Ciência e Tecnologia
Saiba o que são ataques cibernéticos e como se proteger
Levantamento aponta que aumentou as tentativas destes crimes no Brasil; foram 31,5 bilhões no primeiro semestre contra 16,2 no mesmo período de 2021
Com certeza você já ouviu falar em ataques cibernéticos ou que um sistema operacional online de uma empresa ou de um indivíduo foi hackeado, pois bem - esse tipo de ataque visa causar danos ou obter o controle ou o acesso a documentos e sistemas importantes em uma rede de computadores pessoais ou comerciais. E, geralmente tem como alvo principal organizações empresariais ou governamentais. No primeiro semestre deste ano, o Brasil registrou 31,5 bilhões de tentativas de de crime deste tipo.
Os dados são de um levantamento da Fortinet -empresa de soluções em segurança cibernética. De acordo com o estudo, esse número é 94% superior ao mesmo período de 2021, quando foram contabilizados 16,2 bilhões de registros no país. O estudo foi realizado pelo laboratório de inteligência e ameaças, FortiGuard Labs
Esses dados configuram o cenário dos seis primeiros meses de 2022, mas vale lembrar que nos últimos dias, grandes empresas de diversos setores como JBS, Binance e Record foram vítimas de ataques hackers, causando prejuízos financeiros. Essas empresas tiveram que negociar e pagar resgates aos atacantes para obter as informações de volta.
De acordo com dados da Akamai (Empresa de nuvem que aciona e protege a vida online, apreciada por marcas líderes globais), 110 milhões de ciberataques foram interrompidos somente em 24 horas, e nos últimos 7 dias os setores de comércio, tecnologia e serviços financeiros foram vítimas de quase 65 milhões de ataques Web.
A reportagem do Tribuna Hoje, conversou com o especialista no assunto, Helder Ferrão, gerente de marketing de indústrias da Akamai América Latina, sobre como se proteger destes ataques cibernéticos. E segundo Ferrão, não há mecanismos ou solução de cibersegurança que torne as empresas 100% imunes aos hackers, mas existem ferramentas e práticas para diminuir ou até mesmo impedir danos a prejuízos à empresa.
''O risco cibernético sempre existirá para os usuários e as organizações que estão na internet. Entretanto, existem algumas ferramentas e práticas que podem ser implementadas para diminuir ou impedir danos e prejuízos às empresas e suas operações. Além disso, alguns comportamentos simples no dia a dia podem ser adotados pelas organizações na hora de treinar e informar os colaboradores da empresa que ajudam a evitar ciberataques. Segundo o estudo 'The Global Risks Report 2022', feito pelo Fórum Econômico Mundial, 95% dos problemas de segurança cibernética acontecem devido ao erro humano, o que mostra a importância das organizações realizarem tais treinamentos e reforçarem para os colaboradores os comportamentos recomendados para evitar a ação dos hackers'', explica Helder Ferrão.
O especialista também deu algumas dicas os gestores de empresas se proteger e evitar ter informações hackeadas.
''É interessante realizar backups periódicos de dados, informações, configurações do sistema e arquivos auxiliares. Um detalhe importante é que os ambientes de armazenamento dos backups não devem estar continuamente conectados à rede da empresa, isso facilita a ação dos malwares de ransomware quando estes iniciam o processo de replicação lateral (o que chamamos de movimento leste-oeste), já que eles buscam comprometer todos os sistemas e dados que estejam disponíveis on-line para criptografia ou exclusão. Outra dica é investir na criação de senhas fortes para acesso aos sistemas e aplicações da empresa, utilizando, sempre que possível, soluções adequadas de autenticação multi-fator para validação do acesso. Somado a isto, devem ser realizados treinamentos periódicos para os colaboradores, conscientizando-os sobre boas práticas de segurança e incentivá-los a adotar uma postura de prevenção contra as ameaças cibernéticas. Por fim, aconselhamos trabalhar com parceiros e prestadores de serviços de segurança que atuem em conjunto com a equipe de TI ao enfrentar uma situação de risco ou quando a empresa necessitar avaliar alternativas e soluções de cibersegurança. Um parceiro especialista poderá complementar os conhecimentos e a atuação da equipe interna e tornará mais fácil lidar com o problema'', pontua o especialista.
Em relação ao pagamento de resgate exigido pelos atacantes, Helder ressalta que apesar dos valores seres bem alto, não garante a empresa/indivíduo ter acesso a tudo que foi codificado.
''Quando falamos de ransomware, o pagamento de resgate exigido pelos atacantes geralmente envolve valores altos (chegando a casa dos milhões de reais) e mesmo assim nem sempre garante total acesso a tudo que foi codificado. O ataque começa quando os criminosos conseguem colocar um malware na infraestrutura de tecnologia (servidores, máquinas, sistemas, aplicações) da organização, e então o malware, ao entrar em uma máquina, vai descobrindo os endereços IP dos demais componentes dentro da mesma rede e vai se replicando. Após isso, o malware vai para a internet, no site do atacante e busca uma chave de criptografia para encriptar todos os arquivos dentro dos servidores, assim as aplicações param de funcionar e não é possível acessar os documentos. Nessa hora, os atacantes exigem o pagamento do resgate em troca da chave de decodificação para ter acesso aos arquivos. Não recomendamos pagar o resgate, pois mesmo que a empresa pague e receba a chave, não é certeza que irão conseguir acessar tudo como anteriormente'', comenta.
''Por isso, recomendamos o investimento contínuo em cibersegurança e medidas preventivas, para que essa situação extrema seja evitada ao máximo. Um bom exemplo de solução de cibersegurança que ajuda no combate ao ransomware é a microssegmentação. Ela “divide” a estrutura tecnológica em vários segmentos, onde cada um possui seus próprios controles de segurança bem delimitados. Isso reforça os firewalls de segurança, aumenta a visibilidade da rede da empresa e neutraliza ciberataques que trafegam de forma lateral entre máquinas virtuais e servidores, impedindo o malware de se espalhar completamente dentro do sistema da organização. Caso o ambiente seja comprometido, o impacto fica delimitado ao segmento afetado, evitando problemas no restante do ambiente da organização'', acrescenta Helder Ferrão.
Ou seja, investir em tecnologia de segurança é essencial, ainda mais sabendo que considerando a América Latina, o Brasil fica atrás apenas do México, que teve 85 bilhões de tentativas de ataques hackers.
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