Ciência e Tecnologia
Usuários de aparelhos celulares básicos resistem às novas tecnologias
Muita gente diz não ao ritmo alucinante dos smartphones e às vantagens que eles oferecem com diversos aplicativos
Mesmo com tantos avanços no setor da tecnologia, sobretudo no que diz respeito aos modernos aparelhos celulares com funções quase inimagináveis, ainda existem pessoas alheias à utilização desse tipo de aparelhos e as vantagens que eles podem proporcionar.
A auxiliar de serviços gerais, Izenilda Silva Santos, não aderiu à moda dos aparelhos modernos. Ela prefere o “dumbphone” (“burrofone”, em uma tradução livre, o celular básico, com funções mínimas, sem aplicativos e demais ferramentas que os smartphones oferecem).
“Eu prefiro um celular que faça e receba ligação, e já estar de bom tamanho, essa é a função do aparelho. Com ele consigo me comunicar com a família e amigos e não sinto falta dessas tecnologias todas que surgem a cada dia”, comentou Izenilda.
Izenilda disse que as filhas têm aparelhos mais modernos com vários aplicativos e funções. “Elas comentam para eu comprar um aparelho mais moderno, mas eu prefiro um mais simples, apenas para fazer e receber ligações. Nem mensagem eu mando, só quando é necessário. Prefiro fazer uma chamada mesmo. Acho que a ligação já é uma boa comunicação.”
A auxiliar de serviços gerais, não aderiu os smartphones, mas usa redes sociais no computador.
“Eu não tenho um celular moderno porque realmente não gosto, acho que a função do telefone móvel é fazer e atender ligações para emergência, mas tenho no computador o facebook para ficar conectada com os amigos e parentes que moram fora e até na cidade. Então já estou seguindo os avanços tecnológicos de alguma forma”, completou.
A orientadora social do Programa Nacional de Inclusão de Jovens (ProJovem), Leonia Cavalcante, também faz parte dos 62,7 milhões de linhas móveis que operavam até março deste ano com celular mais simples no País, ou seja, via 2G que não tem acesso a internet segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Para Leonia existem dois motivos para a não utilização de smartphones: Primeiro é a condição financeira que não permite escolher um celular moderno e o segundo é que mesmo se pudesse ter um, o manuseio seria complicado porque sempre usou um celular comum.
“Desde sempre uso, esses aparelhos celulares mais simples, acho os mais modernos complicados para manusear. Fazer e receber ligação são o ideal para mim. Sem contar que os modelos mais antigos, como o lanterninha da Nokia e de outras marcas, são mais em conta”, ressaltou Leonia.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 38.659 milhões de pessoas de 10 anos ou mais de idade não tinham telefone móvel celular para uso pessoal até 2014.
Segundo dados do IBGE, em 2014 em Alagoas, apenas 796 pessoas de 10 anos de idade ou mais entre os pesquisados não possuíam telefone móvel para uso pessoal, representando 28,4%. Já os que possuíam foram 71,6%, correspondendo 2.004 usuários. O levantamento foi feito por amostras em pesquisas a domicílio.
De acordo com a Anatel, aproximadamente 25% das linhas móveis em todo Brasil ainda permanecem restritas a chamadas de voz, e o máximo em tecnologias utilizadas pelos seus usuários são mensagens SMS.
Repulsa a novos dispositivos não caracteriza isolamento
O psicólogo Lawerton Braga, disse que as tecnologias são úteis no dia a dia, mas toda escolha no extremo pode ser patológico. Ele explicou ainda que a escolha de usar um celular com ferramentas mais modernas ou apenas um com mínimas funções não leva ao isolamento.
“Em primeiro lugar precisamos entender qual a escolha real das pessoas. Digo, negarem a tecnologia no que encene às redes sociais e outros programas e aplicativos que aparecem ou aderir simplesmente o uso de aparelhos celulares para funções básicas não demonstra um isolamento. Porém, todo o extremo pode ser patológico, tanto de pessoas que se excluem de toda forma de tecnologia, quanto àquelas que vivem em função delas.”
O psicólogo diz que a escolha do uso de uma ferramenta não leva ninguém ao isolamento. “Simplesmente pode ser a escolha de pessoas que não estejam familiarizadas e não seguiu o ritmo dos avanços tecnológicos em geral. Toda escolha é saudável. Dá para seguir o meio termo”, explicou o psicólogo.
A psicóloga clínica e ludoterapeuta Poliana Guimarães Lopes explicou que todas as pessoas têm seus motivos para acompanhar ou não os avanços e isso não é um isolamento. “Não significa necessariamente isolamento. Cada pessoa tem seus motivos, opções e necessidades e às vezes opta por não aderir algo novo porque já está acostumada com o que tem”, disse.
Às vezes, as pessoas optam por não aderir a algo novo porque já estão acostumadas com o que têm, diz Poliana Lopes (Foto: Arquivo pessoal)
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