Cidades
ONU visita bairros “às escondidas”
Ex-moradores, vítimas da mineração da Braskem, mostram espanto ao saberem da visita em um domingo e sem aviso prévio
Um misto de surpresa e espanto tomou conta dos ex-moradores dos bairros atingidos pelo afundamento do solo causado pela mineradora Braskem, ao receberem a informação de que membros da Organização das Nações Unidas (ONU) visitaram, durante o domingo (30), locais estratégicos atingidos (30) visitaram a região, em companhia de representantes da Defesa Civil de Maceió. A comitiva fez uma espécie de ronda nos bairros Pinheiro, Bom Parto, Mutange, Bebedouro e Farol.
Um dos líderes do Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (MUVB) Alexandre Sampaio, afirmou que o encontro entre ONU e Defesa Civil foi recebido com estranheza pelos moradores e lideranças.
“Tanto a UNOPS, entidade escolhida pelo Comitê Gestor de Danos Extrapatrimoniais para gerenciar a verba de 150 milhões, conhece o nosso trabalho, quanto o próprio comitê e a Prefeitura de Maceió. A ONU está em Maceió e não conversa com as lideranças que fazem a resistência, ainda mais no contexto em que a gente sabe que as autoridades aqui estão todas cooptadas pela Braskem. Desta forma, a ONU não entendeu o que realmente está acontecendo na cidade”, justificou.
O coordenador geral do MUVB, Cássio Araújo, informou que irá participar junto a outras lideranças brasileiras representantes de vítimas de grandes tragédias de uma reunião on line com a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, sediada em Porto Rico.
Na oportunidade, além das vítimas da Braskem, poderão falar representantes das tragédias de Brumadinho, Mariana, Boate Kiss e Ninho do Urubu. O Estado brasileiro terá fala na reunião para explicar quais ações viabiliza para atenuar os problemas dessas vítimas. “Quanto à visita da ONU que aconteceu sem nenhuma liderança foi apenas mais uma manobra para colocar os problemas debaixo do tapete”, reclamou.
O grupo de representes da ONU foi recebido pelo coordenador-geral do órgão, Abelardo Nobre, que apresentou todo o processo de monitoramento dos bairros afetados pelo afundamento do solo em Maceió. E foi também recebido pelo tenente-coronel Luciano, da Defesa Civil Estadual.
A comitiva seguiu para uma ronda nos cinco bairros afetados pelo afundamento do solo, após conhecer o Centro Integrado de monitoramento e Alerta da Defesa Civil Municipal (Cimadec). Na visita, os integrantes do grupo puderam conhecer e dirimir dúvidas sobre o maior desastre ambiental em curso no mundo, atualmente.
Conforme o coordenador-geral da Defesa Civil da capital, Abelardo Nobre, em explicação aos representantes da ONU, todo o monitoramento feito pelo órgão dispõe de alta tecnologia para identificar qualquer movimentação no solo da região.
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