Um dos símbolos da cultura em Alagoas – o Centro de Belas Artes (Cenarte) –, cuja sede está localizada na Rua Pedro Monteiro, no Centro de Maceió, agoniza, esperando que as cortinas sejam reabertas e o local possa voltar a protagonizar grandes aprendizados das mais variadas expressões culturais do Estado.

O prédio abandonado é um edifício histórico com um importante legado, tendo abrigado o primeiro Jardim da Infância de Maceió e também a Rádio Difusora, pioneira na radiodifusão do Estado. O Cenarte é administrado pela Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa de Alagoas.

No passado, oferecia uma variedade de cursos nas áreas de música, dança, teatro e artes plásticas. Nem de longe, o Cenarte lembra que um dia já foi referência no desenvolvimento artístico-cultural de Alagoas.

Fechado para reforma desde 2022, atualmente o Cenarte resume-se a ruínas. Ultimamente, o local vem sendo alvo da ação de vândalos que levaram o que ainda restava. Nem mesmo portão existe mais.

Até a tarde de ontem, o prédio podia ser invadido por qualquer pessoa. Fazendo as vezes de serviço improvisado de segurança, dois homens se revezam à entrada do Cenarte. A equipe de reportagem do jornal Tribuna Independente não teve acesso ao interior do prédio.

Mesmo sem fardamento característico de empresa de segurança ou sem identificação profissional, um dos homens afirmou que o acesso ao prédio só poderia ser feito mediante autorização.

O Centro de Belas Artes de Alagoas, conhecido como Cenarte, foi estabelecido no dia 16 de agosto de 1982, como parte da antiga Fundação Teatro Deodoro.

O projeto visionário foi concebido pelo então presidente, Braulio Leite Júnior, um renomado ator, teatrólogo, jornalista e escritor, que também desempenhou um papel fundamental na criação de outros importantes espaços culturais em Alagoas, tais como o Teatro de Arena Sérgio Cardoso, o Museu da Imagem e do Som e a Sala de Concertos Heckel Tavares.

O Cenarte surgiu com a missão de democratizar a arte e a cultura, assegurando a todos o acesso ao rico patrimônio artístico e cultural de nosso estado. Seu embrião foi a Escola de Música de Alagoas (EMAL), que inicialmente operava no prédio anexo ao Teatro Deodoro.

Diante do crescente interesse do público, dos resultados positivos obtidos e da crescente demanda, o projeto expandiu-se, culminando na criação do Cenarte.
Este passou a funcionar no bairro do Farol, mais especificamente na Rua Dr. Antônio Brandão, em um prédio anexo ao Seminário. Essa localização estratégica foi escolhida com cuidado, oferecendo um ambiente propício para a educação.

Obras de arte são roubadas e arquivos queimados

Com obras de arte roubadas após abandono do prédio histórico, o acervo foi destruído, conforme denunciam os artistas alagoanos.

A riqueza patrimonial do Cenarte incluía pianos, teclados e quadros de pintores alagoanos. Além disso, caixas com arquivos do acervo histórico foram queimadas e espalhadas pelo chão sujo, tomado por lixo, fezes humanas, garrafas e cacos de vidro.

A Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa de Alagoas informou que a reforma do Centro de Belas Artes de Alagoas será retomada ainda no segundo semestre de 2024. Durante esse período, acrescentou, medidas importantes estão sendo tomadas para preservar o local.

Ainda de acordo com a Secult, foi reforçada a segurança do prédio para evitar qualquer tipo de dano adicional, e a recolocação do portão será uma das ações prioritárias antes do início das obras, garantindo assim a integridade do espaço.

A Secretaria reiterou também seu compromisso com a preservação e revitalização do prédio, garantindo que todas as etapas do processo sejam conduzidas com o devido cuidado e responsabilidade.