Economia

Membros do Fed avaliam que política fiscal de Trump aumenta risco de inflação

Mercado busca sinalizações de como o banco central dos EUA deve se comportar no governo Trump em relação ao aumento das taxas de juros

Por Reuters 04/01/2017 19h57
Membros do Fed avaliam que política fiscal de Trump aumenta risco de inflação
Reprodução - Foto: Assessoria
Quase todos os membros do Federal Reserve, banco central norte-americano, entenderam que a economia pode crescer mais rapidamente por causa do estímulo fiscal sob o governo do presidente eleito Donald Trump e muitos viam para aumentos mais rápidos das taxas de juros, de acordo com a ata da reunião de dezembro do Fed, divulgada nesta quarta-feira (4).

O documento mostrou quão amplamente as opiniões no Fed estão mudando em resposta às promessas de Trump de reduções de impostos, gastos com infraestrutura e desregulamentação.

Tais mudanças poderiam impulsionar a inflação e criar um cenário de confronto entre o presidente que procura impulsionar o crescimento econômico e o Fed, que tem de evitar superaquecimento da atividade econômica.

"Aproximadamente a metade dos membros incorporou a suposição de uma política fiscal mais expansionista em suas previsões", mostrou a ata da reunião de 13 a 14 de dezembro do Fed, referindo-se aos 17 membros que participaram.

"Quase todos também indicaram que os riscos para suas previsões sobre o crescimento econômico tinham aumentado", mostrou a ata.

Fed sinalizou ritmo mais acelerado de alta

O comitê do banco central elevou por unanimidade as taxas de juros no mês passado em 0,25 ponto percentual e os membros sinalizaram ritmo mais rápido de aumentos em 2017 do que o esperado anteriormente. Isso foi visto como a primeira reação do Fed à vitória de Trump nas eleições de 8 de novembro. Com a alta, a primeira em 1 ano, os juros devem ser elevados para a faixa entre 0,5% e 0,75%, contra 0,25% a 0,5% atualmente.

Mas a ata mostrou que os membros poderiam sinalizar um caminho ainda mais agressivo de aumentos dos juros se as pressões inflacionárias crescerem. Trump fez campanha com promessas de dobrar o ritmo de crescimento econômico dos Estados Unidos e "reconstruir" a infraestrutura do país.

A ata mostrou ainda que "muitos participantes consideraram que o risco de diminuição considerável da taxa normal de desemprego a longo prazo tinha aumentado um pouco e que o comitê poderia ter de aumentar a taxa de juros mais rapidamente".

Trump tomará posse em 20 de janeiro e ainda não descreveu detalhadamente seus planos de política econômica.

Os juros futuros sugerem que os investidores de Wall Street estão apostando que o Fed subirá as taxas em junho e só deverá subir duas vezes até o final do ano, de acordo com o CME Group. expansionista nos próximos anos, mas citaram "consideráveis incertezas" sobre o impacto da administração de Donald Trump sobre a economia e crescimento.

O Fed reiterou que um aumento gradual da taxa básica de juros americana permanece apropriado, reduzindo os temores de uma aceleração do ciclo de aperto monetário para conter eventual pressão sob a inflação por causa da política fiscal expansionista.