nova meta fiscal, de R$ 159 bilhões.
Questionado se a medida não é temerária, o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, afirmou nesta sexta que há, ainda, alguns fatores que oferecem uma "margem de segurança" para que o governo faça esse descontingenciamento sem arriscar descumprir o limite projetado para o resultado das contas públicas.
Ele citou, por exemplo, algumas despesas que tem histórico de "execução baixa" e que, no entanto, por força de decisões judiciais, o governo tem de deixar dotações disponíveis até o fim do ano, como o fundo penitenciário.
Além disso, Oliveira informou que os órgãos nem sempre conseguem executar todo o seu orçamento anual.
O ministro disse ainda que o governo considerou os valores do Refis que ingressaram até o momento e avaliou que novos recursos podem ingressar até o fim de setembro – quando termina o prazo de adesão.
Segundo ele, foram computados também os R$ 11 bilhões que o governo espera levantar com o leilão de hidrelétricas instaladas em Minas Gerais, previsto para o fim de setembro, e que esse valor pode ainda ser maior.
O ministro disse ainda que poderá haver uma receita adicional com precatórios de R$ 2 bilhões a R$ 4 bilhões nos próximos meses, o que poderá resultar em alguma “liberação adicional” de gastos ainda neste ano.
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