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Milho: esperança é vender mais no São Pedro

Preço da “mão” com 52 espigas varia de R$ 40 a R$ 60, mas vendas ainda não estão no volume que os comerciantes esperam

Por Valdete Calheiros - colaboradora / Tribuna Independente 27/06/2024 08h56
Milho: esperança é vender mais no São Pedro
O mês mais nordestino do ano, junho fica mais saboroso com o produto à mesa, seja no bolo de milho, com ele assado ou cozido, e na canjica, pamonha, munguzá ou no cuscuz - Foto: Edilson Omena

O mês mais nordestino do ano fica mais saboroso com o milho à mesa. Em junho, o cereal é fartamente encontrado nas principais praças da capital e nos mais diversos pontos do Estado. A mão de milho, com 52 espigas, está custando R$ 40, R$ 50 ou R$ 60, a depender do tamanho da espiga.

Quem comercializa o produto afirma que as vendas não estão ainda como os santos juninos gostam. Segundo os comerciantes, neste ano a venda de milho caiu em até 20% se comparado aos festejos juninos do ano passado.

ESPERANÇA

A esperança está depositada nos últimos dias do mês, quando serão comemorados véspera e dia de São Pedro.

Um dos pontos mais conhecidos de venda de milho em Maceió é a Praça Afrânio Jorge, popularmente conhecida como Praça da Faculdade, no bairro do Prado. No local, o vendedor José Simião de Lima Filho bate ponto, sempre no mês de junho, há 36 anos. Na sua avaliação, a procura pelo alimento está ainda bastante tímida. Para ele, falta dinheiro no bolso do consumidor. “Como o Estado ainda não pagou aos funcionários, as pessoas estão com dificuldade em manter a tradição. Com dinheiro em mãos, logo vão correr atrás do milho”, apostou, com otimismo ao oferecer o milho vindo de Anadia às pessoas que passavam pela Praça da Faculdade.

Como os preços entre os comerciantes são equivalentes e a oferta está maior do que a procurar, o também experiente vendedor de milho, Ivânio Bomfim faz questão de se apresentar como “Barba de Milho”. Há quarenta anos, ele vende o milho proveniente Limoeiro de Anadia e de Pernambuco na Afrânio Jorge.

Produto tem memória afetiva e gostinho de infância, lembra a guia de turismo Eliane Soriano (Foto: Edilson Omena)

De olho no mercado, vendedor oferece diferencial

De olho em um mercado diferenciado, Barba de Milho levou mais pessoas para ajudá-lo nos negócios e oferece também à clientela milho cozido e assado na hora. E se for vontade do freguês, o milho pode ser também vendido fora da palha e já limpo, sem os “cabelos”.

A auxiliar de serviços gerais Adriana dos Santos estava de passagem pela praça e ao sentir o aroma agradável do milho sendo cozinhado no carvão aproveitou para garantir um lanche junino ali mesmo.

“Eu ia levar para casa para preparar, mas a vontade aumentou com o cheirinho vindo da panela. Agora, estou comprando tanto cru para preparar em casa quanto já estou me deliciando com o milho cozido na hora”.

A guia de turismo Eliane Soriano também aproveitou a oportunidade para levar umas espigas de milho já sem as palhas e limpas, todas prontas para servirem de matéria-prima dos pratos típicos da época.

“Com essa quantidade de milho, garanto vários pratos para degustar e ainda vou dividir para minhas amigas. Essa época junina é muito boa. São comidas deliciosas e com memória afetiva e gostinho de infância”, contou.

Nilzete Calaça: “se a opção for fazer variadas receitas, é aconselhável evitar ingredientes mais calóricos” (Foto: Acervo Pessoal)

Melhor consumir mais natural, assado ou cozido

E como manter o foco na dieta ou pelo menos tentar não engordar com tantas delícias juninas? Bolo de milho, milho assado, milho cozido, canjica, pamonha, munguzá, cuscuz são inúmeros os pratos típicos feitos à base de milho.

Isso sem falar nos pratos regionais servidos comumente nas festas juninas e que não tem o milho como matéria-prima a exemplo do pé-de-moleque, paçoca, arroz doce e cachorro quente, lembrando ainda do bolo de macaxeira.

À mesa dos nordestinos, no entanto, o rei dos pratos juninos é mesmo o milho. A nutricionista Nilzete Luzia Calaça afirmou que, em geral, a maioria dos preparos é bastante calórica.

“O milho, principal ingrediente da festa junina, é um alimento muito nutritivo, fonte de carboidratos, (energia), proteína, vitaminas do complexo B, vitamina A, (retinol) e minerais como, fósforo, cálcio e ferro. Versátil, pode ser consumido de várias formas, apenas assado ou cozido, como também utilizado em preparações simples e até mais elaboradas, sendo elas, doces ou salgadas, atendendo assim a diversos paladares, mas devemos ter cuidado com alguns fatores, ao misturar esse alimento precioso a outros ingredientes aumentamos as calorias”, detalhou a nutricionista.

A dica da nutricionista, formada pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), é de quem quiser comer milho e mesmo assim garantir que a balança não mostre nenhum quilinho a mais é consumir o alimento em sua forma mais natural possível, ou seja, cozido ou assado.

“Se a opção for fazer as mais variadas receitas, é aconselhável evitar os ingredientes mais calóricos nas preparações. Cortar a manteiga, o creme de leite ou leite condensado são também alternativas. Dar preferência ao leite desnatado ou semidesnatado no preparo das canjicas é uma opção menos calórica”, ensinou.

Segundo Nilzete Calaça, não exagerar no consumo, ingerir pequenas quantidades das receitas são alternativas inteligentes para saborear os pratos típicos sem fazer exageros.

“Escolhendo os ingredientes corretos e não exagerando nas porções, é possível honrar a tradição junina, mantendo as pazes com a saúde. Com cautela, nada impede que as pessoas saborearem os pratos típicos. Substituir alguns ingredientes por opções mais saudáveis, com menos gordura e açúcar na composição e ainda gastar as calorias nas atividades físicas e atrações dessa festa tão popular e acessível a todos é a grande receita”, finalizou.