Cidades

Empresária desenvolve doença após choque em poste e enfrenta batalha judicial

Por Tribuna Hoje com agências 31/07/2025 15h35
Empresária desenvolve doença após choque em poste e enfrenta batalha judicial
Ana Paula Medeiros sofre com neuralgia do trigêmeo desde 2024 - Foto: Reprodução


Imagine ser surpreendido com uma descarga elétrica durante uma simples caminhada em família. Foi assim que a vida da empresária Ana Paula Medeiros, moradora de Maceió, mudou radicalmente. Em 2024, ela tocou em um poste no Corredor Vera Arruda, no bairro Jatiúca, e sofreu uma descarga elétrica que a deixou presa ao equipamento. A partir desse episódio, passou a conviver com a neuralgia do trigêmeo, considerada uma das piores dores do mundo.

A condição atinge o nervo trigêmeo, responsável por sensações no rosto. No caso de Ana Paula, as crises surgem de forma súbita, com choques intensos, comparados por ela a “facadas na cabeça”. “Muitas vezes, desmaio de dor. É como se fossem dezenas de choques ao mesmo tempo. Não consigo comer, nem levantar da cama”, desabafou.

Além da dor física devastadora, Ana enfrenta um segundo desafio: os custos exorbitantes do tratamento. Uma única dose de injeção que ajuda a aliviar as crises custa cerca de R$ 500. Mensalmente, os gastos com remédios e terapias somam até R$ 20 mil. “A gente tira de onde pode, pede ajuda à família e a amigos. Dependo da empatia das pessoas”, relatou.

Ação judicial e impasse de responsabilidades

Diante da gravidade do caso, a defesa de Ana Paula ingressou na Justiça cobrando que a Equatorial, empresa responsável pela distribuição de energia elétrica em Alagoas, arque com o tratamento.

Em nota, a Equatorial se defendeu, afirmando que o poste envolvido no acidente possuía uma caixa de comando de iluminação pública, cuja manutenção seria de responsabilidade da Prefeitura de Maceió. A empresa alegou ainda que inspeções apontaram corrosão e deterioração no equipamento.

Por outro lado, a Prefeitura, por meio da Ilumina Maceió, declarou que o poste é de uso compartilhado, mas que toda a estrutura da rede elétrica pertence à Equatorial. A gestão municipal disse não ter sido informada de qualquer risco na área e afirmou que, após testes técnicos, não foi detectada corrente elétrica nos pontos sob sua responsabilidade.

Dor, esperança e alerta

Enquanto aguarda a resposta judicial, Ana Paula vive uma rotina de limitações e cuidados paliativos. “É como se eu fosse uma paciente terminal. Tem dias em que não consigo nem pensar em comida de tanta dor”, confessou.

Ela faz questão de transformar seu drama em alerta: “Esse poste continua lá, e quantas outras pessoas ainda podem passar por isso? Precisa ter responsabilização”.

O caso de Ana Paula expõe não só os efeitos devastadores da neuralgia do trigêmeo, mas também o risco real à segurança pública causado pela precariedade de equipamentos urbanos e a lentidão na definição de responsabilidades.