Ciência e Tecnologia

Pesquisa investiga como povos da floresta atuam na conservação da Amazônia

Estudo de Ana Carla Rodrigues, realizado durante doutorado, foi publicado em importante revista científica internacional

Por Ascom Ufal 18/10/2025 02h43
Pesquisa investiga como povos da floresta atuam na conservação da Amazônia
Cerca de seis milhões de pessoas na Amazônia brasileira dependem diretamente da natureza - Foto: Ascom Ufal

Qual é o impacto das comunidades tradicionais na proteção da biodiversidade e conservação da Floresta Amazônica, a maior floresta tropical do mundo? Esse foi o foco da pesquisa desenvolvida por Ana Carla Rodrigues durante seu doutorado no Programa de Pós-Graduação em Diversidade Biológica e Conservação nos Trópicos (PPG-Dibict) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Agora, os resultados foram publicados pela revista Nature Sustainability, uma das mais conceituadas publicações científicas mundiais.

A pesquisadora acompanhou o manejo comunitário do peixe Pirarucu na porção média do Rio Juruá, no estado do Amazonas, e investigou como as populações tradicionais protegem lagos e áreas florestais contra a exploração externa por meio de sistemas locais de vigilância. Ao praticarem a pesca sustentável do pirarucu, as comunidades asseguram a conservação dos ecossistemas vitais para a humanidade. Para o estado do Amazonas, estima-se que 15 milhões de hectares de florestas estejam protegidos por meio dessa estratégia comunitária.

“O manejo comunitário do pirarucu na Amazônia demonstra que as comunidades protegem um dos biomas mais complexos e vitais do planeta. Os benefícios extrapolam a escala regional, contribuindo para a manutenção da biodiversidade e do clima global. Apoiar essas comunidades é fundamental para garantir a conservação a longo prazo e reconhecer o papel central que os povos da floresta desempenham neste bioma”, contou Ana Carla Rodrigues, autora principal do estudo.

A pesquisa também evidencia a dimensão social dessa estratégia. Para João Vitor Campos-Silva, orientador da pesquisa, cerca de seis milhões de pessoas na Amazônia brasileira dependem diretamente da natureza. “Incluir os moradores locais nas práticas de conservação, além de aumentar a eficácia dos resultados, fortalece o bem-estar das comunidades”, reforçou.

A pesquisa contou com a participação de pesquisadores do Instituto Juruá, da University of East Anglia (Reino Unido), da Indiana University (EUA), da Associação dos Moradores Agroextrativistas do Baixo Médio Juruá (AMAB), do Memorial Chico Mendes e do Serviço Florestal dos Estados Unidos (US Forest Service).

Excelência da pesquisa e impactos futuros

A pesquisa demonstra a excelência do ensino e das investigações desenvolvidas na Ufal, na formação de profissionais qualificados, com excelentes resultados para o desenvolvimento científico do Brasil, como também sua importância no cenário internacional. “Este estudo mostra a capacidade da Ufal de formar doutores que desenvolvem ciência de excelência. Ver um trabalho conduzido aqui em Alagoas ganhar espaço em uma das revistas científicas mais prestigiadas do mundo é motivo de enorme orgulho e reforça a relevância internacional da ciência feita na nossa Universidade,” destaca a professora Ana Malhado, do Instituto de Ciências Biológicas e de Saúde (ICBS) e coorientadora da pesquisa.

A expectativa da equipe é que as evidências apresentadas sirvam de base para convencer governos de que apoiar a conservação comunitária é altamente vantajoso do ponto de vista econômico, mas também fundamental para o sucesso de políticas ecológicas e de conservação. “Importante enfatizar que a implementação de mecanismos de remuneração justa, como os Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA), mostra-se uma alternativa promissora para reconhecer e compensar as comunidades pelo papel essencial que exercem na proteção dos ecossistemas amazônicos”, finalizou Ana Carla.

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