Cidades

MUVB lamenta morte de militante contra mineração

Por Ricardo Rodrigues - colaborador / Tribuna Independente 21/06/2024 08h01
MUVB lamenta morte de militante contra mineração
Mailda de Farias era militante atuante do movimento das vítimas - Foto: Divulgação

O Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (MUVB) divulgou ontem, nas mídias sociais, nota de pesar, comunicando o falecimento precoce da empresária Mailda de Farias Santos, que participava ativamente da luta contra a mineração predatória em Maceió.

“Ontem, o mundo ficou triste e mais pobre e a luta das vítimas da Braskem perdeu uma das suas grandes baluartes, pela partida precoce da Mailda de Farias Santos, chamada carinhosamente por todos de May”, informou a diretoria do MUVB.

“Hoje (20), será sua despedida da convivência frutífera e inspiradora com todos que participam da luta por justiça contra o crime socioambiental cometido por alguns que almejam o lucro acima da vida e da dignidade”, acrescentou.

De acordo com a nota de falecimento, o corpo da empresária seria velado e sepultado no Memorial Parque Maceió, no Benedito Bentes. O velório seria iniciado às 16 horas e o sepultamento às 18 horas de ontem (20/6).

A diretoria do MUVB, por meio do coordenador do Movimento, Cássio Araújo, agradeceu os votos de pesar que recebe em nome da May e disse que apesar da tristeza pela perda precoce de uma estimada amiga, restava o consolo de que ela combateu e bom combate.

Para a bióloga Neirevane Nunes, Alagoas perdeu uma grande guerreira, mas o legado da May fica como um grande exemplo de luta, perseverança e fé. “Hoje a May partiu, juntando-se às estrelas do céu e para ser mais uma luz para iluminar as nossas vidas com seu exemplo de dignidade, de luta e de firmeza”, escreveu Neirevane.

Segundo ela, a May estava com vários problemas de saúde. “Mas o grande problema mesmo foi a Braskem. Que tirou a empresa dela, a casa dela, e forçou um acordo que não deu para ela reconstruir sua vida, pois foi um acordo muito mal feito, em que o passivo trabalhista, que deveria ter sido assumido pela Braskem, ficou só para ela e ela não teve condições de assumir. Com isso, ela teve de fechar uma nova empresa que ela abriu, mas não teve condições de prosseguir”.

“Tudo isso angustiou muito ela e desta angústia vieram os problemas de saúde, que se agravaram”, acrescentou Neirevane, lembrando que May foi uma guerreira, uma mulher de muita garra e combatividade, pena que tenha sofrido tanto com a tragédia provocada pela Braskem, em Maceió. Nas suas redes sociais, Neirevane lamentou muito a perda da amiga e não pouco críticas à Braskem.

De acordo com diretores do MUVB, até vir à tona o problema do afundamento do solo, May morava no Pinheiro, com o marido Henrique e tinha a ‘Pizzaria Água na Boca’, muito frequentada pelos moradores do bairro. Ela deixou dois filhos: Bia de 15 anos e Pedrinho de 7 anos.

A causa da morte não foi divulgada oficialmente, mas segundo amigos comentaram foi quase um suicídio. “Ela tomou uma dose excessiva de morfina que usava para suportar as dores”, disse.