Cidades

50 anos do desaparecimento de Jayme Miranda: a luta por memória e justiça

Evento na OAB Alagoas reuniu familiares, amigos e autoridades para relembrar a trajetória do jornalista e advogado desaparecido durante a ditadura

Por Rívison Batista 04/02/2025 21h11 - Atualizado em 05/02/2025 05h15
50 anos do desaparecimento de Jayme Miranda: a luta por memória e justiça
Evento aconteceu na OAB em Jacarecica - Foto: Rívison Batista

Na noite desta terça-feira (4), a sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Maceió recebeu um grande público para o ato em memória dos 50 anos do desaparecimento do jornalista e advogado Jayme Miranda. O evento, realizado na Sala dos Conselhos, no bairro de Jacarecica, foi promovido pelo Comitê Alagoas de Memória, Verdade, Justiça, Reparação e Democracia, e teve como lema a frase: "Para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça." O auditório estava lotado, reunindo familiares, amigos, jornalistas, advogados, ativistas e representantes da sociedade civil, todos unidos para relembrar a trajetória de Jayme Miranda e reforçar a importância da memória histórica sobre os crimes cometidos durante a ditadura militar.

O desembargador Tutmés Airan esteve no local e destacou a relevância de eventos como a homenagem a Jayme Miranda para a preservação da memória e da história do Brasil. Segundo ele, relembrar o passado é essencial para compreender o presente, uma vez que acontecimentos marcantes, como a repressão da ditadura militar, ajudam a explicar a realidade política do país. Para o magistrado, o regime militar não apenas tomou o poder à força, mas também perseguiu, torturou e eliminou aqueles que pensavam de maneira diferente.

Tutmés Airan enfatizou que a principal lição deixada por esse período sombrio é que tais crimes não podem se repetir. Ele reforçou a importância de manter viva a lembrança das vítimas da ditadura para evitar que novas gerações enfrentem os mesmos abusos. "Estamos aqui para não esquecer", afirmou, ressaltando que a memória histórica é uma ferramenta fundamental na defesa da democracia e dos direitos humanos.

A vereadora Teca Nelma destacou a importância do evento em memória de Jayme Miranda, ressaltando a grande adesão do público e a necessidade de resgatar a história de Alagoas e do Brasil. Segundo ela, a lotação do auditório demonstra o interesse da sociedade em não deixar que figuras como Jayme caiam no esquecimento. No entanto, a parlamentar lamentou o motivo da homenagem, lembrando que o desaparecimento forçado é um dos crimes mais cruéis da ditadura, pois impõe um luto interminável às famílias, que jamais obtêm respostas sobre o destino de seus entes queridos.

Com experiência à frente da Comissão de Direitos Humanos por quatro anos, Teca reforçou a necessidade de seguir mobilizando a sociedade para manter viva a memória das vítimas do regime militar. Ela ressaltou que a falta de informações sobre o paradeiro de Jayme Miranda e sobre os sofrimentos que ele enfrentou reforça a brutalidade da repressão. Ao lado de representantes do Comitê e de movimentos populares, a vereadora afirmou que a luta por justiça e verdade deve continuar para que crimes dessa natureza nunca mais se repitam.

O presidente da OAB Alagoas, Vagner Paes, ressaltou a importância do evento em homenagem a Jayme Miranda para a preservação da memória e da história. Para ele, a presença de um grande público e de personalidades no evento demonstra o interesse da sociedade em manter viva a lembrança de figuras que marcaram a luta pela democracia. Paes destacou que conhecer o passado é essencial para construir um futuro melhor, reforçando a necessidade de relembrar momentos históricos como os vividos por Jayme durante a ditadura militar.

A OAB Alagoas, segundo Paes, sente orgulho em sediar o evento e contribuir para resgatar a trajetória de Jayme Miranda. O presidente afirmou que o jornalista representa a resistência em um dos períodos mais sombrios da história do Brasil e que iniciativas como essa ajudam a manter sua memória pulsante, garantindo que sua luta não seja esquecida pelas novas gerações.

O presidente do Sindicato dos Jornalistas de Alagoas, Alexandre Lino, destacou a importância da homenagem a Jayme Miranda, jornalista e militante político desaparecido durante a ditadura militar. Durante o evento que marcou os 50 anos do seu desaparecimento, Lino ressaltou que a cerimônia reuniu diversos setores da sociedade em reconhecimento à trajetória de Jayme, um alagoano que se destacou na luta pela democracia. Segundo ele, o jornalista foi perseguido por sua profissão e por denunciar as injustiças do regime, tornando-se uma das vítimas da repressão.

Apesar da lembrança dolorosa, o presidente do sindicato enfatizou que a celebração também representa uma vitória da democracia e da história brasileira. “No final das contas, nós vencemos”, afirmou Lino, reforçando que Jayme Miranda continua presente por meio de seu legado. Para ele, homenagens como essa são essenciais para manter viva a memória daqueles que enfrentaram a ditadura e defenderam a liberdade de expressão.