Cidades
Ambientalistas propõem criação de Refúgio da Vida Silvestre no sul de Alagoas
Moradores, pesquisadores e instituições unem forças para proteger uma das últimas áreas de restinga do estado, ameaçada pela especulação imobiliária

Uma campanha liderada por pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), em parceria com outras entidades da sociedade civil, busca transformar a área de restinga entre a Praia do Francês e a Barra de São Miguel em uma Unidade de Conservação da Natureza, do tipo Refúgio da Vida Silvestre.
A sugestão surgiu após levantamento técnico feito pela comissão de pesquisadores sobre o tema, criada pela portaria GR nº 279/2025, assinada pelo reitor Josealdo Tonholo e publicada no final de abril. A comissão é presidida pela professora Maria Aliete Bezerra Lima Machado, do curso de Ciências Biológicas do Campus Arapiraca da Ufal.
Aliete é moradora da Praia do Francês e militante histórica pela preservação da restinga. "Estou nessa luta há mais de 30 anos, mas ela começou ainda antes, com professores como José Geraldo Marques. Agora temos a chance de garantir proteção legal definitiva a esse ecossistema tão ameaçado", afirma Aliete.
A proposta de Refúgio da Vida Silvestre visa preservar um dos últimos fragmentos contínuos de restinga no estado de Alagoas, que abriga espécies ameaçadas de extinção, como a tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), que utiliza a região para desova. “A perda da restinga não é só uma tragédia ecológica, é também um desastre social e climático. O avanço do mar é inevitável, e a restinga é nossa defesa natural”, reforça a docente.
A mobilização se intensifica diante da ameaça constante de avanço da especulação imobiliária na região, com a construção de condomínios e resorts que podem comprometer um dos ecossistemas mais frágeis e importantes do litoral alagoano. O movimento visa incluir a proposta na iniciativa do Governo Federal e do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), que prevê a criação de duzentas novas unidades de conservação em todo o país.
Para isso, além de estudos técnicos e científicos, a campanha aposta no engajamento popular. Foi lançado um abaixo-assinado que pretende alcançar cem mil assinaturas, com o objetivo de sensibilizar o MMA sobre a importância ecológica e social da área. Além da Ufal, também participam do movimento o Instituto Salsa-de-Praia, o Coletivo Praia Limpa, a Paróquia São Pedro Pescador e outras organizações locais.
O Refúgio da Vida Silvestre é uma categoria de proteção integral, que impede construções e alterações significativas no ambiente natural, garantindo a preservação de ecossistemas e a continuidade dos ciclos naturais. Para os moradores e pesquisadores envolvidos, é uma forma de proteger não apenas a biodiversidade, mas também o modo de vida tradicional das comunidades costeiras.
A petição pública está disponível para assinatura online (https://chng.it/PgTwsXFRcv), e os organizadores conclamam todos os alagoanos e brasileiros comprometidos com o meio ambiente a se juntarem à causa: “Juntos, podemos fazer a diferença e garantir que as futuras gerações ainda possam conhecer a beleza e a riqueza da nossa restinga”, conclui o manifesto da campanha.
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