Ciência e Tecnologia

Funcionários dizem que Google não deve se unir aos EUA em ‘negócio da guerra’

Empresa participa de projeto piloto do Exército norte-americano que usa inteligência artificial para melhorar ataques de drones

Por G1 05/04/2018 15h16
Funcionários dizem que Google não deve se unir aos EUA em ‘negócio da guerra’
Reprodução - Foto: Assessoria
Milhares de funcionários do Google pediram ao presidente-executivo da empresa que cancele a parceria com o Exército dos Estados Unidos que usa inteligência artificial para melhorar a identificação de alvos de ataques feitos por drones no campo de batalha. Em carta endereçada a Sundar Pichai, mais de 3,1 mil pessoas afirmaram: “Nós acreditamos que o Google não deveria estar no negócio da guerra.” Elas pedem que o Google deixe o Projeto Maven. Ainda em fase piloto no Pentágono, ele é um sistema que aplica de inteligência artificial às imagens aéreas coletadas pelos drones do governo dos EUA para detectar veículos e outros objetos. O objetivo é identificar movimentações suspeitas para abastecer o Departamento de Defesa com informação. Outras companhias de tecnologia, como Microsoft e Amazon, também estão envolvidas no projeto. “Construir essa tecnologia para auxiliar o governo dos EUA no monitoramento militar – que podem ter resultados potencialmente letais –não é aceitável.” Na carta, os funcionários do Google afirmam que Diane Greene, a presidente da área de computação em nuvem da companhia, chegou a afirmar que a tecnologia não será usada para “operar drones” ou para “lançar armas”. “Enquanto isso elimina um limitado número de aplicações, a tecnologia está sendo construída para uso militar e, uma vez entregue, poderá facilmente ser usada para ajudar a cumprir essas tarefas”, rebateram os funcionários. A carta enviada a Pichai é uma das primeiras manifestações públicas de funcionários de uma grande empresa de tecnologia contra a atuação de sua companhia empregadora no desenvolvimento de tecnologia voltada para área militar. Robôs assassinos Já há uma mobilização no mundo de especialistas de robótica e inteligência artificial contra a criação dos chamados “robôs assassinos”. Nesta quarta-feira (4), acadêmicos de 30 países, incluindo do Brasil, propuseram um boicote contra a KAIST, após a universidade líder em pesquisa na Coreia do Sul e uma das maiores do mundo criar um laboratório de armas com inteligência artificial em parceria com a Hanwha Systems, fabricante de armamento especializada em fabricar bombas de fragmentação. Esses artefatos explosivos foram proibidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) em uma resolução assinada por quase cem países – a Coreia do Sul, porém, não é uma das signatárias. A ONU começou a avaliar em novembro de 2017 a proibição de armas autônomas, o nome técnico dos “robôs assassinos”. Os funcionários do Google temem que a companhia nade contra a corrente ao se aliar ao Pentágono. “Em meio ao crescente mede de inteligência artificial enviesada e armada, o Google já tem encontrado dificuldade para manter a confiança pública. Ao firmar esse contrato [com o Exército], o Google se juntará a companhias como Palantir, Raytheon e General Dynamics”, dizem.