Economia
Mais de US$ 5 bilhões saem do Brasil na parcial de junho, diz Banco Central
Evasão ocorre em meio ao agravamento da crise política causada pelas denúncias envolvendo o presidente Michel Temer
O chefe-adjunto do Departamento Econômico do Banco Central, Fernando Rocha, não soube dizer se a saída de recursos está relacionada com a nova etapa da crise política, que teve início em 17 de maio, após denúncias de executivos do frigorífico JBS envolvendo o presidente Michel Temer.
Segundo Rocha, porém, os números mostram forte queda na renovação de empréstimos buscados no exterior no acumulado deste mês.
Em maio, a taxa de rolagem (valor de renovação) dos empréstimos foi de 150%, ou seja, os investidores não só renovaram todos os empréstimos que estavam vencendo como buscaram ainda 50% a mais em valores no exterior.
Já em junho, na parcial até o dia 23, essa taxa de rolagem caiu para 60%. Deste modo, os empréstimos não foram totalmente "rolados", isto é, renovados.
Impacto no dólarA saída de dólares favorece, em tese, a alta da moeda em relação ao real. Isso porque, com menos dólares no mercado, seu preço tenderia a subir.
Na parcial de junho, de fato, o dólar vem registrando alta. No fim de maio, a moeda norte-americana estava em R$ 3,23. Nesta terça, por volta das 12h, estava cotada em R$ 3,31.
Segundo analistas de mercado, além do fluxo de dólares, outros fatores influenciam a cotação da moeda, como o cenário político interno e também externo, além da alta dos juros nos EUA, que tende a atrair capital para aquela economia.
Nesta terça, o dólar opera com leves oscilações ante o real devido às dúvidas sobre o andamento das reformas no Congresso Nacional após a denúncia contra o presidente Michel Temer apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de acordo com a Reuters.
Além da condenação, Janot pede a perda do mandato de Temer, “principalmente por ter agido com violação de seus deveres para com o Estado e a sociedade”. É a primeira vez que um presidente da República é denunciado ao STF no exercício do mandato.
Interferência do BCOutro fator que influencia a cotação do dólar são as operações de swap cambial, que funcionam como uma venda futura de dólares, ou de "swaps reversos", que funcionam como uma compra de dólares no mercado futuro.
Nestas operações, o BC faz oferta de dólares para tentar controlar a cotação da moeda e impedir grandes oscilações. Além disso, essas operações servem para oferecer garantia (hedge) a empresas contra a valorização do moeda.
O BC realizará nesta sessão mais um leilão de até 8,2 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, para rolagem dos contratos que vencem em julho, de acordo com a Reuters.
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