Cidades
Moradores de bairros afetados por afundamento temem tragédia na região
Preocupação ocorre após Defesa Civil de Maceió registra dois eventos sismológicos na área evacuada
Moradores dos bairros afetados pela atividade de mineração da Braskem estão com medo de que aconteça uma nova tragédia, após a Defesa Civil de Maceió registrar dois eventos sismológicos na área evacuada do bairro do Mutange, na segunda-feira (6). Segundo os moradores, os tremores começaram na semana passada.
“Na realidade, nós ficamos sabendo através da imprensa. O pessoal de uma emissora ligou para mim, perguntando se eu estava sabendo e eu disse que não. Procurei saber nos grupos e um morador disse que, desde quarta-feira, os funcionários tinham sido evacuados da área onde aconteceu os tremores e não estavam trabalhando. A Defesa Civil é omissa, ameniza a situação, sabendo que o risco é grave. Como é que fica a comunidade da Marquês de Abrantes e dos Flexais? As pessoas que ainda moram ao redor dessa situação?”, indagou o morador Valdemir Alves.
Um outro morador, que não quis se identificar, disse que os funcionários da Braskem estavam perfurando com uma sonda e danificaram uma mina. “Os trabalhadores receberam alerta para ir ao ponto de encontro. Então, isso mostra que a coisa está tão grave, que eles não sabem nem o que fazer. Todos aguardando do lado de fora e também foi relatado que a Defesa Civil entrou lá para verificar a situação. Para ter uma ideia da gravidade, uma das sondas perfura mais de mil, dois mil metros para chegar onde pretendem executar o trabalho e essa sonda só chegou a 600 metros e já pararam e começaram a concretar o que estavam perfurando porque danificou a mina”, contou.
O líder comunitário dos Flexais, Antônio Domingos, ressalta o medo dos moradores. “O mais grave é que a gente aqui dos Flexais não tem nenhuma rota de fuga, a gente não tem ponto de encontro. Se acontecer um desastre, para onde vamos correr? Não tem nenhuma indicação, a população não tem nenhuma preparação. Esses abalos estão deixando a população com medo, preocupada e sem dormir direito porque, do mesmo jeito que aconteceu durante o dia, pode acontecer à noite”, afirmou.
Os moradores estiveram ontem (7) na Justiça Federal de Alagoas (JFAL) e conversaram com o diretor da 3ª Vara, Gunnar Dorneles Trennepohl, para pedir uma visita técnica e cobrar a realocação.
“Fomos conversar sobre a realocação e aproveitamos para levar a informação do risco que estamos passando, com esses tremores recentes. Esperamos que a Justiça tenha um olhar para as vítimas. Nós estamos sofrendo risco. Lembro que, em uma das audiências na Assembleia Legislativa, o coordenador da Defesa Civil disse que nós seríamos avisados, caso houvesse algum tipo de tremor horas antes porque os sismógrafos e os aparelhos instalados de última geração, teriam essa condição de nos alertar. No mesmo dia que ele falou isso, aconteceu um tremor e ele foi avisado pela imprensa. E mais uma vez vocês tomam a dianteira das coisas e avisam à Defesa Civil, que só soltou nota oficial dos tremores após vocês terem noticiado”, disse o integrante do Movimento Único Vítimas da Braskem (MUVB) e morador do Flexal, Maurício Sarmento.
Segundo a Defesa Civil, o primeiro evento sismológico foi às 11h58, com magnitude local de 1.15, e o segundo foi às 13h44, com magnitude local de 1.38. O órgão afirma que são magnitudes consideradas baixas, que não têm potencial de causar danos à superfície ou serem sentidas pela população, só sendo identificadas pelos equipamentos de monitoramento.
Ainda de acordo com a Defesa Civil, devido a movimentação de solo, a região está suscetível a eventos sísmicos dessa natureza. O órgão reforçou ainda que atua no monitoramento 24h por dia, e acionou seus protocolos e as operações próximas às áreas foram paralisadas preventivamente. Determinaram ainda que a Braskem repasse dados a respeito de sondagens nos locais atingidos, já que os eventos podem estar associados ao preenchimento das minas de sal-gema.
Por meio de nota, a Braskem informou que a região possui uma rede de monitoramento robusta, capaz de detectar movimentos de baixa intensidade em profundidade e superfície, e que os eventos ocorridos não alteraram a rotina da região.
A Braskem disse ainda que as operações que foram paralisadas são as atividades para fechamento dos poços de extração de sal, desativados desde 2019.
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