Cidades
Após saldo 'bilionário' negativo, mulher vai buscar indenização
Vítima relata dias de constrangimento e vergonha em restaurante ao tentar pagar conta
O que era para ser mais um momento de descontração e lazer com os amigos, foi transformado na situação mais constrangedora pela qual passou a auxiliar administrativa Christiane Mirelly Duarte Pereira. Na semana passada, ao tentar pagar a conta do consumo no restaurante, ela se deparou com um saldo negativo de 1 bilhão e 200 milhões de reais.
O fato aconteceu no último dia 22 de janeiro. A auxiliar administrativa deveria pagar exatos R$ 165,00 (cento e sessenta e cinco reais) ao restaurante e como tinha absoluta certeza de estar com saldo suficiente para pagar a despesa, tentou fazê-la [a reportagem não precisou o saldo que a correntista tinha na conta para não entrar em detalhes sobre a movimentação financeira].
“Tentei pagar o valor de R$ 165.00 três vezes. E em todas, a transação foi negada. Ao abrir o aplicativo do Banco Itaú para conferir o que estava acontecendo, me deparei com um saldo negativo na casa dos milhões e o meu saldo anterior na conta tinha sumido. Fiquei bastante nervosa. Sem entender o que estava acontecendo, pedi ao dono do restaurante para deixar a conta em aberto e expliquei que voltaria no dia seguinte para pagar a conta assim que recebesse explicações do banco”, contou. Christiane Mirelly deixou seu RG no estabelecimento comercial, como garantia de que voltaria.
A auxiliar administrativa explicou que no dia seguinte ao fato, dia 23 de janeiro, entrou em contato pelo SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor) e foi informada de que seria aberto um processo para analisar a situação e que o prazo era de uma semana.
Inconformada com o prazo, que considerou extenso, e sem dinheiro algum na conta, Christiane Mirelly pegou dinheiro emprestado com amigos e foi até a Agência 7951 do Banco Itaú, localizada na Avenida Júlio Marques Luz, no bairro da Jatiúca.
“Todos os funcionários ficaram assustados com o ocorrido e ninguém sabia explicar o que havia acontecido. Ligaram para diversos setores, abriram chamados ao longo do dia, recebi várias ligações de funcionários de outras unidades, de fora de Maceió. E naquele dia, nada foi resolvido. Meu saldo inicial só foi restituído no dia 24 de janeiro, portanto, 48 horas depois do fato”, recordou ao acrescentar que até carta, de próprio punho, explicando a situação teve que escrever à agência.
Devido ao fato de ter passado dois dias, sem dinheiro algum na conta e ainda com um saldo “milionário” negativo, Christiane Mirelly afirmou que irá procurar reparação judicial.
“Foram dois dias de muito constrangimento. Passei a maior vergonha no restaurante e tive sérios problemas para desenrolar a situação. Passei 48 horas resolvendo trâmites burocráticos que o banco me causou”, finalizou.
‘Situação atípicas em contas bancárias estão cada vez mais comuns’
A advogada Ana Gabriela Soares aceitou explicar a situação de forma genérica. Por não representar os interesses da correntista, a especialista discorreu de forma abrangente sobre o passo a passo que qualquer correntista pode seguir diante de uma situação similar.
Segundo ela, infelizmente, situação atípicas em contas bancárias estão cada vez mais comuns. “Os golpes fantasmas, como são chamadas as ocorrências em que a pessoa olha a movimentação bancária e, do nada, percebe alguma transação estranha estão cada vez mais corriqueiros”, pontuou.
Ana Gabriela Soares citou como exemplo, saques indevidos, pix indevido, operações que vêm ocorrendo com maior frequência e são decorrentes de falha da prestação de segurança do banco.
Na avaliação da advogada especialista, é muito comum a pessoa utilizar o saldo bancário para realizar as transações mais rotineiras como fazer um pagamento no débito ou até mesmo realizar os pagamentos mensais corriqueiros. E se a pessoa tiver sido vítima de um “golpe fantasma”, logo vem uma situação vexatória na sequência da tentativa frustrada de pagamento.
“Ao juntar todas as provas, é legitima uma ação judicial com pedido de danos morais decorrentes da situação. O mesmo se aplica a supostos juros e multas somados a uma fatura que a pessoa deixou de pagar porque seu dinheiro, comprovadamente, sumiu da conta corrente. Em uma situação como essa, quaisquer juros ou multa terão que ser ressarcidos pelo banco, já que é da instituição financeira a responsabilidade pela falha de segurança”. detalhou.
Por isso, ensinou a advogada, o correntista precisa ficar atento, checar suas contas bancárias com maior regularidade, ter controle dos extratos e, ao primeiro sinal de alerta de qualquer transação suspeita, agir imediatamente.
“Agir imediatamente não significa necessariamente já iniciar um processo judicial. A primeira medida é procedimento administrativo. O correntista deve comunicar ao banco, abrir uma reclamação no Procon, abrir uma reclamação no Bacem [Banco Central do Brasil] e, principalmente, usar os meios oficiais do banco para iniciar a reclamação. Após esses procedimentos e munidos de provas como, por exemplo, extratos bancários que comprovam a transação suspeita e do protocolo que mostra a abertura do procedimento administrativo é o momento de procurar uma procurar um advogado especializado no assunto para poder dar encaminhamento”, salientou.
Para finalizar, a advogada Ana Gabriela Soares ainda fez um alerta ao explicar que o correntista não deve responder, por exemplo, um SMS recebido de um número 0800, por talvez tratar-se de um golpe. O caminho mais seguro, frisou, está nos canais de comunicação oficiais do banco e, de preferência, com o próprio gerente.
Procon orienta que consumidor deve procurar a Justiça
O próprio Procon orientou que em situação como a que ocorreu com a correntista, o consumidor deve procurar a Justiça devido à seriedade do assunto.
Sobre reclamações contra instituições bancárias, de forma geral, o órgão de defesa do consumidor recebeu, em 2024, 5.943 reclamações. Do total, 1.854 foram sobre casos de empréstimo indevido, foram registradas 1.682 queixas sobre descontos indevidos e outras 1.257 reclamações sobre renegociação de dívidas.
Erro pontual
À reportagem da Tribuna, o Itaú Unibanco informou, por meio de nota, que identificou no extrato da cliente em questão a demonstração de um débito que não ocorreu de fato, fruto de um erro sistêmico pontual. “O banco pede desculpas por qualquer inconveniente que a situação tenha causado à cliente e ressalta que o erro foi corrigido”. A nota foi enviada pela assessoria de comunicação do banco.
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