Ciência e Tecnologia
Projeto de Iniciação Científica apoiado pela Fapeal conquista 1º lugar em Feira Nacional
Impulso científico desde o nível médio. Essa é a perspectiva que projeta a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) a cada renovação do Programa de Iniciação Científica Júnior (Pibic Jr). O modelo, que é exitoso nas escolas da rede Sesi Senai Alagoas, conquistou novamente reconhecimento com a leva de prêmios na VII Feira Brasileira de Iniciação Científica (Febic). Um dos estudos - Utilização da Biomassa para o Retardo da Desertificação do Solo - garantiu não somente a primeira posição da Febic, como também vagas para outras competições no México e Reino Unido.
A pesquisa, orientada pela professora do Sesi Cambona, Andréa Mario, é composta por cinco alunos e foi iniciada a partir de uma revisão bibliográfica, partindo, em seguida, para o desenvolvimento de uma metodologia baseada em uma composteira, que deve ser constantemente preenchida com matéria orgânica.
“Trabalhamos e fizemos a composteira; elaboramos o passo a passo, a coleta dos materiais com toda a comunidade escolar, inclusive com os pais dos alunos, que ajudaram muito. Aí, somente após todos os materiais coletados, começamos a fazer os testes. Um dava certo e outro já não dava. Assim, fomos melhorando o projeto depois de várias tentativas até chegarmos ao modelo mais adequado”, frisou a professora de Geografia.
Para a estudante membro da pesquisa, Beatriz Pulcino, a investigação se encaminhou à frente das demais, por constatar a hipótese de que a biomassa, sendo rica em amido, poderia servir também como um hidroretentor sustentável. Essa perspectiva se tornou o diferencial técnico da proposta, porque, além de nutrir o solo, o composto atuaria como uma ferramenta para reter líquido e auxiliar os agricultores a passarem por períodos desfavoráveis de secas, por exemplo.
Nesse ensejo, o grupo optou por uma problemática local como foco da análise e tomou o objetivo de descobrir alternativas para os produtores locais atravessarem períodos de grandes estiagens. Contudo, conforme os testes e verificações foram sendo realizados em um condomínio urbano, os estudiosos observaram a flexibilidade de adaptação da biomassa.
“A gente começou a pensar quais eram as problemáticas que existiam na nossa região e chegamos ao tema da desertificação. Aí passamos a pesquisar quais eram os métodos que já existiam, tanto de forma única, de pessoa para pessoa, quanto o que o mercado estava fazendo, e introduzimos de fato a nossa pesquisa, sobre o que a gente iria fazer”, frisou Beatriz Pulcino.
Outro diferencial importante a ser mencionado é que o projeto é acessível, não somente no âmbito financeiro, como é igualmente sustentável em seus utensílios. Ele foi feito de forma a não deixar resíduos. Todos os produtos utilizados na produção da composteira, desde a sua construção até o que foi depositado nela, foram itens reutilizáveis. Por isso, o custo para se fabricar é baixo - menos de R$ 700,00 –, contando com os itens que já se pode ter em casa, como furadeira, baldes e etc.
A estudante ressalta que a composteira pode ser feita de qualquer tamanho, a depender do espaço que se dispõe em casa e do que se deseja produzir. “Se o objetivo é ter uma horta em casa, não é preciso fazer uma composteira como a que nós fizemos, com baldes de tinta de 18 litros. Nesse caso, pode-se fazer num formato menor, inclusive em caixas, porque toda produção varia”, explicou a jovem.
O projeto acabou obtendo tanto êxito, que a rede Sesi Senai em Alagoas já solicitou ao grupo de estudos que produzisse um material didático para implantar a compostagem em todas as unidades do Estado.
“Também vamos implantá-lo no ‘Movimente-se’, um assentamento do MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra] que existe no Benedito Bentes. Estamos articulando, e quando nós retornarmos de férias iremos lá realizar a implantação”, ressaltou a orientadora.
Participação na VII Febic
O projeto pôde contar, ao longo de seu desenvolvimento, com três bolsas da Fapeal e, assim, levou o primeiro lugar da Febic, na categoria Ensino Médio e/ou Técnico Concomitante – Ciências Agrárias. A feira tem o propósito de viabilizar que os estudantes apresentem suas ideias criativas e inovadoras no formato de projeto científico, com o objetivo de socializar e integrar os diversos conhecimentos e habilidades pedagógicas.
“Nesse momento, a palavra que vem é gratidão, porque, lembramos as dificuldades que passamos nos últimos quatro anos, nessa área da iniciação científica; dos vários obstáculos que enfrentamos, mas conseguimos vencer”, completou Andréa Mario.
Segundo a equipe, “esse prêmio terminou possuindo um gostinho diferente”, pois todas as outras feiras das quais o grupo participou foram on-line e, em cada uma delas, o time alcançou o primeiro lugar. Nesta edição da Febic, em específico, eles conseguiram participar presencialmente da competição e trazer o prêmio para Alagoas.
Considerando o saldo do evento e olhando para o futuro, agora a equipe espera organizar os dados e análises obtidas, com o intuito de prospectar uma pesquisa similar num próximo Pibic. Afinal, habilidades e motivação são requisitos que eles têm de sobra para iniciar novos projetos, abarcando o contexto científico para além do nível médio.
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