Economia

BNDES descarta venda da JBS: É hora de unir forças para "defender empregos"

Paulo Rabello de Castro lembrou que venda de empresas deve ser feita em momento de valorização e não quando o ativo perde valor

Por G1 20/06/2017 18h59
BNDES descarta venda da JBS: É hora de unir forças para 'defender empregos'
Reprodução - Foto: Assessoria

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Paulo Rabello de Castro, descartou que o banco venderá sua participação na JBS neste momento. Ele disse que o momento é desfavorável para a venda do ativo, que está desvalorizado, e que exige uma união de esforços para defender os empregos e o faturamento da empresa. A afirmação foi feita durante o evento de comemoração dos 65 anos do BNDES, nesta terça-feira (20).

O BNDES é o segundo maior acionista da JBS, atrás da família Batista, controladora da empresa. O BNDESPar, braço de participação do banco, detém 21,32% do capital total da empresa. Os empréstimos e os investimentos do banco na empresa são investigados pela Polícia Federal.

"(A situação da JBS) é, de todas, a situação mais delicada e está em exame. Como eu disse, nos momentos mais adequados de fazer uma alienação de ativos é quando a situação desse ativo está bem na curva de preço e não quando ela está eventualmente subavaliada. Esta empresa, por estar passando por um momento muito delicado e nós somos acionistas extremamente relevantes e compondo um bloco extremamente relevante, este é o momento de unir esforços para defender os empregos e o faturamento dessa entrega da empresa", disse o presidente do BNDES.

A JBS está envolvida em um escândalo de corrupção envolvendo o governo de Michel Temer. Desde a divulgação das primeiras notícias sobre a delação da empresa, a perda em valor de mercado se acumula em R$ 8,6 bilhões, segundo cálculo do G1 com base em dados da Economatica. A empresa já vinha de um cenário adverso depois da Operação Carne Fraca, em março. Desde a operação, a perda acumulada é de R$ 15,3 bilhões.

Questionado sobre o anúncio de um programa de venda de ativos feito pela JBS nesta terça-feira, ele disse que não teve conhecimento, mas que acha uma boa ideia. “Se a atual administração está falando, está amplamente debatido dentro do conselho de administração. Eu também ainda nem estou informado. No máximo, pode ter sido anunciado uma intenção. Aliás, boa", disse.

Nesta terça, a JBS informou que fará um programa de desinvestimentos de R$ 6 bilhões. O plano da empresa inclui se desfazer de sua fatia de 19,2% na empresa Vigor Alimentos, além da participação acionária na Moy Park e dos ativos da Five Rivers Cattle Feeding e fazendas.

Mudanças no BNDES

O presidente do BNDES disse que o BNDES vai acelerar o ritmo de negócios. "Nos próximos seis meses, nós vamos tentar fazer seis anos de trabalho. E depois, em 2018, vamos consolidar isso. É mais ou menos o nível do ritmo que é necessário para que o Brasil assuma a compensação pela grande recessão que nós nos auto impusemos durante esses mais de 20 trimestres", explicou o presidente do banco.

Também presente no evento, o presidente do Banco do Brasil, Paulo Caffarelli, destacou que o aumento de crédito às empresas pode ser uma alternativa para a retomada do crescimento da economia do país e disse que está desenvolvendo, junto com o BNDES, uma linha de crédito mais "atrativa". Ele também defendeu o crédito para exportações e infraestrutura.

"A gente está desenvolvendo uma linha de crédito, em conjunto, Banco do Brasil e BNDES, estamos chamando outros bancos também, pra gente poder trabalhar fortemente na retomada do crescimento das pequenas e médicas empresas", explicou o presidente do Banco do Brasil.

Caffarelli não especificou quais seriam esses incentivos, mas concordou que a redução dos juros poderia ser um deles. De acordo com o presidente do BB, essa nova linha de crédito poderá ser implementada ainda no segundo semestre deste ano.

"Provavelmente seja uma linha do BNDES que vai ser aplicada pelos bancos que tiverem interesse em aplicar essa linha. Nós estamos adaptando essa linha agora, tentando fazer com que ela fique mais atrativa. O importante de tudo isso é a tão necessária retomada do crescimento econômico", completou.