Cidades

Construção civil lidera acidentes de trabalho

No 1º semestre de 2025 foram registradas mais de 2 mil ocorrências e 10 trabalhadores entraram em óbito

Por Valdete Calheiros - colaboradora / Tribuna Independente 26/09/2025 06h40 - Atualizado em 26/09/2025 07h32
Construção civil lidera acidentes de trabalho
A média dos últimos anos é de quatro mil acidentes, conforme o superintendente da DRT, Cícero Filho - Foto: Ascom PC/AL

Alagoas registrou, apenas no primeiro semestre deste ano, 2.113 acidentes de trabalho. Deste total, 10 trabalhadores foram a óbito. A maioria das ocorrências é registrada na construção civil – obras de uma forma em geral, inclusive, contratos feitos por pessoas físicas –, indústria e área rural.

As informações foram repassadas pelo superintendente da Delegacia Regional do Trabalho em Alagoas, Cícero Pereira dos Santos Filho. Ainda conforme as estatísticas, a média dos últimos anos é em torno de quatro mil acidentes de trabalho.

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Brasil registra altos índices de acidentes de trabalho. De acordo com o Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) do Ministério da Saúde, de 2020 a 2024, Alagoas registrou 25.319 ocorrências deste tipo.
O Ministério Público do Trabalho em Alagoas (MPT/AL) registrou, no ano passado, 2.890 acidentes de trabalho, dos quais 18 os trabalhadores foram vitimados fatalmente. O órgão citou os dados extraídos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Do total de acidentes 689 foram registrados na fabricação de açúcar em bruto, 226 em atividades de atendimento hospitalar, 154 ocorreram no comércio varejista de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios (hipermercados e supermercados), 89 em atividades de instalações elétricas, 85 ocorreram em restaurantes e outros estabelecimentos de serviços de alimentação e bebidas, 77 em hotéis e similares, 70 na fabricação de artefatos de material plástico não especificados anteriormente, 65 em atividades de profissionais da área de saúde, exceto médicos e odontólogos, 62 em construção de edifícios e 59 em coleta de resíduos não-perigosos.

Dos 18 óbitos registrados em decorrência da atividade laboral, quatro foram na fabricação de açúcar em bruto, dois na construção de edifícios e um óbito em cada uma das atividades listadas a seguir: comércio varejista de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios; hipermercados e supermercados: transporte rodoviário coletivo de passageiros, sob regime de fretamento, e outros transportes rodoviários não especificados anteriormente; instalações elétricas; atividades de teleatendimento; construção de redes de abastecimento de água, coleta de esgoto e construções correlatas; restaurantes e outros estabelecimentos de serviços de alimentação e bebidas; comércio atacadista de produtos alimentícios em geral. bancos múltiplos, com carteira comercial; obras de engenharia civil não especificadas anteriormente; manutenção e reparação de veículos automotores; fabricação de malte, cervejas e chopes, transporte rodoviário coletivo de passageiros, com itinerário fixo, municipal e em região metropolitana e transporte rodoviário coletivo de passageiros, com itinerário fixo, municipal e em região metropolitana.

Os dados apresentados pelo MPT/AL foram extraídos do Observatório Digital de Segurança e Saúde no Trabalho. O órgão não divulgou os números deste ano. A explicação é de que ainda estão sendo reunidos.

Acidentes com vítima fatal

Em maio deste ano, o trabalhador Wilton Albuquerque Costa, 60 anos morreu depois que o teto de um galpão em construção desabou parcialmente, no bairro de Jaraguá, em Maceió, durante o trabalho de destelhamento do local.

Ele chegou a ser internado no Hospital Geral do Estado, mas não resistiu à gravidade dos ferimentos. Outros dois trabalhadores também ficaram feridos.

No mês seguinte, em junho, dois trabalhadores caíram em poço de elevador, de uma altura de 45 metros, em obra no bairro de Jacarecica. Ambos sofreram lesões na coluna e na cabeça.

O MPT/AL está com inquérito civil público em andamento para apurar as circunstâncias dos acidentes, identificar responsabilidades e adotar as medidas administrativas cabíveis. “Caso as respostas não sejam suficientes, aí sim ocorre a adoção de medidas judiciais”, detalhou o órgão.