Economia

Black Friday não teve os descontos esperados, dizem consumidores

Analista de TI não conseguiu mobiliar a casa e decidiu comprar tudo usado

Por G1 28/11/2016 18h55
Black Friday não teve os descontos esperados, dizem consumidores
Reprodução - Foto: Assessoria

O analista de TI Fernando Lucas Santos, de 37 anos, aguardou a Black Friday para mobiliar a casa. Não conseguiu os descontos esperados e só comprou uma cama. Agora, ele e namorada estão comprando móveis usados em sites de classificados. “Fiquei muito frustrado”, diz.

O G1 ouviu consumidores antes da Black Friday para saber sua estratégia de compras. Após o evento, a reportagem conversou novamente com eles para saber o resultado obtido.

Santos  fez uma lista de compras antes da Black Friday e estava monitorando os preços. Com exceção da cama, que saiu por 35% a menos, os outros itens da lista, como guarda-roupa, micro-ondas, sofá e rack, não tiveram os descontos que ele esperava. A geladeira e a máquina de lavar nem entraram em promoção. No caso da lavadora, ainda houve uma alta de preço. A expectativa dele era economizar R$ 250 por produto. “Acho que este ano as empresas baixaram de preços os itens que estavam encalhados nos estoques”, lamenta. “A gente segurou o bolso com a ansiedade da Black Friday e não foi nada do que a gente pensava. Podia estar morando já com a casa mobiliada e agora  teremos que fazer tudo correndo”, lamenta. Santos calculava gastar cerca de R$ 8 mil na Black Friday, mas agora o gasto será de cerca de R$ 5 mil com a decisão de comprar no site de classificados. “Tem sofás com no máximo 1 ano de uso de marcas renomadas, como um que achei de R$ 2.999 por R$ 900, isso sim é uma Black Friday”, comenta. Santos reclamou também do prazo de entrega nas lojas virtuais - de 15 a 20 dias - e do custo do frete. “Pagar à vista para esperar mais de um mês para receber o produto não dá”, diz. Para ele, ficou o aprendizado. “Valeu a pena toda essa pesquisa pra gente ter consciência dos preços. Acredito que realmente existem os preços bons, mas tem muita estratégia de marketing, e itens de grande procura não entram em promoção”, afirma.Eletrônico compensou; roupas não

Por outro lado, o engenheiro Guilherme de Sá, de 26 anos, conseguiu comprar tudo o que planejava para sua casa pela internet: home theater, caixa de som bluetooth, mixer, máquina de pão, cooktop e videogame. Conseguiu um desconto médio de 20% a 25%, abaixo do que esperava. "Espera 30% pelo menos."

Em entrevista ao G1 na semana passada, Sá contou que, além das compras no varejo online, pretendia ainda comprar os presentes de Natal para a família no shopping. Como achou que os preços de roupas não compensavam, adiou as compras para mais perto da data. “Os descontos foram melhores para eletrônicos e eletrodomésticos. Então consegui comprar os itens mais caros com os descontos mais relevantes. A parte de vestuário não compensou muito. Os descontos eram em alguns itens que para mim não interessava”, comenta. No varejo online, Sá fez a maior parte das compras entre 0h de sexta-feira e, até por volta de 1h30. Ele disse que não valeu a pena esperar a madrugada, já que os preços  no dia da Black Friday não se alteraram em relação aos da chamada “Black Week”, na qual os grandes varejistas anteciparam os descontos uma semana antes. Além dos produtos para a casa, ele comprou pneus, jogo de malas, equipamentos para jogar tênis e as duas Air Fryer que dará de presente para seus pais e sogros. Pagou tudo  no boleto à vista para conseguir média de desconto de 10%.

Apesar de esperar mais, Sá diz que conseguiu comprar com descontos e deve fazer uma nova lista para a Black Friday do ano que vem.

Comprou metade do planejado

Eliakim Santos, que pretendia adquirir dois tablets, um para ele e outro para sua mulher, acabou comprando só um. “Comprei somente o da minha esposa que realmente teve um desconto razoável. O que eu estava pesquisando para mim sofreu um aumento que me surpreendeu”, lamenta.

No equipamento da mulher, ele conseguiu desconto de cerca de 30% e pagou R$ 629. Já o dele, que custava cerca de R$ 1,4 mil antes da Black Friday, no dia da megapromoção estava por R$ 1.650, aumento de quase 20?.

"Utilizo um site de busca que compara os preços e lá tem um histórico que me ajudou a acompanhar e comprovar esse aumento. Percebi que alguns sites de venda inflaram o preço para simular um desconto. Vou deixar para outra oportunidade, talvez a liquidação de fim de ano", diz.

Foco nos saldões de janeiro

O analista de TI José Maurício, de 28 anos, que participa da Black Friday desde 2011, se diz decepcionado com a promoção deste ano. Ele contou ao G1 na semana passada que planejava comprar um novo celular, mas adiou a compra para o ano que vem. “Os preços que eu vi no dia da Black Friday estavam iguais aos de três meses atrás e em alguns casos até mais caros”, diz. O analista escolheu três modelos diferentes de smartphone e começou a monitorar os preços em pelo menos seis sites de redes varejistas, além dos de comparação, em agosto. Maurício, que deixava as compras de produtos mais caros, como eletroeletrônicos e eletrodomésticos, para a Black Friday agora diz que vai aproveitar as liquidações de janeiro e do meio de ano. “Me pareceu que as lojas estavam dando desconto apenas para queimar os estoques. Então só entraram em promoção modelos de celular mais antigos, os novos nem sinal de abatimento”, afirma.