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Golpes: OAB/AL registrou mais de 190 denúncias envolvendo a advocacia somente em 2024

Casos chegaram ao conhecimento da Comissão de Fiscalização e Combate às Práticas Irregulares na Advocacia; alguns golpes fazem uso de inteligência artificial

Por Ascom OAB/AL 29/01/2025 21h27 - Atualizado em 29/01/2025 22h15
Golpes: OAB/AL registrou mais de 190 denúncias envolvendo a advocacia somente em 2024
Golpistas estariam criando perfis no WhatsApp - Foto: Reprodução

A Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas (OAB/AL), por meio da Comissão de Fiscalização e Combate às Práticas Irregulares na Advocacia, vem registrando um aumento significativo de denúncias envolvendo casos de falsos advogados no estado. Ao longo de 2024, foram mais de 190 denúncias registradas pela comissão. Entre os casos que se destacam, estão situações de golpistas se passando por advogados, inclusive, simulando a voz dos profissionais, e o envio de supostas petições e folhas de custas para as vítimas.

Com o compromisso constante de defender a advocacia alagoana, a Comissão de Fiscalização vem acompanhando, nos últimos anos, os casos ocorridos no estado. De janeiro a dezembro de 2024, estima-se que mais de 190 relatos de falsos advogados foram denunciados à Comissão, mas o número pode estar subnotificado e ser bem maior.

Entre as mais recentes denúncias recebidas, estão duas nas quais os advogados relataram que os golpistas estariam criando perfis no WhatsApp, utilizando as fotos dos escritórios e dos profissionais e até simulando ligações com a voz dos advogados, possivelmente com o uso de inteligência artificial, para aplicar golpes em clientes.

Um desses profissionais foi o advogado trabalhista Cícero Bezerra, que recebeu vários relatos de clientes que vivenciaram situações semelhantes, em que golpistas se passavam por ele. Ele chegou a registrar três boletins de ocorrência, mas, de acordo com ele, os golpes continuaram a acontecer.

“Desde junho de 2024, venho enfrentando, junto aos meus clientes, uma nova modalidade de golpe que tem causado grandes prejuízos. Os golpistas utilizam minha foto, a logomarca do escritório e informações detalhadas dos processos cíveis e trabalhistas para enganar as vítimas. Esses criminosos acessam os processos públicos, baixam os documentos e entram em contato diretamente com os clientes. Em um caso recente, ocorrido em dezembro de 2024, um cliente perdeu dois mil reais durante o recesso. Desta vez, os golpistas chegaram ao ponto de enviar mensagens de voz usando uma simulação da minha voz, provavelmente criada a partir de vídeos que publiquei no Instagram. Este fato reforça que estão utilizando tecnologias avançadas, como a inteligência artificial, para enganar as vítimas de maneira ainda mais convincente”, explicou ele.

Ao longo do último ano, casos envolvendo o envio de petições advindas do portal do Judiciário para clientes via WhatsApp, com uma folha de custas constando, inclusive, o timbre do Judiciário, também foram registrados. As vítimas estariam recebendo o documento e sendo informadas sobre valores a receber. Para terem acesso aos recursos, elas estariam sendo induzidas a enviar dados bancários e valores referente às custas processuais. Foi o que aconteceu com um dos clientes da advogada alagoana Sibelle Bastos.

“Há duas semanas, fui surpreendida por clientes que relataram que estavam recebendo mensagens pelo aplicativo de WhatsApp de pessoas que alegavam que faziam parte da equipe do meu escritório. Estavam utilizando minha imagem, dizendo que os clientes tinham direito a receber valores e que, para tanto, precisavam dos dados da conta para realização do cadastro. Não é a primeira vez que isso ocorre, ano passado também entraram em contato com clientes e terceiros que não presto serviço. Já fiz boletim de ocorrência, mas não adianta. Quando ocorre, perco o dia com ligações e mensagens querendo saber se partiu daqui do escritório. É lamentável ter que passar por isso”, citou ela.

Priscila Barros, presidente da Comissão de Fiscalização e Combate às Práticas Irregulares na Advocacia, destaca a importância do contato frequente da advocacia alagoana com a OAB/AL para o combate a essa prática.

“A Comissão de Fiscalização conta com o apoio da sociedade para denunciar essa prática por meio dos nossos canais. Chegando a denúncia, fazemos a averiguação, o eventual flagrante e a condução do acusado até a delegacia. Essa é uma problemática que atinge diretamente os cidadãos que são lesados e enganados, muitas vezes pagando valores a pessoas que não solucionarão as suas questões jurídicas”, explicou ela.

Priscila enfatiza ainda que, mesmo com a recorrência de casos do gênero, percebe-se uma consciência da sociedade em relação a esse tipo de golpe. “Com a informação chegando cada vez mais à sociedade, percebemos que a própria população está mais ‘atenta’ a esse tipo de prática”, disse ela.

Para evitar que esse tipo de situação continue acontecendo, Barros recomenda algumas orientações, como a verificação de que o advogado ou advogada, de fato, possuem inscrição no Cadastro Nacional dos Advogados, disponível no site https://cna.oab.org.br/, além de outros cuidados.

“Sugerimos que o cidadão fique atento. Advogado não passa de porta em porta ou liga para oferecer serviço jurídico. Antes de contratar um advogado, se certifique junto à OAB se, de fato, ele possui inscrição e, ao mínimo sinal de dúvida, não contrate, pesquise e veja se, de fato, aquela pessoa que se apresenta como advogado realmente é um profissional da área”, frisou ela.

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