Economia

Dólar fecha a R$ 3,33 após derrota do governo em comissão do Senado

Moeda dos EUA avançou 1,4%, negociada a R$ 3,3308 na venda, maior cotação de fechamento desde 18 de maio, dia seguinte à divulgação das delações da JBS

Por G1 20/06/2017 18h50
Dólar fecha a R$ 3,33 após derrota do governo em comissão do Senado
Reprodução - Foto: Assessoria
O dólar opera fechou em alta de mais de 1% nesta terça-feira (20), encostando em R$ 3,35, após a Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado rejeitar o texto principal da reforma trabalhista, sinalizando sinalizando que o governo do presidente Michel Temer pode estar com menos força política dentro do Congresso Nacional.

Com a derrota do governo, cresceu o temor entre investidores de que a reforma da Previdência, considerada essencial para colocar as contas públicas do país em ordem, pode não ser aprovada, destaca a Reuters.

A moeda norte-americana avançou 1,4%, a R$ 3,3308 na venda. Na máxima da sessão, bateu R$ 3,3426, segundo a Reuters.

Trata-se da maior cotação de fechamento desde 18 de maio, quando saltou mais de 8% e foi a R$ 3,389, dia seguinte à divulgação das delações dos executivos do grupo J&F e que afetaram Temer.

Derrota do governo

A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado rejeitou, por 10 votos a 9, o relatório da reforma trabalhista elaborado pelo senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), que era favorável ao texto aprovado pela Câmara.

O resultado representa uma derrota para o governo Michel Temer, que vê na reforma trabalhista uma das principais medidas para a área econômica. Apesar de o texto do governo ter sido rejeitado na Comissão de Assuntos Sociais, a reforma trabalhista ainda vai passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e, por fim, pelo plenário do Senado.

"O sinal é muito ruim... de perda de força de Temer", afirmou o economista da gestora Infinity, Jason Vieira, em comentário, informa a Reuters.

Longe de Brasília, em viagem oficial à Rússia, Temer procurou minimizar a derrota sofrida e garantiu que a reforma será aprovada pelo plenário do Senado. "Não é surpresa negativa não, isso é assim mesmo, tem várias fases, varias etapas, e nas etapas você ganha uma, ganha outra, perde outra, o que importa é o plenário", disse o presidente a jornalistas em Moscou.

A crise política que acertou em cheio o governo após delações de executivos do grupo J&F soou o alarme entre os investidores sobre o rumo das reformas, em especial da Previdência, no Congresso. Por isso, a cautela tem sido a tônica dos mercados financeiros nas últimas semanas.

Os investidores trabalharam ainda atentos aos rumos das investigações envolvendo Temer no Supremo Tribunal Federal (STF). Também aguardaram o julgamento do pedido de prisão contra o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), formulado pela Procuradoria-Geral da República, também no STF.

O Banco Central brasileiro vendeu integralmente a oferta de até 8,2 mil swaps cambiais tradicionais - equivalente à venda futura de dólares - para rolagem dos contratos que vencem julho. Com isso, já rolou US$ 4,1 bilhões do total de US$ 6,939 bilhões que vence no mês que vem.