Cidades

Moradores criticam rejeição de bloqueio de R$ 1 bilhão da Braskem

Pedido visava garantir a inclusão de novos imóveis do Bom Parto, Vila Saem, Rua Marquês de Abrantes e Farol no programa de compensação financeira

Por Tribuna Independente 28/12/2023 08h53 - Atualizado em 28/12/2023 23h10
Moradores criticam rejeição de bloqueio de R$ 1 bilhão da Braskem
Valdemir Alves diz que Justiça se volta a favor da Braskem - Foto: Edilson Omena

A população que permanece nos bairros que sofrem com a insegurança e isolamento socioeconômico gerado pela Braskem considera injusta a rejeição do bloqueio de R$ 1 bilhão nas contas da empresa por parte da Justiça Federal em Alagoas. O pedido visava garantir a inclusão de novos imóveis do Bom Parto, Vila Saem, Rua Marquês de Abrantes e Farol no programa de compensação financeira, em virtude da inclusão nas novas áreas de monitoramento. As novas áreas de monitoramento, no entanto, não incluem os moradores dos Flexais, que cobram realocação.

“Mais uma vez, isso mostra a falta de justiça. E a população está inconformada, não sabe como resolver essa situação, bate o desespero, bate o desânimo. Nesta semana, tivemos uma reunião das lideranças com o MUVB e falamos muito a respeito de diversos assuntos relacionados a tudo isso que tem acontecido e, principalmente, a ausência de justiça. Mas, logo vai ter resposta, nós vamos lutar por isso”, afirmou Carlos Pereira, que é morador da Rua Marquês de Abrantes.

Segundo o coordenador geral da Associação do Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (MUVB), Cássio Araújo, a decisão não levou em conta a situação das vítimas, que precisam de uma solução urgente para seus problemas. “Privilegiou a posição da Braskem que, embora tenha uma posição econômica aparentemente sólida, não pode por isso abusar desta posição para oprimir ainda mais quem precisa de uma solução rápida para sua situação de risco, seja ele decorrente da situação de geológica, seja decorrente do ilhamento socioeconômico”, destacou.

O morador do Flexal Valdemir Alves ficou indignado com a decisão. “É uma decisão muito estranha porque nós fomos lá, pessoalmente, pedir a esse juiz que visse a nossa situação, que viesse fazer uma visita aqui no bairro. Ele veio e viu que o lugar é inabitável, não se dá para viver mais, e decidiu tomar uma decisão indecente, ao contrário daquilo que a gente esperava. E aprofundando mais ainda o crime, deixando as vítimas com mais dor, numa total situação de desespero, porque hoje nós temos a Justiça que, diante das leis da Constituição, se volta a favor da Braskem”, disse.

Para Alves, é um verdadeiro massacre contra as vítimas da mineradora. “Uma empresa que cometeu crimes, onde há provas desses crimes, como a Polícia Federal pegou recentemente alguns documentos falsificados. A Justiça vê isso e ainda busca proteção para Braskem. Será que nós dos Flexais vamos permanecer aqui por causa da Justiça, que está sendo injusta com as vítimas que somos nós? A Braskem atropelou o nosso direito, tirou a nossa dignidade. Não somos dignos de viver mais aqui por conta desse crime tão doloroso. E a Justiça se volta a favor da própria Braskem. Esse juiz veio aqui, ouviu”, afirmou.