A noite do Grammy Latino, realizada nesta quinta-feira (13) em Las Vegas, teve um toque especial da moda alagoana. A estilista Rúbia Safira, jovem revelação do Estado, assinou o vestido usado pela cantora pernambucana Joyce Allane, que concorreu ao prêmio de Melhor Álbum de Música de Raízes em Língua Portuguesa com Casa Coração. A peça chamou atenção por ser confeccionada com cascas de sururu, em homenagem às mulheres marisqueiras de Alagoas.

O vestido foi criado no final de 2024 como projeto de Trabalho de Conclusão de Curso da estilista, que se inspirou na realidade das comunidades que vivem da coleta do marisco. “Moro próximo à Lagoa Mundaú e pude conversar com as marisqueiras pessoalmente. Estudei bastante sobre descarte e quis valorizar o trabalho dessas mulheres, trazendo sua história para a moda”, contou Safira.

A produção da peça exigiu técnica e cuidado artesanal. Cada casca de sururu foi aplicada manualmente, simbolizando a força e o cotidiano das marisqueiras. “As cascas foram coladas uma a uma e trazem um pouco da luta da mulher marisqueira. Queria algo que tivesse relevância para o nosso estado”, destacou a diretora criativa.

A escolha do vestido por Joyce Allane, de 26 anos, encantou o público e reforçou a visibilidade do trabalho de Safira. A cantora, que estreou como indicada ao Grammy Latino, destacou a importância de levar elementos culturais nordestinos ao tapete vermelho internacional.

Um símbolo de identidade alagoana

O sururu, considerado patrimônio imaterial de Alagoas, é encontrado nas lagoas de mangue e está diretamente ligado ao sustento de diversas famílias. Além de representar uma importante fonte de renda, o molusco faz parte da culinária tradicional, presente em pratos como o sururu ensopado no leite de coco e o tradicional sururu de capote.

Ao transformar esse elemento cultural em moda, Rúbia Safira levou ao Grammy uma expressão da identidade alagoana, valorizando as raízes e a força das mulheres que vivem do marisco.