Economia
Dólar tem quinta queda seguida e vai a R$3,12, menor nível desde 16 de maio
Moeda recuou 0,71 por cento, a 3,1268 reais na venda
O dólar manteve trajetória de queda nesta quinta-feira e fechou no patamar de 3,12 reais, devolvendo toda a alta acumulada desde o agravamento da crise política em meados de maio, em meio a perspectivas de ingresso de recursos no Brasil e acompanhando o cenário externo.
O dólar recuou 0,71 por cento, a 3,1268 reais na venda, no menor nível desde 16 de maio, quando encerrou a 3,0955 reais. Na noite do dia 17 de maio, a divulgação de áudios gravados por o empresário Joesley Batista, do grupo JBS, atingiu o presidente Michel Temer, levando a moeda norte-americana ao maior nível do ano, a 3,3890 reais, em 18 de maio.
Este foi o quinto pregão consecutivo de queda do dólar, período no qual cedeu 2,54 por cento. O dólar futuro tinha baixa de 0,73 por cento.
"Sem noticiário político, o mercado está especulativo e ir a 3,10 reais não é difícil", afirmou o diretor da mesa de câmbio da corretora MultiMoney, Durval Correa.
Julho tem sido marcado por volume mais enxuto de negócios, em razão das férias no Hemisfério Norte, o que faz com que um menor número de operações ditem o rumo do mercado. Nesse ambiente de menor fluxo, a entrada de recursos esperada com as operações de listagem de empresas na bolsa brasileira no período contribui para o recuo do dólar ante o real.
A oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) do Carrefour Brasil nesta semana movimentou 5,1 bilhões de reais.. Na sexta-feira, será precificada o IPO da Biotoscana Investments. Também são esperadas operações de listagem em bolsa da empresa de tecnologia Tivit Terceirização de Processos, da operadora de planos de saúde Notre Dame, da resseguradora IRB Brasil e da geradora de energia Ômega.
Além disso, na quarta-feira, a empresa de serviços de logística JSL lançou uma captação de 325 milhões de dólares em bônus com vencimento em sete anos.
"Há ainda o investidor que vem aproveitar a Selic, que ainda é bastante elevada", acrescentou Correa ao lembrar que a taxa básica de juros está em 10,25 por cento ao ano. As apostas majoritárias são de que o Banco Central vai cortar em mais um ponto percentual a Selic na próxima semana.
Além do noticiário político mais calmo, com o recesso parlamentar, a queda do dólar no Brasil acompanhou o movimento no exterior.
O dólar caiu nesta quinta-feira para uma mínima em quase dois anos contra o euro, após o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, dizer que os membros da instituição poderiam discutir mudanças no plano de compra de bônus no outono.
O dólar também cedia ante uma cesta de moedas e divisas de países emergentes, como os pesos chileno e mexicano.
Como esperado, tanto o BCE quanto o Banco do Japão mantiveram suas políticas monetárias.
IntervençãOO Banco Central brasileiro vendeu nesta quinta-feira integralmente a oferta de até 8,3 mil swaps cambiais tradicionais --equivalentes à venda futura de dólares-- para rolagem dos contratos que vencem em agosto. Com isso, já rolou 3,735 bilhões de dólares do total de 6,181 bilhões de dólares que vence no mês que vem.
Para o diretor da tesouraria do banco Santander Sandro Sobral, o atual nível do dólar pode levar o mercado a começar a discutir em agosto se o BC vai reduzir o ritmo de rolagem dos swaps cambiais. "Seria uma forma de... preparar o país para atravessar o próximo ano com forte munição", disse em nota a clientes.
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