Cidades
Violência contra a mulher assusta população alagoana
Casa da Mulher registra desde janeiro 1.649 atendimentos de forma presencial e remota e número ainda deve aumentar
A violência contra a mulher em Alagoas está estarrecendo a sociedade e aumentando as estatísticas de forma assustadora. Enquanto a Polícia Civil de Alagoas (PC/AL) investiga as peças do quebra-cabeças para responder o que, de fato, aconteceu com as duas mais recentes vítimas de violência Jessica Daiane Gonçalves da Silva, 20 anos, e Crislaine Maria Gomes da Silva, 19 anos, além de sua filha, Celine Raíssa Caetano da Silva, uma bebê de apenas dois meses, o trabalho na Casa da Mulher Alagoana não para.
De janeiro a setembro deste ano, a Casa da Mulher Alagoana realizou 1.649 atendimentos de forma presencial e remota. Deste total, 129 mulheres precisaram de alojamento, das quais 76 estavam acompanhadas dos filhos. Em 2024, foram atendidas mais de 1.511 mulheres e 47 abrigamentos.
Jessica Daiane Gonçalves da Silva e Crislaine Maria Gomes da Silva não tiveram oportunidade de pedir atendimento no local. A Polícia Civil confirmou que o corpo de mulher decapitada encontrado às margens da Lagoa Mundaú, em Coqueiro Seco, é de Jessica.
Ela estava desaparecida desde o último domingo, dia 19. Seu corpo – sem a cabeça – foi localizado na última segunda-feira, dia 20. Ela estava com os braços amarrados nas costas. Um pano, de cor roxa, cobria as partes íntimas. Ainda não se sabe a autoria e a motivação do crime.
O corpo estava sem roupas na parte superior e apresentava sinais de extrema violência. A jovem morava no bairro Vergel do Lago, quando foi vista pela última vez com vida.
De acordo com o delegado Ronilson Medeiros, da Coordenação de Pessoas Desaparecidas, assim que o corpo foi localizado, foram tiradas fotografias das tatuagens e enviadas para a mãe da jovem. A partir das fotos enviadas, a própria mãe confirmou que o corpo era da filha.
A identificação oficial foi realizada por meio de exame de necropapiloscopia, técnica que analisa as impressões digitais após a morte. O procedimento foi conduzido pela papiloscopista Bruna Peixoto, do Instituto de Identificação.
O perito criminal Victor Portela, responsável pela perícia de local, o crime ocorreu em outro ponto, e o corpo foi jogado na lagoa, sendo levado pela maré até o local onde foi encontrado.
Ele explicou que o estado de saponificação [processo de decomposição que transforma a gordura do cadáver em uma substância cerosa, semelhante a sabão] permitiu a conservação das digitais. Detalhes como o tempo de morte e outras informações serão verificados no exame de necropsia a ser realizado no Instituto Médico Legal (IML).
A investigação segue sob responsabilidade da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que buscará esclarecer as circunstâncias da morte, assim como seu autor ou autores. Até o fechamento desta edição, a cabeça não havia sido encontrada.
A Polícia Civil fez um apelo à população para que quem souber de algo sobre o crime, informe através do Disque Denúncia (telefone 181). A ligação é gratuita e o sigilo é garantido.
De acordo com informações da Polícia Militar, além do cadáver ter sido encontrado sem cabeça, também estava sem roupas na parte superior do tronco, com apenas um pano de cor roxa cobrindo as partes íntimas. Ainda não se sabe a autoria e a motivação do crime.
As investigações continuam por meio da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), para esclarecer as circunstâncias da morte e reunir mais informações sobre o caso.
Qualquer informação sobre o corpo pode ser fornecida para a polícia através do Disque Denúncia (telefone 181). A ligação é gratuita e o sigilo é garantido.
Mãe e bebê
A Polícia Civil também segue na investigação do assassinato de Cryslaine Maria Gomes da Silva e na tentativa de localizar o corpo de sua bebê, Celine Raíssa Caetano da Silva, de apenas dois meses de vida.
A principal linha de investigação aponta que o crime foi motivado por um triângulo amoroso envolvendo a vítima, o ex-companheiro dela e um amigo da família, que está preso após indicar o local onde o corpo foi deixado. Ele confessou ter assassinado mãe e filha.
Segundo o delegado João Marcos, o amigo do ex-casal teria um relacionamento íntimo com o ex-companheiro da vítima. O pai da criança já foi interrogado, mas não foi apontado como suspeito do caso. Até o fechamento desta edição, a bebê ainda não tinha sido localizada.
O delegado Ronilson Medeiros explicou que a causa da morte ainda será determinada oficialmente pelo Instituto Médico Legal (IML), mas adiantou que há indícios de perfuração por arma branca. O corpo de Cryslaine Maria Gomes da Silva foi encontrado em estado avançado de putrefação.
Mãe e filha foram vistas pela última vez, com vida, no dia 12 de outubro, na cidade de Rio Largo, onde moravam.
As investigações seguem em andamento. A Delegacia de Homicídios busca esclarecer todos os detalhes do crime e localizar a bebê desaparecida.
O corpo da jovem mãe foi encontrado, na tarde da última segunda-feira, 20, em uma área de mata na região da avenida Cachoeira do Meirim, no Benedito Bentes, parte alta de Maceió.
Um laço e uma meia de bebê foram encontrados perto de onde o corpo foi localizado. O suspeito de ter ocultado o cadáver da jovem foi preso após o corpo ter sido encontrado.
A família da jovem divulgou prints de supostas ameaças feitas contra a mulher nas redes sociais. Antes de ter o corpo da filha localizado, desesperada, a mãe de jovem chegou a apelar para encontrar a filha “viva ou morta”. Mãe e filha desapareceram após irem até uma mercearia próxima à casa delas.
A jovem tem três filhos e estava separada, há cerca de cinco meses do pai das crianças, segundo relato de familiares.
Casa da Mulher Alagoana
Vítimas como Jessica Daiane Gonçalves da Silva e Crislaine Maria Gomes da Silva não tiveram oportunidade de pedir atendimento na Casa da Mulher Alagoana. Já as vítimas de violência que conseguem procurar ajuda no local relatam casos de violência psicológica, ameaça e violência física.
O local recebe mulheres de todo o estado, inclusive turistas ou pessoas que estão passando pela cidade e sofrem violência ou ameaça.
A Casa da Mulher Alagoana funciona desde 2021. É um espaço humanizado que conta com atendimento psicossocial, Delegacia Especializada para boletim de ocorrência e pedido de medida protetiva, Juizados Especializados, Defensoria Pública para prestação jurídica, brinquedoteca, prioridade nos programas sociais da prefeitura, como aluguel social e casa própria.
“Além disso, a Casa também serve como abrigo temporário para aquelas que estejam em situação de risco ou que não tenham para onde ir com seus filhos”, destacou a coordenadora da Casa da Mulher Alagoana, Paula Lopes. Ela garantiu que o local é o mais completo de atendimento para mulheres vítimas de violência no estado.
A Casa da Mulher Alagoana conta com os telefones (82) 2126-9650 e (82) 99157-3023 e fica localizada ao lado da Praça Sinimbu, no Centro de Maceió. O espaço funciona 24 horas todos os dias da semana para os serviços de abrigamento, e para os atendimentos, de segunda a sexta, das 7h30 às 18h.
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