Economia
Michel Temer diz que governo estuda ampliar faixa de isenção do IR
Presidente afirmou que conversas ainda estão em "fase inicial" e não deu detalhes
Durante entrevista a rádios regionais, o presidente foi questionado sobre novas medidas que o governo estuda adotar para a economia e sobre se a correção da tabela do IR seria uma delas.
Sem dar detalhes, respondeu: "O governo fez uma primeira análise para ampliar a faixa de isenção. Ainda é uma conversa inicial".
Em outro momento da entrevista, ele voltou a falar sobre o assunto ao ser questionado sobre se a proposta em estudo seria dobrar a faixa de isenção do IR – neste ano, a faixa de isenção foi de R$ 1.903,98.
Nesta segunda, uma reportagem do jornal "Valor Econômico" afirmou que o governo preparava a proposta para tentar neutralizar um eventual impacto negativo causado pelas propostas de reforma trabalhista e da Previdência.
"Houve uma fala sobre a possibilidade de aumentar a faixa de isenção. Aqui, no Planalto, cadeiras e mesas têm ouvidos. Não há isso concretamente [dobrar a faixa]. Eu aprecio muitíssimo. Seria bom? Seria bom. Alcançaria uma margem de trabalhadores que seriam beneficiados. Mas é uma coisa complicada e foi fruto de uma breve fala que as paredes comentaram", afirmou.
Durante a entrevista às rádios, o presidente voltou a pedir uma "pacificação" do país e comemorou a melhoria de alguns índices econômicos. Temer pediu ainda "otimismo" e uma "corrente de energias favoráveis" para melhorar a economia brasileira.
"A mensagem que eu quero lançar é isso, otimismo. Sob um plano mais ou menos espiritual, um plano mais ou menos esotérico, mas muito espiritual, quando você tem correntes de energia favoráveis, você melhora o país", pediu o presidente.
Reforma da PrevidênciaTida como a principal medida econômica do governo, a reforma da Previdência também foi assunto na entrevista. Ao ser questionado sobre quando o governo considera melhor votar a proposta, Temer respondeu que só levará o tema ao plenário quando tiver a certeza de que terá os votos necessários para aprová-la.
Por se tratar de uma emenda à Constituição, a proposta precisa de, pelo menos, 308 votos dos deputados para ser aprovada. Nos últimos dias, o governo intensificou as negociações para garantir que o texto passará na Câmara.
"É claro que o governo apreciaria votar isso o mais rapidamente possível. Mas temos também critérios para fazer essa avaliação. Cada líder de cada partido está levantando nome por nome, porque não adianta ter 290 votos e levar para o plenário. Você só leva para o plenário se tiver 320, 330 garantidos para assegurar os 308 votos necessários", disse.
Temer acrescentou ainda que considera que o governo terá todos os votos entre a última semana de maio e a primeira de junho.
Questionado sobre uma eventual dificuldade de conseguir apoio ao texto, o presidente negou que o governo tenha "errado na dose" ao propor uma reforma previdenciária muito dura.
"Não errou [na dose]. Nós fizemos uma reforma que imaginávamos que pudesse perdurar por 30 anos. Mas sabíamos que, chegando ao parlamento, haveria objeções e sugestões. Isso ocorreu com muita naturalidade. Pode ser que daqui a dez anos seja preciso fazer outra. Mas o nosso presidencialismo é democrático. O relator colheu as sugestões, e eu dei autorização para negociar", concluiu.
Delações 'fantasiosas'Temer também chamou de "fantasiosas" as acusações de ex-executivos da Odebrecht de que teria negociado propina de US$ 40 milhões ao PMDB – partido do qual Temer faz parte e que presidiu antes de assumir o governo. O depoimento veio a público em abril, quando o sigilo das delações foi levantado.
"Eu sentado numa cabeceira em reunião... US$ 40 milhões é muita coisa. São coisas fantasiosas, mas que pegaram. Isso tem de ser apurado ao longo do tempo", afirmou Temer sobre a delação. Ele pediu paciência para "deixar o Judiciário trabalhar" verificando as informações prestadas nos depoimentos.
O presidente falou ainda sobre o conteúdo da delação dos marqueteiros João Santana e Mônica Moura, que trabalharam nas últimas campanhas petistas à Presidência, incluindo em 2014, quando ele foi eleito vice na chapa encabeçada por Dilma Rousseff.
Para Temer, não se pode incriminar a ex-presidente, que foi citada em diversos trechos pelos delatores. "Não é quem delata quem condena", defendeu.
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