Cidades

Pesquisa mostra impactos das unidades de conservação na proteção de manguezais

Estudo avalia como a proteção legal e a gestão influenciaram na conservação dos manguezais ao longo do tempo

Por Maria Villanova / Ascom Lacos21 17/05/2025 00h11 - Atualizado em 17/05/2025 01h21
Pesquisa mostra impactos das unidades de conservação na proteção de manguezais
Os manguezais são ecossistemas costeiros fundamentais para a biodiversidade - Foto: Arquivo pessoal

As unidades de conservação (UCs) são importantes aliadas na preservação dos manguezais brasileiros, mas o mero reconhecimento legal dessas áreas de proteção é insuficiente para sua conservação. É o que revela um estudo recém-publicado na revista Ocean & Coastal Management, de autoria da pesquisadora Rosy Valéria da Rocha Lopes, doutoranda em Diversidade Biológica e Conservação nos Trópicos pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

O estudo teve orientação da professora Ana Malhado, do Laboratório de Conservação do Século 21 (Lacos21), do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS), e coorientação do professor Guilherme Demétrio, do Laboratório de Ecologia Vegetal que é vinculado à Unidade da Ufal em Penedo.

A pesquisa avaliou a cobertura e a configuração dos manguezais entre os anos de 2000 e 2022, em 25 UCs distribuídas ao longo do litoral do Brasil. A partir de análises espaciais, métricas de paisagem e modelos estatísticos (GLMM), fatores como área, forma dos fragmentos e presença de instrumentos de governança — como conselhos gestores e planos de manejo — foram analisados e avaliados para verificar de que forma influenciaram na conservação dessas áreas.

Doutoranda da Ufal durante pesquisa em manguezais (Foto: Arquivo pessoal)

“Queríamos entender se essas áreas protegidas estão funcionando na prática ou se permanecem apenas no papel, especialmente, num ecossistema tão sensível e vital como os manguezais”, destacou a autora que, recentemente, retornou de um período de doutorado sanduíche na University of Florida, nos Estados Unidos.

Resultados

Os resultados mostram que, embora as UCs tenham sido eficazes em reduzir a perda e a fragmentação dos manguezais, a existência de instrumentos de gestão por si só não garantiu uma conservação significativamente melhor. “Esse dado reforça a importância de estruturas institucionais mais robustas e da atuação contínua da gestão local”, concluiu Rosy.

O estudo traz uma importante contribuição científica, tanto para a academia quanto para a formulação de políticas públicas. Os manguezais são ecossistemas costeiros fundamentais para a biodiversidade, para a segurança alimentar de populações tradicionais e para a mitigação das mudanças climáticas, devido à sua capacidade de sequestrar carbono.

Rosy Lopes passou por um período de doutorado sanduíche na University of Florida, nos Estados Unidos da América (Foto: Arquivo pessoal)

“A pesquisa mostrou a importância da criação de novas Unidades de Conservação para a conservação dos manguezais, que, dentro dessas áreas, há menor perda da biodiversidade e maior preservação. Mas não basta criar, é necessário a implementação de fato e o acompanhamento das ações lá realizadas, através de uma gestão pública eficiente”, observou a doutora em Biodiversidade e Conservação pela Ufal, Carolina Neves, que colaborou com a publicação.

Agora, os próximos passos da tese de doutorado de Rosy Valéria envolvem investigar a capacidade dessas unidades de conservação no sequestro e armazenamento de carbono. Para isso, a pesquisadora utilizará técnicas de sensoriamento remoto, geoprocessamento e dados de biomassa coletados em campo, representando um avanço importante no entendimento da conservação efetiva de ecossistemas costeiros no Brasil.

A publicação está disponível no portal ScienceDirect neste link.