Cidades

Bairro do Mutange registra novos tremores

Movimento lembra que MPF já pediu explicações sobre abalos, mas até agora não houve resposta

Por Ricardo Rodrigues - colaborador / Tribuna Independente 24/11/2023 08h01 - Atualizado em 24/11/2023 14h46
Bairro do Mutange registra novos tremores
Áreas onde as minas estão sendo tamponadas teve as atividades paralisadas em virtude dos tremores - Foto: Edilson Omena

Moradores da região de Bebedouro denunciaram ontem, pelas redes sociais, novos tremores de terra na unidade da Braskem no bairro do Mutange, em Maceió. Eles disseram que “as atividades nas áreas 2, 3 e 4, onde os operários da mineradora estavam trabalhando no tamponamento das minas, foram todas paralisadas devido aos tremores recorrentes”.

Segundo o funcionário que fez o relato de novos tremores, a área mais crítica é a área 3, que fica nas proximidades da antiga Clínica de Saúde Mental José Lopes. “Ele disse ainda que as minas de sal-gema estariam se unindo lá embaixo, no subsolo”, informou a bióloga Neirevane Nunes, coordenadora do Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (MUVB).

Questionada quando os últimos abalos teriam ocorrido, a coordenadora do MUVB disse que não tinha essa informação, mas “acredita que eles tenham relação com os últimos tremores sentidos na região, que foram até reconhecidos pela Defesa Civil de Maceió e saiu na imprensa”.

Neirevane lembrou que o Ministério Público Federal de Alagoas (MPF/AL) pediu explicações à Braskem sobre os abalos sísmicos registrados pela Defesa Civil. Mas, até agora, nem os funcionários e nem os moradores foram informados das causas desses abalos.

De acordo com o engenheiro Abel Galindo, professor visitante da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), os tremores ocorrem por causa da acomodação do subsolo, já que as minas foram exploradas, “irresponsavelmente”, umas muito próximas a outras. No entanto, ele não vê muito perigo imediato para a comunidade.

“Pode acontecer novos tremores e levar risco para os operários, mas não há risco para os moradores da redondeza”, afirmou Galindo.

Braskem diz que suspendeu atividade temporariamente

A reportagem da Tribuna procurou ouvir a Braskem sobre esses novos abalos, a empresa confirmou que a área foi isolada, mas minimizou o problema. Veja, a seguir, o posicionamento oficial da petroquímica:

“A Braskem esclarece que suspendeu temporariamente algumas atividades na área próxima ao antigo Hospital Jose Lopes. A medida é importante para evitar possíveis interferências no trabalho de coleta de dados microssísmicos registrados na região.

Microssismos são vibrações de baixíssima magnitude comuns em áreas em que há movimentação de solo e são importantes indicadores para o entendimento da dinâmica do movimento e efetividade das ações de estabilização que estão sendo executadas na região.

Os dados do sistema de monitoramento estão disponíveis em tempo real para a Defesa Civil de Maceió e são rotineiramente coletados e avaliados, com o apoio de especialistas no assunto.

A Tribuna Independente também procurou a Defesa Civil para uma explicação sobre os novos tremores, mas não obteve resposta.