Economia
BC mantém em 0,5% estimativa de alta do PIB e vê inflação abaixo de 4% em 2017
Manutenção da estimativa de crescimento do PIB ocorre em momento de incerteza e instabilidade provocadas pela nova crise política envolvendo o presidente Michel Temer
A manutenção da estimativa de alta do PIB para este ano acontece apesar da instabilidade provocada pelas delações de executivos da J&F, que controla o frigorífico JBS, de que o presidente Michel Temer teria dado aval para a compra do silêncio do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.
Mais recentemente, o empresário declarou, em entrevista à revista "Época", que o presidente da República é o chefe "da maior e mais perigosa organização criminosa" do Brasil.
"Essa manutenção do percentual [para alta do PIB de 2017] refletiu, por um lado, resultados favoráveis de indicadores de atividade relativos aos primeiros cinco meses do ano que, se mantidos ao longo do ano, levariam a uma revisão de alta na projeção do PIB anual", informou o BC.
"Por outro lado", diz o documento, "a elevação do ambiente de incertezas", inclusive sobre "a evolução do processo de reformas e ajustes na economia" pode "produzir efeitos negativos sobre a atividade, e recomendam manter a projeção anterior."
O diretor de Política Econômica do BC, Carlos Viana, a incerteza não preocupa a autoridade monetária, mas sim os impactos que essa incerteza pode ter na atividade econômica e na inflação.
"Não especificamente se [a incerteza] é politica ou fiscal [relativa às contas públicas]. O conjunto é que é importante para o BC (...) Existe evidência empírica que, em momentos de incerteza, as pessoas podem esperar um pouco, o ambiente clarear, para fazer investimentos", acrescentou Viana.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos no país, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o comportamento da economia brasileira.
Em 2016, o PIB brasileiro caiu pelo segundo ano seguido e confirmou a pior recessão da história do país, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na última semana, o mercado financeiro previu uma alta de 0,4% para o PIB de 2017.
InflaçãoO Banco Central reduziu a previsão para a inflação oficial, o IPCA, para 3,8% ao final de 2017. No relatório anterior, divulgado em março, a previsão era de que a inflação oscilaria entre 3,9% e 4% neste ano.
Para 2018, a estimativa da autoridade monetária é de que a inflação oficial do Brasil ficará entre 3,9% e 4,5% - patamar um pouco abaixo da última estimativa do BC, feita em março, de que o IPCA ficaria entre 4% e 4,5% no ano que vem.
"O comportamento da inflação permanece favorável, com desinflação difundida inclusive nos componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária. Índices de inflação divulgados recentemente situaram-se abaixo das expectativas e o amplo conjunto de medidas de núcleo de inflação acompanhadas pelo Copom indica nível baixo de inflação corrente", avaliou a instituição.
Para 2017, o Banco Central tem como meta central perseguir uma inflação de 4,5%. O sistema, porém, prevê uma "margem", para mais ou para menos, o que permite que BC cumpra a meta mesmo que o IPCA fique em até 6% neste ano.
Deste modo, o BC estima que a inflação em 2017 ficará abaixo do centro da meta (4,5%).
Em 2015, o IPCA somou 10,67% e estourou o teto de 6,5% vigente para o período. Já no ano passado, a inflação oficial retornou para o limite do sistema de metas, ao somar 6,29% - abaixo do teto de 6,5% fixado para 2016.
O mercado financeiro estimou, na semana passada, que o IPCA, a inflação oficial do país, ficará em 3,64% neste ano e em 4,33% em 2018.
Taxa de jurosA queda nas previsões de inflação do Banco Central, com um valor abaixo meta central de 4,5% para este ano, e em linha com o objetivo central em 2018, é um indicativo de que o BC tende a manter o processo de corte dos juros básicos da economia, atualmente em 10,25% ao ano.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC já efetuou seis reduções seguidas na taxa Selic, sendo as últimas de 1 ponto percentual. Para o fim de 2017 e de 2018, o mercado projeta que a taxa básica de juros da economia recue para 8,5% ao ano.
As decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) da instituição, colegiado formado por diretores e presidente do BC, são "prospectivas", ou seja, são tomadas olhando para as expectativas de inflação para os próximos meses e anos.
Neste momento, o BC já olha o cenário do final de 2017 e de 2018 para tomar as próximas decisões sobre a taxa de juros.
O BC informou no documento divulgado nesta quinta que o "aumento recente da incerteza associada à evolução do processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira dificulta a queda mais célere das estimativas da taxa de juros estrutural e as torna mais incertas".
O mercado estima que, na sua próxima reunião, prevista para o fim de julho, o BC faça um novo corte na Selic, desta vez de 0,75 ponto percentual, o que levaria a taxa para 9,5% ao ano.
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